Paulo Kliass: sem pagar juro da dívida, Guedes teria o R$ 1 tri que quer em 3 anos’

FOTO: Divulgação

O ex-secretário de Previdência Complementar e especialista em políticas públicas e gestão governamental, Paulo Kliass, disse ontem que o governo vem adotando uma “ótica equivocada” em focar apenas no corte de despesas da reforma da Previdência para resolver a grave crise fiscal que enfrenta. Segundo ele, o mal a ser atacado é o pagamento dos juros da dívida pública, “que daria o R$ 1 trilhão que o Paulo Guedes quer economizar em 10 anos com a reforma em apenas três anos”, disse, referindo-se ao ministro da Economia.

“Há 20 anos o foco que se tem para resolver o déficit fiscal é cortar despesas, e isso a gente já sabe que não dá certo”, disse durante seminário sobre a Previdência promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), sendo o palestrante mais aplaudido na segunda parte do seminário iniciado pela manhã com a presença do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.

Ele criticou os argumentos usados pelo governo de que a Previdência é a causa do déficit fiscal, lembrando que a Previdência é um direito do cidadão brasileiro, e que, no caso do trabalhador rural, 99,2% dos benefícios “é a fortuna de um salário mínimo ao mês”, ironizou, e nos beneficiários urbanos, 80% receberiam menos do que um salário mínimo.

“É uma loucura, completamente equivocado deixar de fazer um modelo de Previdência que quem tem mais, contribui mais, e quem recebe menos contribui menos”, disse, sobre a atual proposta do governo. “Instituir no País o que se pretende é destruir o regime público, que propõe solidariedade, e é um direito de cidadania e transforma em mais um produto financeiro”, alertou.

Kliass, que trabalhou para o governo entre 1998 e 2000, afirmou que o Chile está na miséria porque optou por esse modelo, e o Brasil estará assim daqui a 35 anos. Ele disse ainda que a recuperação do emprego é a única maneira de se melhorar a economia do País, e lembrou que a reforma trabalhista, lançada pelo governo de Michel Temer com essa finalidade, também fracassou. “A reforma trabalhista para aumentar emprego só aumentou o desemprego e aumentou o emprego informal”, finalizou

por Denise Luna da Agência Estado

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