Amados irmãos e irmãs, mais uma vez ocupo este espaço no intuito de dar mais clareza aos mistérios da nossa fé.
Nesta caminhada em tempos de Quaresma, somos desafiados a refletir sobre a nossa maneira de pensar e de agir em nossos relacionamentos enquanto irmãos em Cristo.
Com respeito à proposta da Igreja neste tempo da Quaresma, o que é que nós podemos dizer sobre os pilares da reflexão a nós propostos, que são: a oração, o jejum e a esmola?
É fácil ler nas cartilhas, mas o grande desafio é colocar em prática a nossa verdade, ou seja, como é que temos vivenciado esta experiência de preparação para a celebração pascal.
Muito além das expectativas que se criam a respeito de nosso ‘modus vivendi‘, é a importância que devemos dar à verdade do modo como vivemos.
Em relação à caridade, por exemplo, já sabemos que o que a mão direita dá, a mão esquerda não precisa saber. Será que, além de exercitar a caridade, estamos fazendo sem almejar nada em troca? Ou estamos fazendo sem querer que seja notado o nosso gesto? Digo isto, porque, muitas vezes, percebemos gestos de caridade, mas estes são notados porque estão sob a luz de holofotes. Lastimável! Lastimável porque a caridade é um gesto, ou melhor, um dom, que deveria independer da nossa notabilidade.
E a oração, aquela revelação da intimidade, que liga o nosso amor ao amor do Criador? Tem realmente extraído de nós a essência do amor do Cristo, que habita em cada um de nós? Especialmente neste tempo da Quaresma, estamos sendo verdadeiros imitadores de Cristo na vida de nossos irmãos, semeando a semente da Boa Nova para salvação do mundo?
Pois bem, o grande reality da vida não exige show. Exige verdade, cumplicidade e amor ao próximo e a nós mesmos.
As maiores penitências deste reality sem show – o reality da Quaresma -, estão diretamente ligadas ao silêncio nas horas certas, às palavras nas horas adequadas e, sobretudo, ao respeito às diferenças, com acolhimento e misericórdia. Assim se comportou Jesus em sua caminhada peregrina aqui na terra. Da mesma forma, acredito ser o seu desejo que assim nos comportemos, amando-nos, acolhendo-nos e desejando o bem comum.
Esmola, oração e jejum tornam cada vez mais consistente o reality da nossa vida. Um reality sem holofotes, um reality sem show, um reality cujo brilho deveria iluminar através de nossas atitudes e da verdade que brota em cada coração.
Que possamos celebrar a Páscoa numa realidade mais humana, porém com sentimentos mais divinos.
Um grande e fraterno abraço. Paz e bem a todos.
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