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300 anos da Minas de Ouro, a nossa Minas Gerais

Walber Gonçalves de Souza (*)

02 de dezembro de 1720 mais uma capitania é criada na colônia portuguesa, dessa vez, com o nome de Capitania de Minas do Ouro. É lógico que a história de Minas não começa com a criação da capitania, muitos fatos de grande importância para a nossa historiografia já haviam acontecido por aqui antes desse marco histórico.

Poderíamos recordar, as diversas imersões, desde o século XVI, dos bandeirantes, nome dado aos desbravadores paulistas, pelas terras do sertão, como eram chamadas às terras do interior, a procura de ouro e pedras preciosas. Aconteceu também um conflito de relevância, denominado Guerra dos Emboabas, que envolveu os bandeirantes paulistas e os demais mineradores, principalmente portugueses, que chegaram nas terras do ouro. Ambos queriam somente para si o direito à mineração, gerando assim o conflito, que acabou, por intermédio da Coroa Portuguesa, com a derrota dos bandeirantes.

Mas voltemos aos 300 anos de Minas Gerais e quanta coisa há registrado nessa história. O ciclo do ouro movimentou, durante anos, a economia da colônia brasileira. Dele surgiram movimentos e nomes importantes para a história do país, como a Inconfidência Mineira e seu principal personagem Tiradentes; a manifestação do barroco, através das obras de inigualáveis artistas, como Mestre Ataíde e o incomparável Aleijadinho. Do ciclo do ouro sugiram cidades e marcos de relevância histórica e turística, como as cidades históricas: Ouro Preto, Mariana, São João Del Rei, Diamantina, Serro e tantas outras; a Estrada Real e outros caminhos que possibilitaram o surgimento da capital dos mineiros, Belo Horizonte.

Com a independência do Brasil, ocorrida em 1822, os mineiros, bem ao seu “jeitnho”, começam a fomentar um novo debate, que lentamente foi ganhando corpo e culminou com a Proclamação da República de 1889. Abrindo, assim um novo capítulo na história do Brasil, que ficou conhecido com a República do Café com Leite. Que na prática seria um revezamento no poder entre paulistas (produtores de café) e mineiros (produtores de leite).

Desde então, vários mineiros se tornaram presidentes do Brasil, são eles: Affonso Penna, Wenceslau Braz, Delfim Moreira, Arthur Bernardes, Carlos Luz, Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves e Dilma Rousseff. Nessa lista, não poderia faltar Itamar Franco, que é mineiro de coração, pois como sabemos ele nasceu em alto mar. A presença mineira na política nacional é incontestável.

Não podemos deixar de destacar também, alguns de nossos símbolos: como o queijo, o pão de queijo e o feijão tropeiro, que faz Minas e o mineiro serem conhecidos em todos os lugares.

Socialmente, sabemos que nossas páginas não são tão gloriosas, ainda temos muito que avançar para que a dignidade humana seja de fato uma realidade nas terras do ouro. Que tenhamos coragem e força para conquistar dias melhores, pois nossa história também é marcada por lutas.

Para terminar, como diz a canção “quem te conhece não esquece jamais, oh Minas Gerais”!

(*) Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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