O Brasil já se consolidou como uma potência na pecuária bovina. Atualmente, possui o segundo maior rebanho de bovinos do mundo e é o maior exportador global de carne bovina.
A eficiência produtiva é reconhecida, mas há um ponto que pode definir os rumos da competitividade brasileira nos próximos anos: a rastreabilidade individual de bovinos.
Para garantir presença cada vez mais sólida no mercado internacional, é fundamental avançar em programas de rastreabilidade, que assegurem respostas ágeis em situações sanitárias, aumentem a transparência na cadeia produtiva e atendam às exigências regulatórias globais.
Em 2024, o Ministério da Agricultura instituiu um grupo de trabalho para tratar do tema e, no fim do mesmo ano, lançou o Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (PNIB), com vigência de 2025 a 2032. O objetivo é estabelecer um sistema capaz de comprovar a origem de cada animal, viabilizar o rastreamento em emergências sanitárias e permitir que a carne brasileira se adeque a protocolos cada vez mais rígidos.
Um exemplo é o EUDR, que entrará em vigor no final de 2025. Essa norma exigirá comprovação detalhada da origem de produtos ligados ao uso da terra — entre eles, a carne bovina. Sem um sistema robusto, o Brasil corre o risco de perder espaço em mercados estratégicos de maior valor agregado. Vale destacar que a União Europeia já exige esse tipo de controle, enquanto a China ainda não, mas a tendência é que passe a demandar em breve.
Entre as vantagens da rastreabilidade, dois pontos merecem destaque:
Sanitário: em 2025, o Brasil obteve o status de país livre de febre aftosa sem vacinação, concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Com a identificação individual, será possível conduzir investigações e isolar animais com muito mais rapidez e eficácia.
Estratégico: a rastreabilidade cria a base para adicionar camadas de informação sobre o produto e o processo produtivo, permitindo que produtores e indústria atendam a diferentes protocolos de mercado, como o próprio EUDR, além de reforçar a confiança dos consumidores.
No entanto, a implementação traz desafios. O rebanho brasileiro, com mais de 238 milhões de cabeças, está distribuído entre grandes, médios e pequenos produtores. Será necessário criar mecanismos que viabilizem a participação de todos os perfis, com políticas públicas e instrumentos privados que ofereçam suporte técnico, disponibilizem ferramentas como brincos de identificação e garantam custos acessíveis, sobretudo para os pequenos e médios.
(*) Publicitária e pioneira na região em estratégias de comunicação e marketing para o agronegócio, é diretora da Agência Maria Tereza Agrocomunicação e influenciadora do agro.
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