Dileymárcio de Carvalho (*)
O impacto do trabalho na vida emocional de um profissional vai desde a alegria, passando pela angústia, sofrimento, desespero, pulsões de morte à ideação suicida. O Setembro Amarelo coloca as organizações em “alerta vermelho”: a segurança psicológica dos profissionais é sim responsabilidade das empresas.
Podemos falar das condições inadequadas no trabalho e que também estão por trás dos transtornos mentais e até ideação suicida de um profissional que adoece mentalmente por causa da vida no trabalho. E sim, uma pessoa pode tirar a vida por causa das condições e das relações no trabalho.
No consultório recebo pessoas que adoeceram pelas frustrações no trabalho. E o que está em jogo? Essa é uma fala comum: “coloquei minha vida em risco por causa do salário que recebo, essa é a verdade. Não apenas pensei em morrer como também planejei a minha morte por causa do que passo no trabalho”.
De um transtorno psicológico passando pela ideação suicida e mortes por suicídio. A investigação psicológica de uma morte como consequência de um Burnout, por exemplo, é um indicativo. Esse transtorno por causa do trabalho é também classificado como síndrome. O esgotamento à exaustão por causa das relações e as condições de trabalho são marcados também por ideação suicida. É o desejo e o pensamento de morrer. No Setembro Amarelo, a conscientização sobre o suicídio precisa também alertar as empresas.
As atividades à exaustão, a prontidão por produtividade, a cobrança reforçada pelo perfil psicopático de um líder, os indicadores de desempenho, as reuniões online sem fim, as chefias doentias avassaladoras. Como sobreviver emocionalmente a esse cenário psicológico? O dia a dia emocional de quem vive essas condições psíquicas no trabalho é de dor e sofrimento. Sem contar o impacto do assédio moral.
O fator trabalho também reforça as estatísticas do suicídio. E a relação do trabalho pode roubar uma das fazes mais produtivas de um profissional: o suicídio é a segunda causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos. E o peso psicológico do trabalho também compõe os reforçadores do contexto emocional para o suicídio.
O Setembro Amarelo chama as empresas a organizarem seus Planos de Segurança Psicológica. A promoção da saúde emocional no ambiente de trabalho não é mais uma opção. E a pergunta para o início da busca de uma orientação psicológica é: o quanto a empresa contribui para fortalecer ou enfraquecer a minha estrutura emocional? O que eu não dou mais conta? Já cheguei ao estado de frustração a ponto de pensar que não valeria mais viver por causa do que passo no trabalho?
A reposta pode ser um alerta para as empresas. Ou decida você mesmo ligar o alerta na sua empresa.
(*) DILEYMÁRCIO DE CARVALHO – PSICÓLOGO CLÍNICO COMPORTAMENTAL- CRP: 04/49821
As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.
