Meu saudoso pai chamava o motorista de táxi de “chofer de praça”. Durante muito tempo, fiquei a pensar nessa expressão. Muitos ainda a utilizavam para designar a figura do taxista, o que, atualmente, não percebo no cotidiano frenético das cidades.
A palavra chofer, etimologicamente, foi integrada à Língua Portuguesa, de origem francesa “chauffeur”, cujo significado é operador de máquinas a vapor, derivando do latim “calefare”, que quer dizer “aquecer as mãos esfregando-as”. O chofer é a pessoa que conduz um automóvel para outra pessoa. Ainda se usa a palavra, mas, nos dias atuais, apenas motorista.
E aí?? Por que “chofer de praça?” O motivo é que os táxis ficam normalmente estacionados em pontos localizados nas praças públicas das cidades.
Em minhas “andanças” pelo mundo, sempre procuro o serviço de táxis para me deslocar e observo muito as características e comportamentos dos taxistas, ou “chofer de praça”. Gosto de conversar com eles sobre a cidade, sobre futebol local e pontos turísticos. Esses grandes profissionais, principalmente os mais antigos e experientes, detêm inúmeras informações que podem nos ajudar muito. Boa parte deles são verdadeiros guias turísticos.
Se um motorista é muito comunicativo, ficamos sabendo quase tudo sobre o local. Conversam sobre sua vida, família, filhos, netos, política, futebol. Gosto muito de conversar com eles. São “gente como a gente”. Muitos trabalham a noite toda para ganhar o “ pão de cada dia”, e sonham em formar os filhos em faculdade e construir a casa própria. Infelizmente, muitos perdem a vida no seu trabalho, quando são vítimas de criminosos, fatos comuns nas grandes metrópoles.
Conheço motoristas de táxi que se aposentaram, mas seus filhos e netos continuam na mesma profissão.
Há pouco tempo, durante uma viagem, juntamente com minha querida esposa e filha, conheci um taxista na Itália, que narrou sua história de vida durante a pandemia de 2019/2020, e de como passou no período. Foi de “cortar o coração”, quando ele narrou a dificuldade para trabalhar e conseguir levar algum “trocado” para sustentar a sua família. Mesmo assim, continua orgulhosamente labutando como motorista de táxi nas vias de Nápoles, sempre alegre e prestativo.
Percebi, também, em minhas viagens, que os taxistas são semelhantes em todos os lugares. Há os honestos e os desonestos, os calados e os comunicativos, os estressados e os tranquilos, os jovens e os mais antigos e experientes, enfim, pessoas de todos os tipos.
Nas pequenas cidades e lugarejos, o “chofer de praça” leva pessoas ao médico e a hospitais nos grandes centros, seja de forma programada ou mesmo nas emergências, e são cidadãos muito próximos dentro das comunidades, convivendo e compartilhando de momentos de alegria e tristeza.
Há uma característica comum em todos os que conheci: o sentimento de orgulho pela profissão e em servir, uma forte esperança e crença em um futuro melhor.
Que Deus proteja e abençoe a todos os taxistas !!!
(*) Advogado militante – Coronel da Reserva da Polícia Militar.
Curso de gestão estratégia de segurança pública pela Academia de Polícia Militar e Fundação João Pinheiro
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