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O grande vilão

IMAGEM ILUSTRATIVA: Freepik

Paz e bem, prezado leitor.

Quero falar hoje de uma recorrente situação no que tange à harmonia ou falta dela nas relações de bastidores da igreja. Antecipo que poderei estar desagradando muitos por ser um tema bastante complexo e divergente.

É muito bom perceber grupos bem mergulhados nos interesses de sua congregação religiosa, porém, é lamentável que, em nome de uma “pseudo defesa” do que se julga correto, o respeito, a empatia e a recusa ao diálogo destruam toda correlação entre o que Deus deseja e o que entendemos que Deus deseja.

E aqui, ao contrário do que muitos imaginam, não há um grupo específico ou pessoa específica. A arte da imposição de ideias pode ser atribuída a qualquer grupo ou indivíduo.

Que os grupos, movimentos e pastorais sejam recheados de vaidades e egos inflados, é fato. Mas esta realidade transcende os grupos instituídos e se evidencia, infelizmente, nos ciúmes clericais. Não quero, com esta afirmação, impor uma ideia, e nem tenho a ilusão de que seja coadunada. É um pensamento individual.

Como o título do artigo sugere, o grande vilão de bastidor destas relações é o CIÚME.

O ciúme entre agentes pastorais é o mesmo ciúme entre líderes. E sabe o que é mais lamentável? Ninguém, mas ninguém mesmo, admite que o tenha.

E no campo das ideias, há agressões verbais veladas. Há desrespeito à história, à idade e à entrega de cada um. E tudo o que se considera é a “autoridade” e quem fala mais alto e se faz duro na colocação dos pensamentos.

“Eu sou o coordenador e eu decido”; “eu sou o padre/pastor e eu decido”. E, nesta “vibe”, a espiritualidade é colocada em último plano. Talvez por esta razão, há relatos de um momento de incontáveis “desigrejados”.

O pior é que, quando as ovelhas se veem vagando sem rumo e direção, a máxima de ir às ovelhas desgarradas nem mais é efetiva, porque a preocupação com o “ser” supera a missionariedade do “cuidar”.

Seria muito edificante se grupos, movimentos, pastorais e também o clero se inspirassem mais na vida de Santo Inácio de Loyola. A parábola da ovelha desgarrada, em que o Bom Pastor busca a ovelha perdida, é um tema central na espiritualidade inaciana, inspirando a ação missionária dos Jesuítas.

Para se realinhar com a verdadeira missão da igreja, não pode haver espaço para as picuinhas, ciúmes e dureza de coração.

 Embora Santo Inácio não tivesse escrito nada especificamente sobre o ciúme na igreja, ele bem sabiamente aborda a importância da humildade, obediência e discernimento. São poderosos antídotos contra as divisões que têm, no seu cerne, o ciúme.

Os Exercícios Espirituais Inacianos enfatizam a busca pela vontade de Deus e o serviço aos outros, o que pode ajudar a superar atitudes egoístas e divisivas.

A tibieza e dureza de coração impedem que as pessoas busquem este alinhamento com a vontade de Deus. Na defesa de posições e posturas e para se livrarem do contraditório, chegam a afirmar: “Se quiser ir, que vá”, ou “Está insatisfeito?… procure outro lugar”. Já presenciei situações assim. Lamentável!

Estava lendo sobre o posicionamento da Igreja sobre o ciúme, quando encontrei uma fala interessante do Papa Bento XVI, que abordou o tema em diversas ocasiões, enfatizando que membros da Igreja não devem sentir ciúmes uns dos outros, mas sim se alegrar com as boas obras e dons de seus irmãos. Ele também destacou que o ciúme pode levar à divisão e desmembramento da Igreja, enquanto a alegria e a gratidão pelos dons alheios são importantes para a unidade.

Como este tema é extenso, fico por aqui, esperançoso de que haja uma retomada de consciência de líderes e liderados, para que o ciúme (porta do inferno) nunca prevaleça.

Que Deus nos cuide e abençoe. Bom domingo, boa semana.


(*) tiaoevilasio1@gmail.com

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