Percurso que liga Teófilo Otoni a Itambacuri recebeu visitantes de todo o país nos festejos da tradicional Festa de Agosto
O município de Itambacuri, no Vale do Mucuri, recebeu centenas de visitantes nos dias 29 e 30 de julho para celebrar a fé no Santuário de Nossa Senhora dos Anjos – Padroeira da cidade – e que atrai, anualmente, cerca de 30 mil visitantes. A história do local teve início há 150 anos quando os frades capuchinhos – ordem religiosa franciscana – vindos da Itália faziam o percurso de 42 quilômetros na estrada rural que vai da igreja São Francisco de Assis, em Teófilo Otoni, até o santuário em Itambacuri.
Dessa forma, nesse contexto histórico, o Sebrae Minas, com o apoio de entidades e lideranças locais, estruturou a Rota Caminhos Franciscanos que, durante a festa da padroeira de Itambacuri, recebe centenas de peregrinos e ‘biciclinos’, que caminham e pedalam pelo trecho. O percurso é um estímulo ao potencial religioso. Além de um meio de divulgação dos atrativos naturais, culturais e gastronômicos da região, da produção artesanal e do turismo de base comunitária.
Turismo religioso
“Nosso objetivo é desenvolver e fortalecer o turismo religioso na região, atraindo cada vez mais visitantes, estimulando o empreendedorismo e promovendo o desenvolvimento socioeconômico local, por meio da geração de emprego e renda”, afirma o gerente do Sebrae Minas da Regional Jequitinhonha e Mucuri, Rogério Nunes.
O peregrino Josean Castro, de Vila Velha (ES), fez o trajeto com a esposa, filha e genro. “Além de contemplar a natureza e as belezas cênicas, experimentamos o acolhimento e vivenciamos a história. Também refletimos sobre nossos limites, conhecemos as nossas condições e nos encontramos espiritualmente. Percorrer os Caminhos Franciscanos é olhar para dentro, para o céu, para a natureza e para o povo deste lugar que é maravilhoso”, reflete.
O percurso da rota a pé tem duração de dois dias. Pelo caminho, todo sinalizado, empreendedores locais foram capacitados pelo Sebrae Minas para acolher os peregrinos oferecendo cafés, refeições e hospedagem. Quem faz o trajeto também recebe o “Passaporte do Peregrino”. Esse passaporte, além de informações como serviços religiosos, pontos turísticos, passeios e atividades, também pode ser preenchido por carimbos nos pontos de apoio ao longo do percurso.
‘Biciclinos’
Um grupo de ciclistas organizado pelo empresário Gilberto Gouveia, intitulado de ‘biciclinos’ – para definir quem peregrina pela rota de bicicleta – saiu antes do amanhecer de domingo (30/7), de Teófilo Otoni, rumo ao Santuário em Itambacuri. “Fico muito feliz, principalmente, porque o povo acreditou na ideia. Foram dezenas de ciclistas que aceitaram o nosso convite. É impressionante ver a alegria e a satisfação de como somos recebidos pela comunidade local. Isso nos motiva a continuar incentivando todos a conhecerem o trecho, para que os Caminhos Franciscanos sejam ainda mais divulgados”, destaca.
Quem faz a rota encontra muito mais do que um chão seco e terra vermelha batida, como é estereotipada a região. Exemplos de superação, motivação, humildade e acolhimento estão em todo percurso. “É muito bom receber os visitantes. Sou muito feliz morando aqui”, conta Maria Aparecida Pereira ao compartilhar a sua história com todos que passam pela capela de Santo Antônio, criada há mais de 150 anos no alto da colina da comunidade rural de Capitólio. Nascida, batizada e criada neste ponto da rota, Maria recebe os peregrinos com o seu famoso bolinho de chuva, ao lado das amigas que, com sininhos nas mãos e sorriso no rosto, entoam o verso, “Seja bem-vindos olêlê, seja bem-vindos olálá! Paz e bem para você que vem nos visitar!”
