Está no maior livro do universo que na vida terrestre ou mundana, dois caminhos existem. E sintetizados pelas portas estreita e larga, bem definidas pelo evangelista Mateus. Questão de consciência, liberdade e escolha em que nossa vida passa a ser moldada. Para tanto, há um preço a ser pago. A escolha é nossa.
São passadas algumas décadas em que Charles Miller, um paulistano com estudos na Inglaterra, ao retornar a sua pátria, trouxe-nos a novidade e inovação de um esporte chamado futebol. Esporte que contaminou nosso povo, popularizou-se e por muito tempo recepcionou a máxima de que “o importante é competir”.
O tempo passou, o mundo mudou, piorou em demasia e o futebol, também no Brasil, deixou de ser um esporte saudável, sadio, limpo e charmoso, dando lugar a um empreendimento comercial despudorado, maquiavélico e de interesses escusos, muitos não republicanos, deixando de lado seu antigo encanto.
Ao início de cada temporada futebolística nos grandes países em termos de futebol, quando se avalia as possibilidades de título em um campeonato alemão, todos têm uma única resposta: deve vencer um tal de Bayern. Saindo para a Espanha a resposta fica na dupla de sempre. E na França, apenas um nome.
E assim ocorre na Rússia, na Holanda, na Itália, em Portugal, na Turquia, na Grécia e inúmeros outros países. Ocorre uma única exceção na maior liga de futebol mundial que é a inglesa, na qual há métodos e normatizações rígidas que buscam minimamente permitir o equilíbrio de forças, buscando-a na pior das hipóteses.
No Brasil, o eterno país do futuro, de maneira fria e impensada ou no mínimo sem uma preliminar reflexão, alguns pouquíssimos clubes se tornaram potências ou assim se consideram e ao início de cada brasileirão, em qualquer pesquisa ou indagação, Flamengo e Palmeiras são dados como vencedores, admitindo-se, não em caráter de assiduidade, a citação de nomes de outros clubes como nos casos do Fogão e Cabuloso no corrente ano.
O charme e encanto do passado respondiam pelas rivalidades dos estaduais envolvendo clubes tradicionalíssimos, conhecidos em todos os rincões do país. Bons tempos em que se excursionava pelo interior, movimentando cidades em todos os sentidos. Não mais ocorre.
Bons tempos em que Internacional e Grêmio do Rio Grande do Sul, Atlético e Cruzeiro das Minas Gerais, Corinthians e São Paulo de São Paulo e Vasco da Gama e Fluminense do Rio de Janeiro se apresentavam como postulantes ao título do brasileirão.
E como é bom relembrar os títulos brasileiros do Bahia, do Coritiba e do Guarani de Campinas, todos eles fruto de campanhas memoráveis e sob batutas de saudosos treinadores como os foram Evaristo de Macêdo, Ênio Andrade e o mineiríssimo Carlos Alberto Silva.
O empreendimento, o investimento e o ‘cascalho’ tudo mudaram. Trajetórias futebolísticas em um mesmo clube, ainda que do coração, nem pensar. Histórias de um ZICO, de um Doutor Sócrates, de um Júnior, de um Vladimir, de um Castilho, de um Pinheiro, de um Altair, de um Reinaldo, de um Cerezo, de um Roberto Dinamite, de um Ademir da Guia, de um Nilton Santos, de um Piazza, de um Jair Bala e de tantos outros, sem chances nos dias atuais.
Será que dona CBF com roupagem nova (será? terá a coragem e ousadia de mergulhar fundo no imbróglio que se faz presente no futebol brasileiro? Ou é apenas e tão somente o equivalente a um sepulcro caiado? Apenas hipocrisia?
A prevalecer a situação atual e o rumo que está sendo tomado, exceto os clubes poderosos e seus torcedores e adeptos, o futebol em nosso país tende a se tornar “samba de uma nota só”, para pouquíssimos convidados em um auditório vazio.
Tia Leila – a da Crefisa -, terá capacidade, interesse e disposição para deflagar algum tipo de processo que busque um cenário diferente para o nosso futebol ou já se contaminou pelo vírus impregnado na cabeça de nossos dirigentes? A conferir, né Bolivar?
(*) Ex-atleta
N.B. 1 – Bem recepcionadas pelos críticos as inovações trazidas por Carlo Ancelotti à frente da seleção brasileira em sua última convocação. Se fosse um treinador brasileiro, certamente choveriam críticas. Independência é outra coisa.
N.B. 2 – Sem muito alarde, o goleiro FÁBIO entra para a história do futebol mundial. Como parece ser pessoa de boa índole e de princípios religiosos, seu índice acaba incomodando os puros e infalíveis. Mas sua longevidade como atleta de futebol profissional merece aplausos.





