[the_ad id="288653"]

Câncer de pâncreas: quando a dificuldade no diagnóstico faz toda a diferença

FOTO: Divulgação

Essa semana o tema “câncer de pâncreas” voltou às manchetes depois que o apresentador Edu Guedes revelou publicamente seu diagnóstico. É sempre triste ver figuras públicas passarem por esse desafio – mas falar abertamente sobre o assunto ajuda a iluminar uma doença que, muitas vezes, permanece invisível até estágios avançados.

O câncer de pâncreas é um dos tumores mais agressivos e de pior prognóstico entre os cânceres sólidos. Segundo estimativas do INCA, ele figura entre as principais causas de morte por câncer no Brasil, mesmo não estando entre os mais incidentes. Em 2023, por exemplo, estimavam-se cerca de 11 mil novos casos no país. O problema maior está na letalidade: mais de 90% dos pacientes diagnosticados em estágio avançado não sobrevivem além de 5 anos.

Por que o diagnóstico é tão difícil?

O pâncreas é um órgão “escondido” no abdômen, atrás do estômago. Tumores nesse local costumam crescer silenciosamente por muito tempo. Os sintomas iniciais são vagos e inespecíficos: cansaço, perda de apetite, emagrecimento sem causa aparente, dor abdominal discreta ou nas costas. Quando icterícia (a pele amarelada) aparece, muitas vezes o tumor já está obstruindo a via biliar – sinal de que cresceu bastante.

Além disso, não existe um exame de rastreamento eficaz para pessoas sem sintomas. Diferente do que ocorre com o câncer de mama ou colo do útero, não temos hoje exames de rotina para detectar precocemente o câncer de pâncreas na população em geral. Por isso, o diagnóstico costuma acontecer em fases avançadas.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é feito com exames de imagem (como tomografia ou ressonância) e, muitas vezes, biópsia. A avaliação detalhada do estágio do tumor define se é possível cirurgia – o único tratamento potencialmente curativo. Infelizmente, apenas 10 a 20% dos casos são operáveis ao diagnóstico. Para os demais, o tratamento envolve quimioterapia, radioterapia ou cuidados paliativos.

O prognóstico ruim não é por falta de tratamento, mas por causa da detecção tardia. Em tumores pequenos, operáveis, a sobrevida pode chegar a 20–30% em 5 anos. Por isso, reconhecer sinais de alerta e investigar sintomas persistentes é essencial.

Quem tem mais risco?

A maior parte dos casos ocorre sem causa identificável, mas alguns fatores de risco são conhecidos: idade avançada, tabagismo, pancreatite crônica, obesidade, diabetes recente ou histórico familiar. Pessoas com síndromes genéticas raras também podem ter risco aumentado.

Por que precisamos falar disso?

O anúncio de Edu Guedes reacende uma discussão importante. Falar sobre o câncer de pâncreas não é criar medo desnecessário, mas sim conscientizar para sintomas que não devem ser ignorados. A medicina ainda precisa avançar muito para oferecer diagnósticos mais precoces e tratamentos mais eficazes, mas, enquanto isso, informação salva vidas.

Se você tem sintomas persistentes, mesmo que leves, procure seu médico. E que possamos torcer para que quem enfrenta esse diagnóstico hoje tenha acesso ao melhor cuidado possível.


(*) Cardiologista pela USP | CRM 180164 – RQE 56184

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

[the_ad_placement id="home-abaixo-da-linha-2"]

LEIA TAMBÉM

Brincar: O primeiro passo para ser no mundo

🔊 Clique e ouça a notícia GOVERNADOR VALADARES – Em meio às pressas do dia a dia, muitas vezes esquecemos de olhar para aquilo que realmente sustenta a infância: o

Esquina de Boa Noite com Bom Dia

🔊 Clique e ouça a notícia GOVERNADOR VALADARES – Domingo, dia 30 de outubro de 2022. O jornalista William Bonner está em estúdio à frente da cobertura das apurações do

As aparências enganam

🔊 Clique e ouça a notícia GOVERNADOR VALADARES – Durante todo o meu caminho nesta terra, sempre observo os comportamentos e atitudes das pessoas ao meu redor, até mesmo daquelas

Mais conectados, porém menos humanos?

🔊 Clique e ouça a notícia GOVERNADOR VALADARES – Vivemos na era em que enviar mensagens atravessa continentes em milésimos de segundo. Podemos ver o rosto de alguém pelo celular,