Sem vagas nas UTIs, município acionou Estado para reencaminhar pacientes para outras cidades que tenham leitos disponíveis
A notícia de que Valadares não tinha mais leitos de UTI Covid disponíveis devido à lotação, tanto no SUS como na rede particular, gerou um novo decreto municipal ontem (12) com restrições das atividades comerciais, sociais e religiosas. A secretária municipal de Saúde, Caroline Sangali, explicou ao Diário do Rio Doce, na manhã deste sábado, 13, a atual situação do município no trabalho de conter a pandemia e não necessitar decretar lockdown.
De acordo com a secretária, com a não disponibilidade de UTI Covid no momento em Valadares, o Estado foi acionado através da Superintendência de Saúde sobre a necessidade de reencaminhar as pessoas que precisam de leitos para outras unidades hospitalares, em outros municípios, e garantir que nenhum paciente fique sem assistência. Caroline ressalta que a situação é difícil, não só em Valadares. “A situação é de fato preocupante. Infelizmente essa não é só uma realidade de Governador Valadares, mas do país como um todo. Sempre trabalhamos com educação em saúde para conscientizar a população, e investiremos ainda mais”, disse.
Sobre essa conscientização da população, a secretária entende que houve um afrouxamento das pessoas na questão dos cuidados necessários para evitar a contaminação. “Percebemos que o comportamento de grande parte dos brasileiros, desde o início da pandemia no país, é de afrouxamento das medidas restritivas. Em especial neste ano, com a chegada das vacinas, entendemos que a população se descuidou ainda mais das medidas, com a desculpa que ‘agora já temos vacina’. Entretanto sabemos que temos que redobrar os cuidados pelo menos até vacinarmos toda a população, o que levará certo tempo”.
Sobre o efetivo de pessoas que trabalham na linha de frente da Covid-19, a secretária garante que o município tem profissionais qualificados para poder suprir a demanda. “Temos profissionais qualificados em todos os níveis de assistência para atendimento à população acometida. Investimos na contratação de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas e demais profissionais da saúde para enfrentamento da doença”.
Lockdown
Muitas cidades do Brasil já têm aderido ao lockdown, ação ainda mais restritiva para a população. Questionada sobre o momento atual de Valadares, a secretária revela que sim, existe a possibilidade de decretar lockdown. “Sim, apesar do município sempre buscar o equilíbrio entre a saúde e a economia, que foi inclusive um pedido da nossa população através de diversas manifestações. Porém para mantermos esse equilíbrio precisamos que todas as medidas necessárias estejam e continuem sendo tomadas, tanto pelos empresários quanto pela população, para que consigamos frear o vírus e assim garantir que não falte assistência à população e não tenhamos que fazer o lockdown”.
Em novembro do ano passado, a prefeitura cobrou ações mais concretas do Estado na regulação de pacientes enviados para Valadares, já que o município recebe pacientes de mais de 50 cidades. Segundo a secretária, após esta reunião, foi ampliado o número de leitos. “A partir daquela ação conjunta conseguimos implantar mais 10 novos leitos de UTI SUS Covid-19, para atendimento ao município e macrorregião, e a garantia do financiamento dos 58 leitos de UTI SUS Covid-19 que temos em nossa cidade”.
Compra de vacina
No dia 23 de fevereiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu que os municípios possam comprar e distribuir vacinas contra a Covid-19. Muitas prefeituras têm se movimentado para buscar formas de adquirir essas vacinas, como o Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras (Conectar), iniciativa da Frente Nacional de Prefeitos (FNP).
Caroline explica como Valadares tem pensado a possibilidade de também adquirir os imunizantes. “O município formalizou ao Instituto Butantan, à União Química e à Fiocruz o interesse na compra dos imunobiológicos, assim como nosso prefeito está em busca de outras estratégias para que isso seja possível. Também solicitamos ao Estado que volte a fornecer as doses da vacina para demais trabalhadores da saúde, visto que o quantitativo enviado foi baseado no quantitativo de vacinas contra Influenza (gripe), que tinham menor adesão e/ou baseado no cadastro nacional de estabelecimento de saúde, deixando de fora muitos profissionais”.