Tradicional na ceia de Natal, nem toda família valadarense optará pelo peru em suas mesas

Alguns optam pela ave por ser tradição em família, já outros usam a criatividade para ter uma mesa farta

O peru é um prato típico no dia de Ação de Graças nos Estados Unidos e virou tradição em reuniões familiares de Natal, inclusive no Brasil. Apesar de ser considerado tradicional neste período, nem todo mundo opta pelo peru no Natal, pois é uma ave mais pesada e firme que o frango, além de ter um sabor mais acentuado. Além do sabor, o preço também não é chamativo para muita gente, já que normalmente a peça é vendida inteira e congelada.

Em pesquisa realizada nesta terça-feira em alguns supermercados de Governador Valadares, o peru congelado foi encontrado por valores entre R$ 16,48 e R$ 18,48 o quilo, variação de acordo com as opções de marca encontradas. Uma peça inteira, por exemplo, pode ser comprada entre R$ 68 e R$ 80.

Uma outra ave que se tornou tradicional neste período de Natal é o chester, que é um frango desenvolvido para ter um crescimento mais devagar e ter um rendimento maior na parte do peito. O chester se popularizou no Brasil em meados de 1980 para rivalizar com o peru. Em Valadares, é possível encontrar a ave a um preço não muito diferente do peru. Foi encontrado entre R$ 17,98 e R$ 19,99 o quilo. Uma peça inteira está variando entre R$ 65 e R$ 84.

Leonardo Vieira sempre se reúne com a família na noite de Natal (Foto: Arquivo Pessoal)

O psicólogo Leonardo Vieira é casado, tem dois filhos pequenos e mora no bairro Cidade Nova. Ele conta que normalmente a ceia de Natal acontece na casa de seus pais, no bairro Nossa Senhora das Graças, junto com tios e primos, e o peru fará parte da mesa no dia da ceia, além de outras variações de carnes.

“Todos os anos a nossa família se reúne e temos o hábito de ter o peru, juntamente com outras variedades de carne, na ceia. O peru porque a gente gosta e por ter muito a ver com o momento, mas a gente adaptou a nossa mesa com outras carnes, porque dá uma variedade para quem não gosta. Além de ter opções mais baratas, este ano com o preço em alta isso faz mais sentido ainda. Não é deixar de ter, mas não é mais a carne principal para ser consumida nesse período do ano”, disse.

Atualmente desempregada, Denise Santana, moradora do bairro Elvamar, explica que normalmente as reuniões de Natal da família chegam a ter 26 pessoas em uma noite, mas, devido à pandemia, e também a compromissos profissionais de alguns familiares, a previsão é de reunir 16 pessoas na ceia deste ano.

Denise Santana já sabe como será a ceia de Natal com os pais e os irmãos (Foto: Arquivo pessoal)

Denise Santana destaca que o peru não está nos planos na mesa da família, que optará por uma carne de porco assada, além de salada tropical e sobremesa. Ela ressalta que, se fizer uma boa pesquisa e tiver criatividade, dá para fazer uma mesa de Natal farta.

“A dinâmica de Natal foi modificada, não só a quantidade de pessoas, mas também em relação ao cardápio. O arroz, por exemplo, tá muito caro. A gente está pensando em fazer uma carne de porco assada e que vai render mais, além de salada e sobremesa mais em conta. A renda familiar não é a mesma como foi em fevereiro e março, pois, infelizmente, não se trabalhou como geralmente aconteceu antes da pandemia. Vamos buscar meios alternativos para fazer a nossa mesa. Creio que muita gente vai trocar o peru e o chester por frango ou outros tipos de carne, como a de boi, que, mesmo cara, demora menos tempo no cozimento, diferente do peru, que tem um tempo mais demorado. Queremos ter um Natal farto e agradável, mas algumas adaptações são necessárias. Vendo e pesquisando os preços, é possível fazer algo bacana. Salada tropical, por exemplo. Está fácil de conseguir manga neste tempo, além das hortaliças, que achamos com um preço bom”, disse.

Sócio-proprietário de uma rede de supermercados em Valadares, André Diniz tem perspectiva de crescimento nas vendas neste período de Natal comparado aos anos anteriores. “A tendência é que as festas de fim de ano sejam mais em família, e o setor supermercadista está apostando em crescimento real de mais de 10% sobre 2019. As vendas que se dividiam com os buffets, restaurantes e clubes vão se concentrar nesses encontros familiares”, disse.

A gerente de marketing de uma outra rede de supermercados na cidade, Brina Vasconcelos, confirma que existe a procura pelos produtos natalinos, mas ressalta que perspectivas de vendas maiores serão na próxima semana.

“Tem saído bastante alguns produtos natalinos, principalmente panetone e ingredientes de doces e sobremesas, além de champanhe, frutas cristalizadas, dentre outros. Sobre as aves, a gente já tem um volume de vendas, mas o maior volume é esperado na próxima semana, pois o pessoal deixa para fazer as compras mais perto da data, principalmente os itens grandes e de armazenamento. Isso já é uma postura normal do consumidor nessa época. As pessoas não vão deixar de se reunir, mesmo que seja com número menor, por isso a expectativa é boa, e isso deverá ser favorável para as vendas”, afirmou.

Denise Carvalho trabalha vendendo frutas no centro de Valadares (Foto: Fábio Velame)

Denise Carvalho é vendedora e trabalha com barraquinha de frutas no centro da cidade. Ela revela que tem conseguido vender bem nesse período próximo ao Natal, destacando que a uva e o morango são as frutas que mais têm saído.

“A uva e o morango, que normalmente fazem parte de pratos em noites de Natal, têm saído em número maior, comparado às outras frutas que vendo. Creio que semana que vem o volume de vendas aumente. O pessoal tem procurado, mesmo com toda essa confusão mundial provocada pela pandemia. Acredito que essa busca grande seja pela proximidade do Natal, que este ano será uma data comemorada mais em família, já que não terá outros lugares para ir, por causa da pandemia e aglomeração”, disse.

Elenilson Marques já esperava o cenário de queda na procura por cestas de Natal devido à pandemia (Foto: Fábio Velame)

Elenilson Marques é sócio-proprietário de uma loja de artigos de presentes e flores localizada na região central de Valadares. Ele reconhece que a pandemia afetou em todos os sentidos e por isso já esperava uma queda na procura de cestas de Natal em sua loja.

“Realmente, a pandemia tem afetado, por isso não é surpresa para nós essa situação do mercado hoje. Nem digo que diminuiu em quantidade, mas a procura é maior por cestas de Natal de menor valor, principalmente por parte de grandes empresas que têm muitos funcionários. Quem comprava uma cesta de 200 reais agora quer uma de 100 reais. A rentabilidade das pessoas caiu um pouco devido à pandemia. Muita gente está desempregada. Então, é certo que haverá uma queda na procura, se for comparado com anos anteriores”, acredita.

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