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Pop, rock e pódios

FOTO: Divulgação/Samsung

Quando se trata de marcas e de marketing, é preciso se desdobrar para se promover, chamar a atenção do público e converter os esforços em lucro. O jogo é assim faz tempo. E a Coreia do Sul joga bem. Tem frequentado o pódio da preferência global com Hyundai, LG, seus doramas, seu K-pop e até com o seu churrasco. Agora, nos jogos olímpicos de Paris, a gigante coreana Samsung tem se destacado na modalidade patrocínio.

A marca distribuiu nada menos que 17 mil aparelhos do modelo Galaxy Z Flip 6 para cada atleta que está na cidade luz — menos os da Coreia do Norte. O celular que dobra é propagado pela empresa como um campeão das selfies — esporte preferido da sociedade contemporânea. E não deu outra: o gadget tem acompanhado vitoriosos que eternizam suas glórias após receberem as medalhas em bandejas da Louis Vuitton — joias precisam mesmo repousar no luxo.

Não se trata de pensar que a ação seja capaz de incomodar o reinado que a Apple desfila no imaginário do consumidor. Tal qual ocorre com lendas como a Ferrari, o Air Jordan ou a cachaça de Salinas, não importa que a concorrência traga inúmeros argumentos para explicar que seus produtos têm mais tecnologia, design e praticidade. É muito difícil superar a aura em torno daquilo que transcende o valor pragmático. Quem puder, vai calçar um Air Jordan e vai escolher a dose mais cara de uma garrafa saída de Salinas. Se estiver de Ferrari, melhor não dirigir após beber. Por sinal, temos visto muitos crimes em carrões esportivos ultimamente.

De todo modo, é bom que a Apple fique de olho na concorrência. E ela certamente está. Nunca faz mal recordar a história recente. A Motorola já foi o sonho de consumo dos usuários de celulares (ainda não eram smartphones), em uma rivalidade épica com a gigante finlandesa Nokia. As marcas ainda são muito queridas, mas estão distantes do Olimpo que já ocuparam entre os brasileiros.

Também não custa lembrar que os Estados Unidos e a Inglaterra praticamente tinham o monopólio do pop internacional. De repente, os coreanos chutaram a porta e passaram a brigar pelas primeiras posições, ganhando a simpatia dos jovens e movimentando alguns bilhões de dólares. Ironicamente, dias atrás um músico estadunidense de alto quilate fez o contrário de tudo isso que estamos abordando aqui. Trata-se do Jack White, atleta consagrado do rock.

Jack White é dono de uma história absurda na música. Com The White Stripes, fez um rock visceral, original, cru e sofisticado ao mesmo tempo. As cores, o design e a estética eram tão importantes quanto a voz e os instrumentos. O cara segue assim na exuberante carreira solo dele. E eis que no último dia 19 de julho ele lançou o álbum “No name”. Isso mesmo: sem nome. E sem capa. E sem informações. O “lançamento oficial” se deu com a entrega desse enigma em vinil para consumidores que fizessem qualquer compra nas lojas da Third Man Records, gravadora do artista, em Detroit ou Nashville (EUA), ou em Londres. O álbum já está disponível nas plataformas de streaming. E é ótimo.

Jack White já é imenso e deve estar com uma bela grana. Pode desenvolver uma promoção de produto e marca dessa natureza. A Samsung também é imensa. E provavelmente conta com um cofre bastante robusto. Mas não pode parar. Não pode esconder seu nome. Ao contrário, deve exibi-lo — e seus produtos — sempre que possível. O mesmo ocorre com o pop, quando a arte e a promoção têm um peso muito parecido. Jack White parece gostar mais de se divertir e viver com tranquilidade em Nashville. É justo. A vida é curta e ele já fez muito. Para quem curte a velocidade da competição acirrada, é justo também. Assim como em Paris, há de haver uma plateia para cada tipo de atração.


(*) Jornalista e publicitário | Professor na Univale e poeta sempre que possível | Instagram: @bob.villela | Medium: bob-villela.medium.com

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