O tempo quaresmal traz à luz da reflexão a intensidade com a qual Deus a nós se revela com Seu amor sem medidas.
São quarenta dias em que o cristão católico se recolhe em preparação para contemplar a Via Crucis, onde o Verbo que se fez Carne, para remir nossas faltas, se permitiu sofrer, se humilhar e se entregar a cravos e martelos no alto da cruz.
Este tempo quaresmal, que sugere a cada um de nós uma retomada de consciência abrindo nossos olhos e corações para a caridade, orações e penitência, tem por grande finalidade fazer-nos perceber que Jesus, o Cristo, Deus encarnado, nos escancara muitas realidades de ontem, do hoje e do amanhã, que exigem e exigirão de cada humano vivente uma conversão de ideias e práticas humanas e humanitárias, que desnudam as fragilidades e carências.
Assim como Cristo não veio para ser servido, e sim para servir, da mesma maneira Ele espera de nós esta consciência.
Se aprendemos com o tempo pascal, talvez nem todos. Nem por isso, Ele deixa de confiar em nós e nossas percepções, humanamente limitadas.
Culminando com a Semana Santa – na qual a Paixão, Morte e Ressurreição confirma não só as profecias, mas revela a que ponto pode o homem chegar em insensibilidade e ausência do temor de Deus -, a Quaresma abre, assim, o período pascal, ou seja, contemplamos desde então a ressurreição de Jesus Cristo. Refletimos a Via Crucis e agora contemplaremos a Via Lucis, ou Caminho de Luz.
Ele vive, é fato. E antes de Sua ascensão ao céu, fez algumas aparições, entre elas a Maria (Madalena), duas vezes aos discípulos, a primeira com a ausência de Tomé e uma semana depois, com sua presença, onde podemos perceber que já a partir dali, muitos Tomés existiriam nas fraternidades cristãs.
Mas é exatamente por esta razão que a igreja torna enfática esta parada contemplativa sobre a ressurreição. Tal e qual a Via Sacra, a Via Lucis também é refletida em 14 estações.
Durante este período que antecede Pentecostes, somos convidados a perceber os caminhos de Luz e santidade.
Como nos ilustra o Papa Francisco, “a santidade é viver em união com Jesus e os mistérios de Sua vida. Consiste em associar-nos de uma maneira única e pessoal à Sua morte e ressurreição, ou seja, morrer e ressuscitar continuamente com Ele”.
Assim é inevitável que nossa fé seja renovada, porque o mundo necessita, e cada um de nós como corpo da Igreja, que tem como cabeça o próprio Cristo, é diretamente responsável por ser este sal da terra e Luz para todas as nações. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus e não nos cabe fugir desta verdade.
Que vivamos a Via Lucis de tal modo que possamos alcançar Pentecostes com os corações prontamente férteis para o acolhimento dos Sete Dons do Espírito Santo.
Paz e bem a todos. E boa Via Lucis. Bom Pentecostes.
(*) MESC – Paróquia Santa Rosa de Lima
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