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O valor das chineladas

por Coronel Celton Godinho (*)

Há uma frase que já ouvi tantas vezes, que não me recordo nem quando foi a primeira vez: “Não há uma receita universal e padronizada para se criar os filhos. Estudiosos em pedagogia e psicologia se debruçam há anos estudando sobre como educar um ser humano, assim também o fazem muitos teóricos de todas as partes do mundo.

Aliás o ser humano é plural e complexo, isto sem falar de uma variável muito importante, as diversas culturas espalhadas pelo mundo. Senão vejamos: um norte-americano não terá a mesma formação, criação de um chinês, por exemplo, nem de um brasileiro, porque são de realidades muito diferentes, culturais.

Então dentre todas as variáveis possíveis, acredito que há duas que permeiam a criação dos filhos em todas as partes do mundo, os limites e os valores, mesmo em diferentes culturas.

Dentre esses dois fatores, afinal qual é o mais importante?

Ambos são importantes, desde que permeados pelo amor e o afeto, que são a base emocional das crianças.

Sobre isso, a Bíblia nos ensina que devemos criar nossos filhos no caminho da retidão, dentro de princípios, valores e também limites.

Então independente da cultura, os valores morais e éticos permeiam a criação dos filhos.

Na minha família, a questão das “palmadas e das chineladas”, como correção, nunca foi coisa proibida, nem sinônimo de agressão.

Pelo contrário, existiam, sim, as “chineladas disciplinadoras” e punitivas, mas como coloquei antes, o que existiam e dominavam eram o amor e o afeto.

Na minha geração, não só a minha família utilizava tais “recursos educativos”, e se a gente falasse que não estava doendo, a situação piorava! E ninguém morreu ou foi parar no psicólogo.

Traquinagens na infância

Dessa forma ainda me recordo de certas passagens de minha infância, fazendo as traquinagens pela rua afora.

Assim sendo naqueles tempos, quando não estava na escola, ficava o dia inteiro na rua, no campinho de terra jogando bola ou soltando pipas no alto do morro. Tempos de mais tranquilidade e bem menos criminalidade. Então só ía em casa para almoçar, jantar e dormir. Tínhamos muita energia, como toda criança.

Certa vez, quando morava em uma cidade do sul de Minas, ao retornar para casa, junto com meu irmão e alguns amigos, resolvemos pegar umas fisgas na casa de um deles e pegar umas rãs, à beira de uma linha férrea próxima a nossa casa. Ficamos ali e perdemos o passar das horas. Mães e pais preocupados, e nós, nem aí. Depois de pegar umas 4 (quatro) rãs, voltamos para casa, e nisso acho que já eram 22 horas. Adivinhem o que estava nas mãos de minha mãe na porta de casa esperando? Tomamos umas chineladas, correndo para o banheiro para tomar banho. Essas não doeram. Foram de raspão.

Mas nunca mais, depois daquilo, fizemos de novo. Toda criança tem de ter limites, né? Senão ao virar um adulto, não terá, e ao invés das corrigendas e chineladas dos pais, coisas piores podem acontecer.

Penso que as chineladas que tomamos de nossos pais e nossos avós foram muito “didáticas” e oportunas. Só aprendi coisas boas com elas. 

Ah! Já ia me esquecendo! As rãs estavam muito boas e meu pai é que acabou limpando para nós comermos no jantar. Minha mãe nem olhou! Detesta rãs!

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