A presença de um pet em casa é sinônimo de afeto, carinho e companhia. Ter vários animais de estimação é o sonho de muitas pessoas, porém, se os tutores não tiverem cuidado, o exagero pode se tornar um problema.
A síndrome de Noé é uma doença que se caracteriza pelo acúmulo excessivo de animais, sendo que os mais presentes na vida das pessoas são os gatos e cachorros. A perda de entes queridos, solidão, carência, isolamento, ausência de laços afetivos e forte sentimento de responsabilidade tendem a ser fatores desencadeadores do transtorno.
O acúmulo geralmente é gradativo e, quando a pessoa se dá conta, não tem mais noção de quão realístico é adotar um novo animal, e vai acumulando até se perder nesse processo. Acontece uma desvinculação com a realidade. A pessoa passa a acreditar que mais um não vai fazer diferença, quando na verdade já passou do limite.
Não há um número específico de animais que uma pessoa possa ter. A dica é ter bom senso antes de adquirir o pet. Deve ser observada a qualidade de vida desses animais. Três pontos devem ser analisados: espaço, tempo e condição financeira. Para cada pet, o tutor precisa estar ciente de que vai precisar providenciar comida, vacinas, remédios e assistência veterinária.
Os cuidados para quem cuida de muitos pets não podem ser os mesmos. A alimentação, por exemplo, varia de acordo com o porte e a idade de cada animal. Existem rações próprias para cães filhotes, adultos e seniores, além dos gatos, que têm alimentação específica.
Outro problema que deve ser levado em conta na hora de adotar um novo pet é a questão do relacionamento entre os animais. É comum que alguns animais se desentendam. Em muitos casos, pode haver uma disputa por território e de atenção, gerando brigas indesejadas.
A falta de condições apropriadas para o animal interfere na saúde física e emocional dos pets. Os transtornos emocionais incluem depressão e alteração de comportamento. Os cães podem atacar visitas, roer ou destruir objetos e criar a compulsão por lambedura das patas.
Algumas doenças podem ocorrer, como a osteodistrofia (deformidades ósseas relacionadas ao crescimento), doenças articulares, atrofias musculares, obesidade (quando associada a alimentação errada), doenças relacionadas a falta de higiene, dermatopatias (doenças de pele) e principalmente com a falta de sol.
Em relação aos gatos, embora sejam difíceis de demonstrar o incômodo, podem desenvolver fobias e depressão, além de agressividade e doenças do trato urinário por estresse.
Para ajudar no alívio do estresse, é importante incluir na rotina brinquedos e exercícios lúdicos. Para os cães, os passeios são fundamentais para manter o animal sadio. A falta de estímulos é prejudicial para os pets.
(*) Professora do curso de Medicina Veterinária e gestora do Centro Médico Veterinário da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE
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