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Último Natal com a vovó

IMAGEM ILUSTRATIVA FREEPIK

Com certeza, o Natal é uma das datas mais importantes da história da humanidade. Ele marca o nascimento do nosso Salvador, Jesus de Nazaré. Comemorado no dia 25 de dezembro todos os anos, embora alguns estudiosos acreditem que Jesus tenha nascido em março, e não em dezembro. Penso que a data não importa, mas o fato de que Ele veio ao mundo para nos trazer a salvação, como Filho unigênito de Deus.

O Natal começou a ser comemorado no dia 25 de dezembro, provavelmente no Império do imperador Constantino, no século IV. Na realidade, a data tem origens pagãs, pois coincide com o solstício de inverno no hemisfério norte, um período de muitas outras celebrações pagãs em diversas culturas, como, por exemplo, o festival romano de Saturno (Saturnália). Durante o passar dos séculos, o Natal acabou por incorporar elementos e tradições de culturas diferentes, como a árvore de Natal (da Alemanha), os presentes (da tradição dos magos) e a decoração (da tradição romana).

O Natal não é apenas uma data de celebração do nascimento de Jesus, mas, na minha ótica, um momento de reunião de toda a família cristã, de gratidão por tudo o que Deus tem feito por nós durante nossa vida na Terra e pelo amor que nos foi ensinado pelo Filho de nosso Criador. É o dia de trocar presentes que vão muito além dos físicos, adentrando a esfera dos espirituais, de nossa essência como seres humanos e criação divina.

Em minha família de origem, e mesmo na que constituímos, o Natal tem um significado enorme e especial, comemorado com filhos, avós, netos, tios e sobrinhos.

Meu pai amava a data do Natal. Adorava comemorar em família e, em especial, com a mãe, minha querida avó paterna! Ela partiu muito cedo, com 65 anos, mas Deus permitiu que eu a conhecesse bem, pois, após sua separação de meu avô, foi morar conosco.

Quase todos os Natais, com a animação da vovó Sara, enquanto a minha bisavó, dona Maria Cândida, era viva e morava na velha, mas aconchegante casa em Itapecerica, no Oeste de Minas, íamos todos para lá (algumas vezes comemorávamos a data com a minha avó materna). Era tradição a montagem de um presépio, em uma caixa média de madeira, para decorar a casa, e o costume de ir até a igreja centenária de São Francisco para a missa natalina.

Como era bom o Natal com a vovó Sara, a nossa bisavó, as tias-avós, primos e primas! Naquela época, ainda gostavam de cozinhar no fogão a lenha, assar biscoitos lá fora, no “terreiro”, em um forno de barro, também a lenha! Ah, e os doces! Goiabadas, doce de leite cortado em cubos, de cidra, de mamão… enfim, todo tipo de guloseimas que gostávamos.

Durante o dia, na véspera de Natal, enquanto brincávamos próximos à carpintaria de nossos tios-avós, no terreno das duas casas da família onde moravam, com um enorme bosque cheio de árvores frutíferas, meu pai saía pelas ruas da cidade com meu tio-avô para conversar e encontrar os parentes do “clã” (temos muitos). As mulheres preparavam as leitoas e os frangos para assar, bem como outros pratos que seriam servidos mais à noite. Era muita fartura! E minha bisavó Maria Cândida, com seus mais de 90 anos, lúcida e feliz de ver a casa cheia!

Era um dia de muita alegria na família, e meu pai, o caçula da vovó Sara, com seu jeito sistemático de ser, não conseguia disfarçar a satisfação, ainda mais quando se encontrava com os primos e primas que moravam fora e vinham também com suas famílias para a reunião. Eu ali, ainda menino, ficava a observar tudo! E como era bom passar o Natal em Itapecerica! O tempo parecia estar parado, e as pessoas tinham prazer em conversar nas varandas das casas e fazer visitas. A vida era mais simples, sem a tecnologia e a frenética correria dos dias de hoje, mas existia o prazer de viver, de rir, e era bem melhor!

Foi um dos últimos e mais felizes Natais que passei com minha família de origem, num mundo em que a gente se olhava nos olhos quando conversava, respeitava os idosos e os ouvia atentamente, contando as histórias de nossos antepassados na cidade.

Depois da “passagem” de minha querida vovó Sara (sinto muita saudade até hoje), o Natal lá em casa nunca mais foi o mesmo, pois meu pai parou de comemorar com a ceia e a alegria de sempre. Ele deixava os nossos presentes próximos às nossas camas (dizia que quem tinha deixado era o Papai Noel, rsrsrs) e ia para o seu quarto. No outro dia, íamos visitar as nossas tias, momento em que trocavam presentes.

Triste dizer, mas depois que a vovó partiu, as datas natalinas, nos anos que se seguiram, não foram alegres como antes. Nunca cobramos nada de nosso pai quanto às festividades. Preferimos respeitar a sua dor. E assim se seguiram os anos, até que ele partiu e foi se encontrar com a sua mãe tão querida, a nossa saudosa vovó Sara.

“Mas o anjo lhes disse: ‘Não tenham medo. Estou trazendo boas-novas de grande alegria para vocês, que são para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor’.”

Lucas 2:10–11


(*) Advogado militante – Coronel da Reserva da Polícia Militar. Curso de gestão estratégia de segurança pública pela Academia de Polícia Militar e Fundação João Pinheiro

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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