Luiz Alves Lopes (*)
No momento em que o futebol brasileiro está em baixa, quando se fala em resultados, estatísticas, projeções e comparações com outros centros futebolísticos mundiais, lá do Ceará, com muita propriedade vem a advertência de um dirigente esportivo que se acredita sério.
Já dizia antigo jornalista mineiro que é preciso ter coragem para dizer a verdade. Porque será? A verdade dói? Machuca? Desnuda o que se pretende encobrir? A melhor opção é o faz de conta? 0 me engana que eu gosto?
Marcelo Paz, o dirigente que modernizou o clube Fortaleza Esporte dando-lhe visibilidade internacional e o respeito de seus rivais brasileiros e da mídia raivosa, ao buscar fórmula diferenciada para a gestão do clube nordestino, mira-se no modelo vitorioso de um tal de Bayern de Munique. E diz: o clube não pode ter donos. Há opções interessantes.
Em determinado momento de longa entrevista concedida a canal televisivo de nosso país, embora não perdendo a serenidade, fui curto e grosso ao recriminar, censurar e reprovar atitudes e condutas de atletas e dirigentes esportivos de nosso país quando o assunto é negociações ou outras tratativas.
Se é verdade que já se foi o tempo do amor à camisa, da assinatura de contrato em branco e da eternização de um atleta em um mesmo clube, do coração ou não eis que gratidão ainda existe, embora que em percentual mínimo, não menos verdade que princípios como ética, dignidade, reconhecimento e agradecimento valorizam a conduta humana.
No cenário futebolístico brasileiro nossos clubes enfrentam algumas situações que preocupam após o encerramento de cada temporada, enfrentando inicialmente período de preparação com montagem e desmontagem de elencos, afora duas terríveis janelas para transferências de atletas.
O jogo tem sido bruto e pesado, nem sempre com observância de determinados princípios éticos, morais e legais mesmo. Condutas de determinados dirigentes que se deslocam e agem na calada da noite, sorrateiramente, tiram o sono de dirigentes de clubes medianos que buscam um lugar ao sol no emblemático futebol brasileiro.
E como desgraça pouca é bobagem, o nosso futebolista também não fica atrás e com raríssimas exceções, seguindo orientações não republicanas daqueles que administram suas carreiras e interesses, se sujeita ao jogo sujo, podre, imoral e repugnante.
Não agradecimento, fechar os olhos à palavra empenhada, aproveitar da falta de oficialização de acertos preliminares, enfim, com utilização de subterfúgios os mais diversos, surpreendentes transferências de atletas se avolumam, envolvendo cifras descomunais com efeitos estarrecedores. 0nde vamos parar?
0 futebol brasileiro está prostituído, disse o dirigente do clube nordestino. E desfilou situações que corroboram sua afirmativa. Os critérios das cotas televisivas e as desavenças na criação de uma LIGA para gerir o nosso futebol, acrescida do aliciamento de atletas por parte de dirigentes inescrupulosos que temos em qualidade e quantidade, fizeram parte do desabafo.
A loucura salarial que está sendo recepcionada no futebol brasileiro por alguns de nossos maiores e mais tradicionais clubes de futebol assusta, desanima e nada recomenda. Mas existem dirigentes que não têm limites. São vaidosos por excelência.
0 custo de ingressos para jogos de futebol em nossas praças esportivas, tomando por base o poder aquisitivo do verdadeiro e apaixonado torcedor, está provocando uma elitização naquele que já foi um dos grandes espetáculos de nosso país: o futebol.
Enfim, estamos diante de uma dura realidade, com o nosso futebol tomando caminhos perigosos. 0 ser humano é vaidoso. 0 dirigente de futebol, raríssimas exceções, é vaidoso, ganancioso e inconsequente. 0 clube, é apenas um detalhe ou mesmo mero instrumento.
(*) Ex-atleta.
N.B.1 – Quem não tem cão, caça com gato. Quando CANO não funciona, chama-se o JOÃOZINHO ARIAS. Tudo resolvido.
N.B.2 – Como está difícil ouvir determinados engravatados e alguns maquiados comentando futebol em inúmeros canais televisivos de nosso país. Sabem tudo de futebol; falta apenas combinar com os adversários.
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