Dileymárcio de Carvalho (*)
Quando você inicia uma atividade profissional, o foco do seu cérebro é descobrir qual a forma de fazer e atuar caso tenha você habilidades necessárias ou esteja aprendendo. O foco desse momento está no padrão de funcionamento de tudo e ainda no comportamento da empresa e das pessoas. Na prática, estamos dizendo ao nosso cérebro que “há um padrão de fazer as coisas nesse ambiente” e esse padrão pode mostrar nosso sucesso ou não.
E essa é uma questão interessante: a qualidade se estabelece a partir de padrões. Significa também que nossa forma de ver o mundo e nossa vida profissional estão baseados em padrões cerebrais. Muitos deles nós criamos. Mas a grande maioria foi reforçada em nós pela própria atividade e pela cultura.
Mas quando falamos em padrões cerebrais temos dois pontos fundamentais: esses padrões moldam nossa vida em todas as áreas. Há padrões que simplesmente foram inseridos em nosso cérebro. Então, podemos mudar nossos padrões cerebrais, nossos comportamentos e o que nos traz angústia e sofrimento. Estou focando aqui na vida profissional, mas muitos dos nossos sofrimentos em tantas outras áreas estão ligados a padrões cerebrais criados por nós ou “incutidos” em nós, ainda que para garantir nossa sobrevivência e dignidade.
Então, realmente ter autonomia sobre os nossos sentimentos e as velhas queixas sobre nosso trabalho, nossa rotina, as pessoas, o salário que a empresa paga, a chefia que tanto critico é, antes de tudo, entender que essas condições existem por meio de um padrão cerebral que permitimos.
O que vejo com frequência no consultório é que muitos dos meus clientes conseguem mudar o que sentem, em termos de sofrimento profissional, quando modificam e entendem seus padrões cerebrais. Eles ajustaram seus comportamentos sob controle de padrões externos, muitas vezes chamados de normas ou cultura da empresa, mas que de fato são controles que alteraram os seus padrões pessoais de funcionamento do cérebro apenas para executarem as atividades.
A verdade é que você chegou onde está na sua vida profissional por um padrão cerebral. E é essa mesma “circuitaria neural” que pode ser modificada. Então, há um processo que aprendo sobre os meus padrões cerebrais de “ser e comportar” diante do trabalho. E isso tem ligação direta com os nossos resultados, tanto negativos quando de excelência.
A boa notícia é que a modificação está no meu cérebro. Quando aprendo o quanto posso e tenho autonomia para trabalhar as modulações emocionais de condicionamento dos padrões enraizados do cérebro, também descubro que eu posso, com ajuda psicológica reelaborar, recondicionar esses padrões.
E essa é a nossa grande oportunidade: conhecer que antes de sentir, sofrer, estagnar e conformar existe o cérebro e seus padrões que foram criados por mim ou condicionados pelas circunstâncias da vida. É nesses padrões que trabalhamos as mudanças.
(*) DILEYMÁRCIO DE CARVALHO- Psicólogo Clínico Comportamental- CRP: 04/49821 e-mail: contato@dileymarciodecarvalho.com.br
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