Durante anos venho estudando e lendo sobre o amor e a paixão. Não sou psicólogo, nem tenho interesse em fazer curso de psicologia, mas o tema exerce muito fascínio não só em mim, como em todos os seres humanos, principalmente nestes tempos de profunda intolerância e falta de amor.
Amor e paixão, bem antes da psicologia, eram discutidos entre os filósofos da antiga Grécia. Os gregos tinham uma visão de que o amor era muito complexo, multifacetado, como acreditavam Platão e Aristóteles, e que permeava várias formas de conexão emocional: desde o amor apaixonado, o amor fraternal e o amor pelos seus deuses. Pasmem! Os gregos ainda acreditavam que o amor só poderia ocorrer entre pessoas do mesmo sexo! Entendiam que o amor é aquele sentimento ardoroso de uma pessoa para com a outra, e a paixão como sendo sofrimento. A palavra vem do grego phatos, que significa afecção, doença.
Penso que, ao contrário dos sábios filósofos gregos, o amor seja mais uma escolha do que um sentimento. É uma perspectiva que não é muito aceita universalmente. No início, o amor pode até surgir espontaneamente, porém, para a sua “floração”, temos de escolher cultivá-lo, tratar dele todos os dias. Às vezes, ouvia aqui e acolá a frase: Fulano nunca amou a cicrana! Acredito que até amou, mas escolheu não amar no momento em que desistiu de cultivá-lo! Os mais antigos, de gerações anteriores, entendiam que podia-se unir um homem a uma mulher sem que eles ao menos se conhecessem. Era a época dos casamentos “arranjados”, tão comuns nas monarquias da Idade Média. Pensavam que o amor iria surgindo com a convivência. Podia ou não! O certo é que muitas famílias se formaram nesse conceito, onde os pais escolhiam o amor para os filhos e filhas, sendo que muitos não aceitavam e eram tidos pela sociedade como levianos.
Ah! E a paixão? É diferente do amor? Aquele olhar! Amor à primeira vista! Eis que o incauto pensa que ama, mas, no fundinho de sua alma, ele está apaixonado. É um turbilhão de emoções, batimento cardíaco acelerado e olhos que brilham sem parar. É um entoar de canto de passarinhos, o barulho das ondas quebrando na praia e o brilhar das estrelas do céu! Ah, paixão! E olha que muita gente sábia e vivida confunde com amor!
A paixão pode se tornar um amor, e o amor pode se tornar também paixão! E qual o requisito? A escolha! Afinal, a nossa vida é feita de escolhas! Aí vem o meu amigo e diz: Eu não escolhi me apaixonar! Aconteceu! Será que não escolheu mesmo? Ele proporcionou as ocasiões para que a forte paixão lhe batesse às portas do coração! E depois? Babau!, como dizia uma tia minha! Coitado do amigo, se a paixão não lhe fosse correspondida! Dias e noites de sofrimento! E quem, neste mundo, não teve uma paixão não correspondida? Quem nunca sofreu por amor ou paixão? Faz parte de nossas vidas! Como disse o “filósofo” Roberto Carlos, em uma de suas canções: “Se chorei ou se sofri, o importante é que emoções eu vivi.”
Penso que o verdadeiro amor é aquele descrito na primeira carta de Paulo aos Coríntios, ensinado por Jesus como sendo uma virtude essencial para os cristãos, que se manifesta em atos de paciência, bondade e compaixão, e não é afetado por ciúmes, orgulho ou egoísmo. Tudo suporta, crê, espera e nunca falha.
Acredito que o primeiro amor, o amor a Deus, está sendo esquecido, muitas vezes trocado, e isso está afetando a vida humana de tal forma que as outras formas de amor, como o filial e o fraternal, estão sendo também atingidas.
Amar é uma escolha, antes de ser sentimento! Nisto eu acredito!
Poderia ficar horas escrevendo sobre este tema, mas vamos ficando por aqui!
Uma pausa para reflexão!!
4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
5 Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
6 Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
1 Coríntios 13:4-7
(*) Advogado militante – Coronel da Reserva da Polícia Militar. Curso de gestão estratégia de segurança pública pela Academia de Polícia Militar e Fundação João Pinheiro
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