Recuperandos de Inhapim fazem máscaras, coletes e calçamento

O trabalho é resultado da costura entre Judiciário, Promotoria e Prefeitura

Costurar. O mesmo que unir as partes. Normalmente de um pano, por meio de agulha e linha, mas pode ser por meio de um acordo também. E foi da costura entre Judiciário, Promotoria e Prefeitura que surgiram projetos executados pelos recuperandos da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Inhapim em prol da comarca. Recuperando é o nome dado a quem cumpre pena na Apac.

Um dos projetos já alinhavados é a fabricação de máscaras, que estão sendo entregues à Prefeitura de Inhapim para abastecer os postos de atendimento à saúde. As máscaras são distribuídas também para os demais servidores municipais e a população em geral, por meio das campanhas desenvolvidas com o objetivo de prevenir e combater o coronavírus.

Parte do material também é fornecido ao presídio da comarca, onde é destinado à proteção dos detentos, dos agentes penitenciários e dos demais servidores da unidade.

De acordo com a juíza da 1ª Vara Cível, Criminal e de Execuções Penais de Inhapim, Sibele Cristina Lopes de Sá Duarte, quem a ajudou a unir os pontos entre ideia e prática foi o promotor de Justiça Mateus Beghini Fernandes. Antes dele, o promotor Paulo Elias Severgnini Mendes Júnior a auxiliou no aprimoramento da Apac local.

Os recuperandos também estão em fase de produção de coletes de proteção, fabricados com material descartável, para uso dos servidores da saúde. Segundo a juíza, para a execução de ambos os projetos, foi fundamental o apoio de Mateus Beghini, que se empenhou para obter junto à Administração Municipal as máquinas de costura que foram cedidas à Apac.

De acordo com ela, a confecção de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) é um meio de trabalho a mais para os que estão privados de liberdade e é uma forma de contribuir para a sociedade, ao ajudar a reduzir os riscos de contaminação pelo novo coronavírus.

“É uma possibilidade de profissionalização. A pena que a sociedade dá, muitas vezes, é perpétua. Mesmo depois de cumprir a pena, há, ainda, muito preconceito”, afirmou, acrescentando que a profissionalização ajuda na recuperação do indivíduo e no seu retorno à sociedade.

A juíza elogiou o trabalho de sua equipe no fórum e o da Apac. Ela disse acreditar que o senso de pertencimento social advindo da confecção de equipamentos de proteção num momento de grande abalo da sociedade, aliado à valorização humana inerente à metodologia da Apac, criam ambiente favorável à verdadeira recuperação dos sentenciados.

Outra conquista

Do entrelaçamento dos profissionais junto às prefeituras da região surgiu mais uma construção: a fabricação de bloquetes para o calçamento que vai da Apac até a estrada de acesso à cidade. Segundo a magistrada, em época de chuva, ocorrem muitos problemas, porque o trecho é uma estrada de terra. “Quando chove, os carros ficam atolados, há dificuldade de abastecimento na cidade, então o calçamento vai ser muito útil”, afirmou.

Este projeto contou com a participação das prefeituras locais. Fazem parte da Comarca de Inhapim os Municípios São João do Oriente, São Sebastião do Anta, São Domingos das Dores, Dom Cavati, Bugre e Iapu.

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