O ser humano, indubitavelmente, é a maior criação de Deus. É um emaranhado de pensamentos e emoções. Dentro do campo das diferenças humanas, há indivíduos que são o “avesso do avesso”, aqueles que a gente acha que são loucos, porque estão fora dos padrões estabelecidos pela sociedade. Eles também têm seus talentos. Aliás, todo ser humano tem um talento (ou vários) e nasce com ele, bastando desenvolvê-los.
Há esses “loucos incríveis” que, ao longo de suas vidas, tornaram-se heróis. É o caso de um ás da aviação – um aviador militar reconhecido por derrubar várias aeronaves inimigas durante uma batalha – da segunda guerra mundial -, chamado George Beurling. Um canadense, nascido em 1921, na cidade de Verdun, na província canadense de Quebec. O menino nasceu em uma família extremamente religiosa, na qual nenhum vício era permitido. Embora tivesse físico atlético, nunca praticava esportes em equipe, sendo um solitário. O jovem Beurling se refugiou na aviação, desde os 6 anos de idade, quando seu pai montou um aviãozinho de brinquedo e deu a ele. Era um aluno medíocre na escola, mas mergulhava em livros sobre aviação e táticas da primeira guerra, e dizia que qualquer um poderia voar, mas voar e atirar ao mesmo tempo eram uma habilidade ímpar e difícil de encontrar, coisa que, mais tarde, dominou com maestria. Ele imaginava um dia ser um daqueles pilotos.
Começou a voar com doze anos de idade e aos 15 anos abandonou a escola para trabalhar e arrumar dinheiro para custear as aulas de voo e, por causa disso, seus pais passaram a tratá-lo friamente e sempre davam um castigo. Mesmo com tudo isso contra ele, fez seu primeiro voo solo aos 16 anos, tendo passado em todas as provas para se tornar um piloto comercial, porém teve sua licença negada por ser muito jovem. Logo depois participou de uma competição aérea, no Canadá, com vários pilotos da Força Aérea Canadense, sagrando-se campeão.
Olhem o avesso do avesso: na hora de receber o prêmio, disse que, caso a Força Aérea precisasse destes pilotos, em algum momento, o Canadá estaria f… Esse fato, mais tarde, foi usado pela própria Força Aérea Canadense para não admiti-lo como piloto, em 1939, com a eclosão da 2ª Guerra Mundial.
Conseguiu ser admitido, então, na Real Força Aérea britânica (RAF), em 1940. Já nos treinamentos, começou a se mostrar um jovem às avessas, quando fez um voo rasante sobre uma das torres de vigia da base, derrubando-a. Ali começava a sua fama de indisciplinado. Ele era constantemente repreendido por seus comportamentos um tanto selvagens. Logo verificaram a sua habilidade de piloto de caça, pois possuía uma habilidade incrível de observar com rapidez a chegada de inimigos. Foi designado para servir num esquadrão canadense da RAF, mas o curioso é que nunca quis ser oficial, preferia ser sargento, pois não confiava em oficiais. Falava o que pensava e isso custava caro, até ser transferido para a base da RAF na ilha de Malta.
Voou em combate, pela primeira vez, em dezembro de 1941, na aeronave que lhe acompanharia a vida toda – o brilhante caça Supermarine Spitfire. À época, Malta estava sob pesado ataque das forças do Eixo, emergindo ali o talento daquele homem insubordinado, avesso do avesso, mostrando tudo o que sabia. Lá encontrou um comandante de esquadrão que soube valorizá-lo, tendo dito mais tarde que nunca foi decepcionado por Beurling, e que ele era o seu melhor piloto.
Malta, naquela época, era uma vital base dos aliados no mediterrâneo, e não poderia cair nas mãos dos alemães. Malta precisava de reforços e Beurling se ofereceu para ir para lá em julho de 1942, sendo prontamente atendido. Beurling já estava com 21 anos de idade e já combatia nos céus de Malta. Teve toda confiança do comandante, mas o curioso é que, ao contrário dos seus colegas, que ao voltar dos combates iam beber e ir atrás de mulheres, ele continuava treinando e lendo sobre técnicas de combates aéreos. Em três semanas de combate, Beurling já tinha se tornado um ás, com incríveis 15 aeronaves inimigas abatidas.
Após abater vários aviões inimigos e, diante de seu comportamento selvagem e frio, ao contar que adorava matar seus adversários nos combates, foi apelidado pelos seus colegas de “Screwball Beurling”, em tradução livre: um maluco. Na ilha de Malta, sua vida não foi somente de vitórias, sendo ferido três vezes, após ter sido derrubado por quatro ocasiões.
A RAF forçou a sua promoção, pois não aceitava que seu maior herói ainda fosse um sargento. Chegou a abater mais aeronaves.
O avesso do avesso era quem voava com sua inseparável bíblia, a qual havia ganhado de seus pais, e demonstrava um comportamento bastante selvagem durante os combates. Em 1942 foi, enfim, condecorado com a mais alta honraria britânica, por suas 28 vitórias em Malta. E, ao fim do mesmo ano, foi forçado a voltar ao Canadá, contra a sua vontade, para participar de uma campanha de levantamento de fundos para a guerra.
Detestou esta tarefa e retornou a sua unidade de origem, mas desta vez, sem missões de combate. Então após vários atos de indisciplina, foi dispensado do serviço ativo, em 1944. Tentou, ainda, ingressar na Força Aérea dos EUA, não sendo aceito.
Chegou a mendigar pelas ruas de Montreal, no Canadá, quando, em 1948, surgiu a oportunidade de combater pelo Estado de Israel. Morreu num acidente aéreo, até hoje sem explicações, em Roma, na ocasião em que estava indo para Israel. Foi enterrado em Roma, mas seu corpo foi transladado para Tell Aviv. Atualmente, encontra-se enterrado em Haifa, como herói do Estado de Israel.
O SER HUMANO É FANTÁSTICO! Em nossa história há inúmeros exemplos desses indivíduos talentosos, “avesso dos avessos”, que se tornaram heróis.