O mês de fevereiro marca o retorno das atividades escolares em praticamente todo o país. O início do ano escolar faz com que a rotina das famílias e das cidades se modifique. Assim, todas as manhãs poderemos contemplar milhares de crianças e adolescentes caminhando pelas ruas rumo à escola, bem como os engarrafamentos provocados pelo tráfego de carros nas portas e ruas próximas das escolas.
Começamos, portanto, mais um ano de práticas educacionais. Mas, sinceramente, a sensação que continuo tendo é que a educação ainda não é a prioridade em nosso país. Ainda não acreditamos que é através de uma educação de qualidade que poderemos reverter nossas mazelas sociais. Podemos até ter escolas, mas ainda estamos longe, muito longe, de ter educação, no sentido mais profundo do vocábulo.
Um dia desses, em uma entrevista, um governador de Estado disse, numa conotação pejorativa, que o professor é um gasto. Mas o que não seria no sentido pleno da expressão? Nossas notas nos indicadores internacionais há décadas não avançam. Nas escolas, hoje em dia, faz-se quase tudo, menos ciência. Não que as demais situações vividas nos ambientes escolares não sejam importantes, mas seu principal objetivo, que deveria ser o avanço das descobertas científicas, pois elas promovem o desenvolvimento social e econômico do país, não são valorizadas e nem tampouco incentivadas.
É de conhecimento público e notório, que lemos pouco ou quase nada; que somos considerados fracos nas disciplinas pilares: português e matemática; que temos um sistema educacional que não consegue avançar. Não temos uma diretriz, um norte real, toda hora as coisas mudam de ordem, se alteram sem se modificar de fato; mudam-se os nomes para se referirem às mesmas coisas, como se isso fosse a grande inovação. E com ares de tragédia grega, até hoje não teve uma edição do Enem que não teve problemas. Este é o nosso Brasil!
E assim, a educação finge que é feita em nosso país. E assim, as pessoas fingem que estão estudando. E assim, os governos propagam seus feitos com ares de grandiosidade. E o que de fato interessa fica renegado ao último plano: educação de qualidade. Queremos escolas, diplomas, formaturas, índices, mas ainda dizemos não ao ato de aprender. E quem quer o contrário, que não são muitos, vê-se remando contra a maré.
Parece chover no molhado, defender sempre a mesma bandeira, mas enquanto no Brasil, através dos seus gestores, não se promover uma educação que provoque alterações significativas nas entranhas sociais, ela continuará como sempre foi: servindo aos interesses de poucos. Uma “educação” que perpetua o desnível social, cultural e econômico, mesmo propagando o contrário. Precisamos urgentemente avançar. Educação já!
(*) professor e escritor.
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