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Universitária mistura realidade e ficção em livro de poesia

FOTO: Arquivo pessoal

A ideia do livro surgiu durante a pandemia em 2020. Foram 4 meses até chegar no texto final

GOVERNADOR VALADARES – Aos 22 anos, Fernanda Cryscia imprime em páginas histórias de mulheres que passaram por sua vida. Transforma em texto memórias e relatos. Mistura ficção com poesia em uma prosa ritmada. É um alerta, uma denúncia contra a violência que atravessa gerações. Ao mesmo tempo é um suspiro, um grito, uma revelação de histórias que precisam ser contadas.

Fernanda nasceu e cresceu em Santa Maria do Suaçuí e, aos 15 anos, se mudou para São João Evangelista, onde fez o ensino médio. Foram os estudos que trouxeram a jovem escritora para Governador Valadares. Estudante do curso de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora, Fernanda encontrou na poesia uma forma de contar histórias. 

“Eu cresci em uma cidade muito pequena, então, a gente tinha muito contato com aquelas senhorinhas que ficam conversando no fim de tarde na rua. Eu conheci minhas avós, bisavós, meus bisavôs. E eu sempre escutei muitas histórias de pessoas mais idosas, principalmente, de mulheres. Eu sempre vi a realidade da minha vó, da minha mãe. E eu percebi que havia nessas histórias, nas vivências dessas mulheres, um padrão que repetia muito. Aí eu decidi que ia escrever sobre isso. Escrever algo que fez parte da realidade que vi e de tudo que construiu quem eu sou também”, disse a universitária.

O padrão do qual Fernanda se refere é a repetição de histórias de inúmeras mulheres que vivem em situação de vulnerabilidade socioeconômica. E, em meio a esse enredo, temas como gravidez, as dificuldades do pós-parto e violência doméstica conduzem os eventos dessa narrativa.

“No livro há histórias de várias vivências dolorosas: tem suicídio, tem violência, tem doença, tem mortalidade infantil. O meu livro tem várias temáticas e eu gostaria que as pessoas que passam por isso ou que conhecem alguém que vivenciou situações parecidas, que se sintam acolhidas. De que a história delas não foram apagadas, que o que elas viveram é importante. Eu quero que as questões que foram retratadas no livro possam ser evidenciadas para fins de prevenção, para que esse padrão não venha continuar se repetindo”, explicou Fernanda.   

Livro surgiu durante pandemia

A ideia do livro surgiu durante a pandemia em 2020. Foram 4 meses até chegar no texto final. Entre o trabalho no cartório e as aulas de reforço, Fernanda encontrou na Literatura um lugar para escapar da jaula que foi os tempos pandêmicos de restrições.           

O livro ‘Adeus, Carolina!’ inspira e respira a história que Fernanda conheceu de perto, em alguns casos em que ela viveu. O elo entre ficção e realidade é uma linha tênue. Troca-se nome, cria-se personagens, se estabelece o universo, mas as temáticas que emergem de cada capítulo são recortes de verossimilhança. Isso fica mais evidente quando a universitária conta que mergulhou em suas origens para submergir à história de nascimento de uma das personagens do livro.      

“Várias das histórias no livro têm acontecimentos que de alguma forma me lembram coisas que aconteceram comigo. Por exemplo, o bebê empelicado [quando a criança nasce dentro da bolsa amniótica]. Eu sou uma criança que nasceu empelicada. Nasci de parto normal sem ser prematura. Nasci sem médico, na sala de parto, porque o hospital da minha cidade é muito precário. Essa é a história do meu nascimento. Quando a minha mãe estava sentindo as dores do parto, a gente morava numa parte muito longe de onde fica o hospital. O meu pai até tinha carro, só que na época a gente não tinha telefone e nem algo assim. Então ela teve que esperar até a noite quando o meu pai saiu do trabalho. Aí ele buscou a gente. Meu pai foi ligar o carro e ele não pegava. Nisso as pessoas da rua se reuniram para empurrar o carro e aí a gente conseguiu ir para o hospital. Chegando lá, não tinha médico. Na sala de parto minha mãe gritou e uma enfermeira veio. Quando o médico chegou na sala eu já tinha nascido”, conta a escritora.

Lançamento como escritora

‘Adeus, Carolina!’ é o primeiro lançamento de Fernanda como escritora, que aconteceu no final do mês de setembro. O livro de poesia está disponível para compra pelas plataformas digitais. Para mais informações é só seguir a universitária no instagram @nandacryscia.

“Eu cresci em uma cidade muito pequena, então a gente tinha muito contato com aquelas senhorinhas que ficam conversando no fim de tarde na rua. Eu conheci minhas avós, bisavós, meus bisavôs. E eu sempre escutei muitas histórias de pessoas mais idosas, principalmente de mulheres. Eu sempre vi a realidade da minha vó, da minha mãe. E eu percebi que haviam nessas histórias, nas vivências dessas mulheres um padrão que repetia muito. Aí eu decidi que ia escrever sobre isso. Escrever algo que fez parte da realidade que vi e de tudo que construiu quem eu sou também”

“Eu sou uma criança que nasceu empelicada. Nasci de parto normal sem ser prematura. Nasci sem médico na sala de parto, porque o hospital da minha cidade é muito precário. Essa é a história do meu nascimento. Quando a minha mãe estava sentindo as dores do parto, a gente morava numa parte muito longe de onde fica o hospital. O meu pai até tinha carro, só que na época a gente não tinha telefone e nem algo assim. Então ela teve que esperar até a noite quando o meu pai saiu do trabalho. Aí ele buscou a gente. Meu pai foi ligar o carro e ele não pegava. Nisso as pessoas da rua se reuniram para empurrar o carro e aí a gente conseguiu ir para o hospital. Chegando lá, não tinha médico. Na sala de parto minha mãe gritou e uma enfermeira veio até nós. Quando o médico chegou na sala eu já tinha nascido”.

“Essas pessoas que me contaram essas histórias acreditam que isso que elas viveram foi porque mereceram ou porque não tinha outra forma das coisas aconteceram. Muitas delas têm o pensamento de que a vida realmente é dolorosa, ou que as histórias delas foram apagadas, sem significado.

“No livro há histórias de várias vivências dolorosas, têm súicidio, tem violência, tem doença, tem mortalidade infantil. O meu livro tem várias temáticas e eu gostaria que as pessoas que passam por isso ou que conhecem alguém que vivenciou situações parecidas, que se sintam acolhidas. De que a história delas não foram apagadas, que o que elas viveram é importante. Eu quero que as questões que foram retratadas no livro  possam ser evidenciadas para fins de prevenção, para que esse padrão não venha continuar se repetindo”.   

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