por Sebastião Evilásio (*)
Por que nascem tantas denominações religiosas? Talvez você católico apostólico romano já tenha feito esta pergunta retórica, principalmente, nos momentos em que é questionado sobre as consistências básicas da sua fé.
Tais questionamentos geralmente vêm de pessoas não muito dadas à prática da leitura ou de estudos bíblicos, que, via de regra, se impacientam na espera de respostas de um Deus moldado “à sua imagem e semelhança”.
Estranho, né? Isso mesmo. Conforme as Sagradas Escrituras, fomos criados à imagem e semelhança de Deus, mas o homem, por sua natureza humana e pecadora, inverte os papéis e exige um Deus que lhe favoreça.
– Olha a origem do pecado no mundo aí! O humano querendo ser Deus.
E é exatamente por não saber compreender a Palavra, as pessoas se perdem num misto de desejar e exigir, e, mesmo se dizendo cristãs, agem como fariseus, sempre colocando Deus à prova.
É fácil abrir uma bíblia e ler. O complicado está em compreender que cada palavra, cada exemplo, cada história requer a percepção contextualizada de fatos e situações. Não por acaso Jesus falava em parábolas. Ele por certo sabia de nossa incapacidade de muitas vezes entender a mensagem simplesmente por meio da escrita.
O resultado desta nossa ignorância é que, aquela carga de responsabilidades que antes era depositada na doutrinação, de repente se tornou um subterfúgio para a insatisfação e fuga.
– A igreja “X” já não atende mais os meus anseios, porque não vi ali a face de Deus. E o padre não fala bem, e as pastorais têm este ou aquele defeito, e os horários não me agradam; blá-blá-blá, blá-blá-blá…
Se você “perfeitinho ou perfeitinha” se encaixa neste perfil, sinto lhe informar que você pensa que crê em Deus verdadeiro, mas, na realidade, você quer mesmo é um Deus subserviente.
Você pode até mudar de religião uma, duas, três, cem vezes, mudar de igreja, mas se não mudar seu comportamento e a maneira de se relacionar com Deus, vai continuar sem conhecê-lo.
E lá vai uma receitinha básica e prática: o caminho mais curto e simples de ver Deus à sua frente está invariavelmente nos relacionamentos humanos. Bem à maneira de Jesus: sem distinção, sem exclusão.
Pra entender melhor, vamos pegar o maior mandamento da Lei de Deus: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” Respondeu Jesus: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento”. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas (Mt 22,36-40).
Meus amados, por mais difícil que seja, esta é a chave. Quando eu coloco o meu amor integralmente em favor dos relacionamentos com aqueles com os quais convivo, consigo perceber a maravilha divina agir em nosso meio.
A conta é simples: Jesus está na pessoa do meu irmão. Se eu não amo o meu irmão, também não amo Jesus, e ponto final.
E se pela graça, eu acolho Deus em meu irmão, automaticamente Deus está à minha frente.
– No calor de um abraço, na caridade, na visita a um doente, no sorriso de uma criança, tenha ela 2 ou 100 anos de idade. Fato é que se nos colocamos como instrumentos nas mãos de Deus, podemos sim realizar grandes milagres. Basta amar.
E ao final vamos percebendo que aquela Palavra difícil de entender, nada mais era do que eu mesmo dificultando o acesso à essência divina.
Deus nos fala na simplicidade. Ele não exige doutorado em teologia. Ele não nos pede nada além de nossas possibilidades. Então pare de se impacientar com os seus. Pare de ficar de galho em galho à procura de milagres e igrejas diferentes. Deus está não apenas à sua frente, mas, principalmente, em você.
Preservar esta essência é nossa maior responsabilidade.
Feliz domingo, feliz semana e até o próximo artigo, se Deus quiser.
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Comments 1
Ao Colunista Sebastião Evilásio,
Considero-me como fiel leitor e suas colunas.
Sugestão: desenvolver mais amplamente a afirmativa (procedente) relacionada com o primeiro parágrafo da coluna – “Frente a frente com Deus”. Gostaria de me aprofundar mais com relação ao tema..
Obrigado. Que o Espírito Santo continue inspirando seus escritos.