Retorno das aulas presenciais divide opiniões em Valadares

DRD ouviu a opinião de profissionais da saúde e educação sobre retorno presencial nas escolas em Valadares

A pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, expôs desafios que profissionais de educação estão enfrentando. O principal deles: o retorno presencial das aulas, que tem causado bastante discussão.

Em Governador Valadares, colégios particulares já retornaram com aulas presenciais e remotas no dia 18 de fevereiro. Na rede municipal de ensino, a previsão de retorno é no dia 23 de março.

Nas escolas públicas estaduais retorna no dia 8 de março, ainda restrita ao modelo remoto, em razão de decisão judicial em caráter liminar que impede o retorno de forma presencial em Minas Gerais.

Todas as escolas estaduais deverão seguir o protocolo e a estratégia educacional da Secretaria de Estado de Educação. No caso das instituições de ensino municipais e particulares, cabe a cada município avaliar se irá aderir ao protocolo estadual ou se cada prefeitura vai criar suas próprias regras para o funcionamento. 

Em Governador Valadares já foram registrados casos da Covid-19 em duas instituições particulares de ensino.

Volta às aulas presenciais: é ou não é seguro?

Sobre a retomada das aulas presenciais, o professor da rede estadual Wellington Ferreira disse que, no atual momento, em que aumentam as mortes por Covid-19 e o sistema de saúde beira o colapso, não é possível defender a reabertura das escolas. Na sua opinião, o retorno só será possível quando o Estado apresentar um plano robusto de vacinação e testagem em massa da população. “Nós trabalhadores da educação não somos contra o retorno presencial das aulas. O que nós queremos é um retorno seguro, com testagem em massa, vacina para todos, e que as escolas tenham infraestrutura adequada para os professores. Neste momento vemos escolas que não têm estrutura para atender às normas sanitárias, além de ser um ambiente fechado. A gente já vê acontecendo em outros estados a contaminação de alunos e professores, que voltaram para sala de aula. Isso aconteceu em São Paulo e outros estados também”, disse.

Ferreira usou o atual cenário da pandemia em Valadares: “Este momento não é seguro! Apesar de nosso município ter saído do programa Minas Consciente, nossa cidade está com níveis de morte que a colocaria na onda vermelha. É como eu disse: estamos entrando num período em que se comparado ao mesmo período no ano passado, foi crítico devido ao aumento do número de casos e de mortes frentes a pandemia. Observa-se que em todo o país os hospitais estão entrando em colapso e não queremos isso para nossa região”, diz.

Flávio Guimarães da Fonseca é virologista (especialidade que estuda os vírus e suas propriedades) e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na sua opinião, a decisão da retomada das atividades presenciais nas escolas foi acertada, mas com vacinação dos professores. “Essa resposta tem dois componentes. Primeiro é uma avaliação global; eu acho absolutamente incongruente manter escolas fechadas, mas manter bares e restaurantes abertos, por exemplo. É uma questão de prioridades, e não entendo a abertura de bares e restaurantes que favorece a aglomeração de pessoas. Além disso não entendo também a não colocação de profissionais de ensino, neste caso os professores, como grupo absolutamente prioritário na vacinação contra a covid, uma vez que foram os que sofreram nesse último ano”, comentou.

Apesar de concordar com retorno das aulas presenciais, Flávio se diz preocupado com o atual momento da pandemia no Brasil. “Por mais paradoxal que seja, nós vivemos o pior momento da pandemia. Até hoje não aprendemos enquanto população a gravidade desta doença, que completou um ano. Nessa circunstância, o retorno da escola parece inadequado. Apesar de que crianças e adolescentes são menos afetadas, mas são transmissores, podem se infectar e transmitir para avós, pais e outras pessoas. Mas assim que este momento melhorar eu sou totalmente a favor do retorno presencial das escolas, só que agora não é um bom momento”, afirma o virologista.

Alguns educadores em Valadares apoiam o retorno presencial. O professor Gilson Boy, do Ensino Fundamental do Colégio Ibituruna, por exemplo, aprova o retorno, mas ressalta a desigualdade entre escolas públicas e privadas: não se pode avaliar o retorno das atividades presenciais. “Eu sou totalmente a favor do retorno. O retorno tem garantido uma aprendizagem melhor do que on-line. Nós temos notado que nossos alunos estão mais desinibidos e desenvolvidos, após o retorno. Gera um medo no início, mas a escola tem dado segurança em tudo: máscara o tempo todo, álcool em gel em todas as salas. Os monitores acompanham os horários de intervalos para fiscalizar aglomerações no pátio. Eu me sinto bastante seguro. No caso das escolas públicas, eu acredito que ainda precisa de um pouquinho de investimento para oferecer essa mesma segurança para os alunos, mas infelizmente a educação pública está longe de ser o que a gente imagina. São mundos diferentes. Deveria priorizar também a vacinação dos educadores em todo o Brasil”, comentou.

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