Ele é vermelho, delicado, tem um brilho que chama atenção e um sabor que remete à infância. O morango sempre teve seu espaço no coração dos brasileiros, mas, nos últimos tempos, ganhou também os holofotes das redes sociais. Basta um vídeo no Instagram ou TikTok mostrando a casquinha estalando de caramelo no famoso “morango do amor” que o desejo surge imediatamente. Mas, por trás desse sucesso visual e gastronômico, existe uma cadeia produtiva cheia de detalhes que pouca gente conhece — e que começa bem longe do feed: no campo.
O que quase ninguém vê sobre o morango
Apesar de ser conhecido como fruta, o morango, na verdade, não é classificado como tal pela botânica. A parte vermelha e suculenta é um pseudofruto; os verdadeiros frutos são aqueles pontinhos amarelos espalhados pela superfície, chamados de aquênios. Curioso, né?
E tem mais: o formato do morango está diretamente ligado ao trabalho das abelhas. Quanto melhor a polinização, mais bonitos, graúdos e simétricos eles ficam. Por isso, muitos produtores contratam colmeias para garantir um bom serviço — sim, abelha também trabalha com precisão agrícola!
O agro por trás da estética
Se você já viu um morango com aquele brilho perfeito nas redes sociais, saiba que o clima tem um papel fundamental. Dias ensolarados e noites frias são o combo ideal para que a planta concentre mais açúcar, e é por isso que regiões mais altas e frescas produzem morangos mais doces.
Mas nem tudo é simples. O cultivo exige muito cuidado: é 100% manual, pois o morango é extremamente sensível ao toque. Um leve machucado já compromete a qualidade do produto. Isso exige habilidade, paciência e muito zelo por parte dos trabalhadores — o que também justifica o custo mais alto da fruta.
No Brasil, a maior parte da produção vem da agricultura familiar. São, em sua maioria, pequenas propriedades com menos de 10 hectares, sendo comum que o cultivo aconteça em áreas de apenas 0,5 a 1 hectare — o que, mesmo assim, garante boa rentabilidade para o produtor. Os estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal estão entre os principais polos da produção nacional.
Tecnologia e inovação do plantio à prateleira
O morango também tem surfado na onda da inovação no agro. A hidroponia, por exemplo, tem crescido muito. Trata-se do cultivo em bancadas elevadas, com raízes na água e não na terra. Essa técnica permite maior controle contra pragas e doenças, facilita o trabalho dos produtores e ainda economiza água e espaço.
Com o uso de estufas e mudas adaptadas, hoje já é possível produzir morangos o ano todo, não apenas nos meses de inverno, como era mais comum antes. E, para quem não sabe, o Brasil já conta com cerca de 6,5 mil hectares dedicados à cultura do morango, segundo os dados mais recentes do Cepea/USP — e essa área continua crescendo.
O lado delicado (e urgente) do pós-colheita
O morango é um dos produtos mais sensíveis depois da colheita. Ele respira muito, ou seja, continua seu metabolismo mesmo fora da planta, o que acelera a deterioração. Por isso, precisa ser resfriado o mais rápido possível, para que chegue fresco e bonito até a sua sobremesa — ou ao carrossel do seu Instagram.
Outro desafio? A incidência de pragas e doenças. O famoso mofo cinzento (causado por Botrytis) é um pesadelo para os produtores, especialmente em regiões úmidas. Por isso, o cuidado sanitário é indispensável para garantir uma fruta saudável e segura para o consumo.
Um produto que une o agro ao digital
O morango é o exemplo perfeito de como o campo e a cidade, o agro e o digital, podem caminhar lado a lado. O que começa com cuidado e técnica no campo termina como estrela nas vitrines e nas telas dos celulares. E, quando a comunicação é bem feita — com estética, verdade e conexão emocional —, o agro se aproxima das pessoas, ganha valor e reconhecimento.
Não é só sobre uma moda passageira. É sobre mostrar o potencial de uma cultura que une tradição, tecnologia, sustentabilidade e, claro, muito sabor.
E aí, depois dessa, deu vontade de comer um morango do amor?
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