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A Era da Informação e da Desinformação Excessiva

FOTO: Freepik

Na era da internet, estamos cercados de informações por todos os lados. Desde as redes sociais até sites de saúde, parece que todo mundo tem algo a dizer sobre o que devemos ou não fazer para cuidar da nossa saúde. O problema é que, em meio a tanto conteúdo, uma grande parte é desnecessária e, pior: muitas vezes é completamente falsa. Essa enxurrada de informações pode não apenas confundir, mas também colocar em risco a nossa saúde.

A falsa sensação de que “tudo está ao alcance de um clique” tem levado muitas pessoas a acreditarem que podem ser seus próprios médicos. Basta sentir uma dor de cabeça, e lá vamos nós ao Google ou TikTok pesquisar os sintomas. Em minutos, já encontramos dezenas de possíveis diagnósticos — desde o inofensivo estresse até uma doença rara que só ocorre uma vez a cada 100 anos. Essa autossuficiência virtual tem feito muitos esquecerem que, na verdade, o diagnóstico e o tratamento adequados são responsabilidades exclusivas do médico, enquanto nossa responsabilidade como pacientes é seguir as orientações médicas e adotar hábitos saudáveis.

E há outro agravante: médicos e profissionais sem especialidade que surgem nas redes sociais vendendo “milagres” e “curas” para problemas complexos. Esses autodenominados “especialistas” oferecem soluções simples e rápidas para doenças que, na realidade, exigem acompanhamento e intervenção médica criteriosa. Essas promessas de cura milagrosa são sedutoras, mas perigosas. Ao negligenciar tratamentos convencionais em busca de uma solução mais fácil ou alternativa, o paciente pode estar expondo sua saúde a riscos graves.

Para esses falsos especialistas, além de formação, falta caráter. Mesmo assim, muitas vezes encontram grande audiência nas redes sociais, sugerindo tratamentos sem base científica e tornando-se parte ativa da desinformação. No curto prazo, isso pode fazer com que pacientes abandonem terapias comprovadas, confiando em “suplementos vitamínicos” sem efeito ou em mudanças de dieta ineficazes. No longo prazo, a falta de tratamento adequado pode agravar a condição de saúde e, em casos extremos, até levar a situações irreversíveis.

Médicos de verdade são treinados para examinar cada caso de maneira criteriosa, levando em consideração fatores como histórico familiar, estilo de vida e características específicas de cada paciente. Nenhum artigo ou vídeo pode substituir anos de estudo e experiência. A função do médico vai além de receitar medicamentos: ele é o guia nesse caminho muitas vezes complexo, ajudando a encontrar as melhores soluções para cada situação.

Quando não respeitamos essa divisão de responsabilidades e caímos na armadilha da desinformação, ficamos desprotegidos. E quem acaba pagando o preço? O paciente. Muitos têm abandonado tratamentos comprovados por alternativas baseadas em promessas infundadas, comprometendo sua saúde e, em alguns casos, até a vida.

Estamos na era da informação, mas também na era da desinformação. E quando se trata da nossa saúde, a linha entre uma escolha informada e um erro pode ser muito tênue. Portanto, ao navegar por essa imensidão de dados, vale lembrar: o médico é o profissional capacitado para diagnosticar e tratar, e o paciente, o responsável por seguir o caminho certo. E quando essa parceria falha, é o paciente que, sem dúvida, sai mais prejudicado.

Que tal, em meio a esse turbilhão de dados, confiarmos nossa saúde a médicos de verdade e desconfiarmos de soluções milagrosas e promessas fáceis? Afinal, a saúde se constrói com conhecimento e cuidado, e a Medicina é um compromisso sério, uma vocação — muito mais do que uma tendência passageira.

(*) Dr. Lucas Bichara | Cardiologista pela USP | CRM 180164 – RQE 56184

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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