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A Caixa de Pandora foi aberta no Brasil?

Pandora é uma personagem da mitologia grega. Segundo o mito, ela foi a primeira mulher criada sob as ordens do deus Zeus no Olimpo, tendo como objetivo vingar-se de Prometeu, pois este, contrariando-o, presenteou a humanidade com o fogo, para que dominasse a natureza. Sua vingança começou com a criação de Pandora, que logo foi enviada para viver na terra, levando consigo uma caixa. Zeus recomendou a ela que nunca abrisse a caixa, pois dentro da mesma estaria um conjunto de coisas ruins, como a maldade, doenças, brigas, violência e tantos outros males que contaminariam todos os homens, deixando-os com estas características. Todavia, havia uma única coisa boa: a esperança.

Continua o mito enunciando que, não resistindo à curiosidade, entre outros sentimentos, Pandora acabou abrindo a caixa e dela saíram todos os males, mas, assustando-se ao ver tudo aquilo acontecer, tentou fechar rapidamente a caixa, deixando presa dentro dela justamente a esperança.

Fazendo uma simples analogia com o mito, parece que Pandora deve ter passado por aqui. Como pode tamanha semelhança com o mito grego que retrata sua criação e existência! Vivemos tempos tenebrosos, de descrédito e desconfiança na própria humanidade.

Já estamos cansados de vivenciar a degradação do povo brasileiro, que, envolto nos males sociais, aos poucos vai se perdendo de si mesmo. Dia após dia nossa dignidade está sendo extirpada, como se nada estivesse acontecendo. E a esperança? Pelo visto, está trancafiada na caixa da incredulidade de dias melhores. A cada dia ouço de várias pessoas com idades diferentes e de grupos sociais distintos que o nosso Brasil não tem jeito, que não adianta ter esperança. Pode parecer trágico, mas não passa de uma triste realidade.

Entra governo, sai governo e o novo continua velho. Não se discute pauta, meta, projeto. Continuamos pensando no próprio umbigo, nos mesmos interesses corporativistas, alimentando a polarização partidária-ideológica que insiste em perpetuar no Brasil. Quem era vidraça vira pedra, quem era pedra vira vidraça, até que o jogo mude e os papeis se invertam.

Pandora provocou um pandemônio que se perpetua sem cessar. Mas não podemos mais esperar; temos que abrir essa caixa novamente e permitir que a esperança saia e faça morada em nós. Porém, a esperança não combina com braços cruzados e muito menos com alienação social. A esperança surge com o conhecimento, pois ele orienta caminhos, proporciona possibilidades e mostra que é possível afastar os males.

Se na mitologia os personagens são simbólicos, na realidade os personagens são reais, somos todos nós. Se Pandora realmente passou por aqui – pelo visto sim -, procuremos pela adormecida esperança, antes que seja tarde demais, antes que não tenhamos nem mais a ousadia de acreditar que ela existe.

Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.

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