Quando criança, morava em um apartamento médio, em uma avenida que fazia margem com uma linha férrea — isto até os meus cinco anos e meio. Nosso edifício era muito próximo a uma das estações ferroviárias da cidade. A cidade era a minha querida terra natal, Juiz de Fora, e a estação tinha o mesmo nome do bairro: Mariano Procópio.
Cresci ali, ouvindo e assistindo, da janela da sala ou mesmo da calçada, trens imponentes de carga e de passageiros passarem (gostava de contar o número de vagões). Na chegada à estação, um pouquinho antes, o maquinista fazia soar um estridente apito: piuí… piuí… piuí…
Alguns passageiros desciam ali, e outros preferiam desembarcar na estação do centro. Não muito longe de nós moravam minhas duas tias, também próximas à linha férrea. Éramos tão acostumados com o barulho do trem na linha e com seu característico apito que não nos incomodávamos com o som durante o sono noturno.
Ali, naquele lar, vivia nossa família: meus pais, meu irmão e minha irmã (esta, mais nova, ficou pouco no apartamento, pois nos mudamos para a nova casa, construída por nosso pai).
Ah! Ia me esquecendo! Minha avó paterna morava no prédio ao lado.
Depois de muitos anos, lembrei-me dos apitos e dos trens quando fiz uma viagem muito agradável no Trem da Vale, que liga Belo Horizonte, capital das Minas Gerais, a Vitória, capital do Espírito Santo. Desta vez, já adulto e com a família constituída, fiz o trecho de Governador Valadares até Belo Horizonte.
Na época, já morávamos nesta bela cidade — a Princesa do Vale do Rio Doce — onde trabalho, me casei com minha amada e criei meus queridos filhos.
Durante a viagem, muito tranquila, pensei nos apitos e nas estações, nas pessoas subindo e descendo.
Parece muito com a nossa vida aqui na Terra: é também uma viagem. Uns embarcam na estação de origem, outros vão descendo, outros continuam até a estação final, na outra “ponta”.
Alguns descem rápido — viagem curta — e outros seguem mais tempo na “linha”.
Pais e filhos embarcam na mesma estação e, juntos, seguem viagem.
Mas chega a hora em que os pais têm de desembarcar e deixar seus filhos — e os filhos dos seus filhos — seguirem.
Todos seguem para a mesma direção, e há os que, infelizmente, desembarcam antes, não por vontade própria, mas do Maquinista que dirige e manda no trem.
E a viagem continua…
E o apito?
Ele avisa da chegada às estações ou de alguma obstrução na linha férrea.
E em nossa vida? Quantos apitos ouvimos, além daqueles de chegada?
Quantos nos avisam dos obstáculos?
O Maquinista sempre nos avisa sobre eles!
Muitas vezes, a gente ignora esses apitos…
Esses apitos me levaram a refletir, pois temos “apitos” durante a nossa trajetória de viagem — sinais muito usados pelo nosso Criador!
Ele nos ama e nos protege dos obstáculos, tal qual o maquinista em seu trem.
A grande vantagem é que o nosso Maquinista Divino, nosso Chefe do Trem, conhece todos os passageiros, todas as estações, embarques e desembarques!
E sempre nos afasta dos obstáculos, levando-nos para a Estação Final, que, na realidade, é o início de outra viagem!
Somos todos companheiros de viagem!
Estamos no mesmo trem!
E temos o mesmo Maquinista!
E qual é o apito mais alto a ouvirmos, para que façamos uma viagem tranquila, senão a fé em nosso Maquinista Divino — nosso Deus?
“Que este Deus é o nosso Deus para todo o sempre;
Ele será o nosso guia até o fim.”
(Salmos 48:14)
(*) Advogado militante | Coronel da Reserva da Polícia Militar. Curso de gestão estratégia de segurança pública pela Academia de Polícia Militar e Fundação João Pinheiro
As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.







