Pais lamentam suspensão de entrega de kits escolares em Valadares

Sem atividades presenciais de servidores públicos nas escolas da rede municipal de ensino, entrega dos kits, que estava acontecendo nesta semana, foi suspensa

A Prefeitura de Valadares havia anunciado que a retirada dos kits escolares para alunos do berçário ao 9º ano do ensino fundamental, matriculados em escolas municipais, poderia ser feita entre os dias 17 e 21 de maio. Porém, após liminar impetrada pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Governador Valadares (Sinsem-GV) e deferida pelo juiz da 4ª Vara Cível de Valadares, na última terça-feira (18 de maio), aconteceu a suspensão imediata de qualquer atividade presencial de servidores em escolas da rede municipal de ensino e das aulas presenciais, que estavam marcadas para retornar no dia 31 de maio. Com essa situação, pais de alunos lamentaram a suspensão da entrega dos kits, que, segundo eles, sempre são bem-vindos.

No mesmo dia do deferimento da liminar, a Prefeitura de Valadares, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SMED), anunciou a suspensão da entrega dos kits nas escolas, situação que também foi lamentada pelo secretário Municipal de Educação, José Geraldo Lemos Prata.

Mayara só soube da suspensão dos kits nesta sexta-feira (Foto: Arquivo Pessoal)

Mayara Souza Silva tem três filhos e atualmente trabalha como atendente em uma lanchonete. A filha mais nova, de 2 anos, está matriculada na Escola Municipal Padre José Luiz Tadeo, no Santa Helena. Mayara explica que só ficou sabendo da suspensão da entrega dos kits escolares na manhã de hoje (21), quando entrou em contato com a professora da filha, que avisou sobre a situação. “Havia marcado de retirar o kit entre os dias 19 e 20 de maio, mas acabei não indo porque estava passando mal. O kit escolar fará muita falta neste momento, pois a professora envia atividades toda semana e às vezes falta o material para concluir a atividade proposta, isso além de aliviar no orçamento.”

Áquila tem duas filhas que estudam na rede municipal de ensino (Foto: Arquivo Pessoal)

Áquila Andrade Soares é faxineira e mãe de duas filhas, uma de 13 anos e outra de 10 anos. Ambas estudam, respectivamente, no 8º ano e 5º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Padre Eulálio Lafuente Elorz, no Maria Eugênia. Ela conta que em 2020 retirou três kits durante todo o ano letivo para cada filha. Sem poder pegar os kits neste momento, diz que terá um gasto a mais. “Tenho duas filhas, sou mãe solteira, moro de aluguel e tenho que arcar com todas as despesas de casa. Essa situação reflete demais, pois os kits ajudam muito, até porque seria material para duas crianças. Esse gasto com material pode representar a compra de alguns itens para casa e até pagamentos de contas como luz, água, dentre outras coisas.”

Patrícia revela dificuldade neste período, que é de alfabetização do filho mais novo (Foto: Arquivo Pessoal)

Patrícia Suzi Oliveira é autônoma e mora no Jardim Alice com uma filha de 14 anos e um filho de 5 anos. O mais novo está matriculado na Escola Municipal Olegário Maciel, no JK 1. A cabeleireira explica que, mesmo sendo pouca quantidade, desafogaria no orçamento, que já está bem prejudicado. “Seria um gasto a menos que teria em casa. Mesmo que a quantidade seja pequena, faria diferença sim em meu orçamento hoje. Sou autônoma e sobrevivo do que eu faço. Depois da onda roxa, diminuiu a quantidade de clientes. Além disso, como estudar sem o material? Como fazer as atividades que a escola manda? Está um pouco difícil, porque meu filho está em fase de alfabetização e não tenho noção para alfabetizar uma criança. Seria ótimo se as escolas voltassem logo, até porque tudo está funcionando.”

Daniela conta que, quando puder pegar o kit, será uma bênção (Foto: Arquivo Pessoal)

Daniela Andrade de Souza é empregada doméstica. A filha mais velha, de 10 anos, estuda na Escola Municipal Prefeito Ronaldo Perim, no São Raimundo, enquanto o mais novo, que tem 3 anos, é matriculado na EMEIEF Damon de Lima, também do mesmo bairro. Ela ressalta que não tinha conseguido buscar os kits ainda, mas lamenta ter que esperar agora por causa da suspensão. “Ainda não havia retirado o kit, pois os horários não batiam, por causa do meu trabalho. Não tendo escola, temos que pagar uma pessoa para olhar as crianças. Iria pegar o kit na quinta-feira, mas não deu para ir. A minha filha até falou: ‘mãe, todo mundo pegou e você não vai pegar o meu e o do meu irmão?’. As crianças ficam felizes pegando o kit, e como não consegui retirar, ficaram tristes. Resta esperar a volta da entrega. As coisas estão caras e o kit, para nós, seria uma bênção, porque não consigo comprar esses materiais. Tendo o kit em casa, ajudaria a gente demais aqui.”

Terceiro ano seguido de entrega dos kits

O ano letivo de 2021 é o terceiro ano seguido que a Prefeitura de Valadares fornece kit com material escolar para alunos da rede municipal de ensino. A iniciativa tem como objetivo incentivar os quase 20 mil alunos da Rede Municipal de Educação. De acordo com a SMED, os materiais de cada kit escolar são de acordo com a faixa etária e atende alunos do berçário ao 9º ano, incluindo o EJA, zona rural e portadores de necessidades especiais. Nos kits estão cadernos, mochila, garrafa de água, apontador, lápis de cor, cola branca, tesoura sem ponta, giz de cera, porta lápis, régua, canetas esferográficas e pasta.

A distribuição deste ano, que havia começado em março, nas escolas municipais Realina Adelina Costa, no distrito Santo Antônio do Porto e Vicente Petronilho de Oliveira, no Córrego dos Bernardos, foi interrompida pelo agravamento dos casos de covid-19 na região de Valadares.

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