[the_ad id="288653"]

Iniciativa busca reflorestar 132 hectares na Ibituruna

Iniciativa busca reflorestar 132 hectares na Ibituruna
FOTO: Igor França/ DRD

GOVERNADOR VALADARES – “Gigante pela própria natureza…” O trecho do Hino Nacional Brasileiro parece descrever a grandiosidade da Ibituruna, o principal cartão-postal de Governador Valadares. Com seus 1.123 metros de altitude, ele se impõe na paisagem e dá boas-vindas a quem chega à cidade. Vista de longe, a montanha revela sua imponência; de perto, exibe um espetáculo natural esculpido pelo tempo. Mas, por trás da grandiosidade, há também fragilidade. As mudanças ambientais e as ações humanas afetam diretamente a paisagem verde da Ibituruna, muitas vezes ameaçada pelo fogo implacável. A partir disso, preservar esse ecossistema não é apenas um ato de respeito à natureza, é uma questão de sobrevivência.

Diante desse cenário, a jornada da Ibituruna rumo à restauração ambiental conta com a iniciativa do Ciaat (Centro de Informação e Assessoria Técnica), uma organização que atua na implementação de projetos ambientais e sustentáveis em Minas Gerais e Espírito Santo. É um trabalho minucioso, que envolve planejamento, técnicas avançadas e, acima de tudo, paciência. O projeto de restauração florestal já está em fase de implantação com o plantio de mais de 60 espécies nativas da Mata Atlântica, em 10 propriedades localizadas ao longo do território da Ibituruna. A iniciativa de reflorestamento começou em 2023. Em 2024 iniciou a execução do projeto com o plantio em áreas de recuperação. 

“Tudo se inicia com a escolha da micro região pelo comitê de bacias hidrográficas. A partir daí, a região fica eleita para ser contemplada com o projeto de restauração florestal. E a partir daí, as nossas equipes vão a campo fazer a validação das áreas, a escolha das propriedades, e elaborar os projetos técnicos de implantação. Nós ainda estamos na fase de implantação, onde foram plantadas aí mais de 60 espécies, aqui da Mata Atlântica, e a partir da implantação, nos anos subsequentes nós teremos a manutenção das florestas implantadas por volta de três anos até que os indicadores ecológicos sejam atingidos, e pelo que a gente tem acompanhado em todas as regiões, os projetos que a gente acompanha nos 15 municípios que a gente assiste, aqui está indo muito bem, nós estamos com a sobrevivência inicial aqui de 95%, o que nos deixa bastante confiante com relação ao sucesso do projeto”, explica Jerônimo Christo, gestor de projetos do Ciaat.

Até o momento o plantio alcançou 37,8 % da meta, isso equivale a 50 hectares. Segundo o Ciaat, em apenas uma dessas propriedades foram 8 hectares plantadas, ou seja, 27 mil plantas. A expectativa é que até 2026 seja concluído o plantio para o reflorestamento de 132 hectares. O projeto inclui o pagamento por serviços ambientais aos produtores rurais que cedem suas terras para a recuperação florestal.

O desafio do reflorestamento

Porém, a Ibituruna apresenta desafios únicos. “O fogo é uma realidade na região e ocorre todos os anos. Outro obstáculo é a declividade do terreno, que exige cuidados extras com segurança. Além disso, o solo pedregoso e compacto dificulta o desenvolvimento das mudas”, explica Péricles Bondim Satyro, coordenador de implementação do Ciaat. 

Para superar essas dificuldades, foram utilizadas técnicas como o plantio de sementes florestais, berços com dimensões maiores e adubação de cobertura com nitrogênio.

“Então a gente tem que encontrar as espécies adequadas para driblar essa dificuldade, saber aquelas espécies que desenvolvem melhor nesse ambiente, cada espécie tem uma área peculiar, umas são mais da baixa, outras são mais do alto, então a gente teve que identificar essas espécies, a gente chama de espécies estratégicas para a gente conseguir o sucesso aqui, a gente teve que fazer um preparo de solo também melhor, a gente trouxe condicionadores de solo, a gente fez uns berços com dimensões maiores para facilitar o desenvolvimento radicular das mudas plantadas aqui. Em algumas áreas a gente identificou que seria mais seguro até para os nossos operadores o plantio de semente. Então a gente tem uma propriedade inteira que foi plantada só com sementes florestais e está respondendo muito bem. E todo o resto, todo o trato é semelhante ao trato que a gente dá em outras regiões”, ressalta, Péricles Bondim Satyro. 

Vista parcial de Governador Valadares FOTO: Igor França/ DRD

A esperança que brota da terra

Recuperar áreas degradadas é um processo que exige tempo e cuidado. De acordo com o coordenador de implementação do Ciaat, o sucesso está na escolha certa das espécies, na qualidade da mão de obra e no respeito ao ciclo da natureza. “A gente plantou 27 mil berços. Desses 27 mil berços, nós perdemos, até hoje, que já foram replantados, inclusive, 1.310 mudas. Então, a gente teve o esforço de replantar apenas 1.310 mudas no universo e 27 mil. Então, bateu aí em torno de 5% de perda. Esse sucesso é devido a todo o preparo do solo, o capricho que foi dado na etapa de preparo, a seleção de mudas e, principalmente, o plantio sendo realizado na época certa. Como a gente trabalha em Valadares, que é uma região onde a janela de chuva ocorre ali, uma janela bem curta, de outubro a março, março já começa a findar essa janela de chuva, a gente tem que plantar no início dela. A gente conseguiu preparar essa área toda. Antes de outubro, quando chegou em outubro a gente conseguiu executar o plantio e finalizar ele ainda no meio da janela, que era janeiro de 2025, então o sucesso é o preparo, são os insumos que a gente utilizou para preparar o solo, todo o adubo que a gente utilizou, o condicionador de solo e a escolha das mudas, a mão de obra selecionada também para executar o plantio, uma mão de obra muito boa e principalmente o período de plantio, respeitando as águas previstas para o ano, explica Péricles.

Reflorestamento na Ibituruna – FOTO: Igor França/ DRD

A Ibituruna está recebendo não apenas novas árvores, mas também um novo olhar sobre a importância da sua preservação. “Então eu vejo que para a Ibituruna e para toda a comunidade valadarense é um grande impacto no visual da região, a gente está trazendo com isso também a fauna e melhorando a fauna e na flora, trazendo mais água para esses produtores, que a maioria deles tem aqui no Ibituruna. Dentro desse programa nós temos o pagamento por serviços ambientais, que é um valor que eles recebem anualmente por disponibilizar aquelas áreas que estão sendo apresentadas. E também a gente traz nesse nohall aí a questão da consciência ambiental para toda a região. Tendo em vista que a Ibituruna é um cartão da nossa cidade, eu vejo que esse projeto ele vem assim trazer uma consciência. Ambiental para toda a nossa região porque aqui pode e deve ser um espaço de visitação”, destaca Pedro Carlos dos Santos, diretor-presidente do Ciaat.

Prevenção e combate ao fogo

Os incêndios florestais são os maiores vilões da Ibituruna. Para combatê-los, é necessário ir além da emergência e focar na prevenção. 

“Dentro dessa etapa de prevenção, a gente contempla campanhas junto aos moradores aqui, até para evitar queimar lixo, evitar queimar pastagens, renovação. A gente está investindo muito nessas campanhas, a gente está melhorando os acessos, identificando o ponto com água. A gente já mapeou essa região inteira, onde chega com caminhonete, onde a gente consegue chegar com água, onde é que a gente consegue chegar com abafador e identificando pontos estratégicos, até para fazer um aceiros de emergência. Tudo isso vai ser entregue para os outros órgãos, para quem também está interessado em proteger a Ibituruna dos incêndios […] O fogo é uma realidade na Ibituruna que ano após ano ameaça a recuperação da região.O Ciaat tem investido em estruturas que permitam o controle do fogo antes que ele se espalhe, como aceiros mais largos, retardantes químicos, sopradores, drones e sistemas de comunicação eficientes. “Nosso objetivo é criar condições para que os brigadistas atuem com mais segurança e eficácia”, explica Péricles.

Atualmente, 16 pessoas trabalham diretamente no reflorestamento da Ibituruna, dedicando-se à restauração desse santuário natural. É um trabalho que demanda esforço e persistência, mas que já está transformando a paisagem.

Um futuro mais verde

O Pico do Ibituruna, tombado como monumento natural desde 1989 e protegido por lei desde 2014, é um patrimônio que precisa ser preservado. Sua história remonta ao século XVI, quando foi explorada pela primeira vez por Sebastião Fernandes Tourinho. 

O nome Ibituruna refere-se a Serra negra ou Nuvem Negra, atribuído originalmente pelo bandeirante Fernão Dias Paes. Além disso, Ibituruna significa árvore alta e frondosa, nome atribuído também às correntezas das ibiturunas no rio Doce. As condições geográficas possibilitaram a ocupação da região de Governador Valadares. Hoje, ele continua sendo um marco, atraindo visitantes e servindo como referência para a cidade.

Preservar a Ibituruna é garantir que as gerações futuras possam contemplar sua beleza, respirar seu ar puro e beber água de fontes que ainda vão renascer. O ciclo da vida se refaz na esperança de um amanhã mais verde. Os desafios existem, mas a resiliência e o trabalho duro garantem que a história da Ibituruna seja de renascimento. 

Comments 2

  1. Luciene De Bone says:

    Há anos vendo os incêndios devastaram a mata da Ibituruna, eu sonhava com.esta iniciativa de reflorestamento na área.
    Fico feliz de ler esta notícia!!!

  2. Rogerio Lopes says:

    Parabéns a iniciativa ainda que tardia!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

[the_ad_placement id="home-abaixo-da-linha-2"]

LEIA TAMBÉM

Confira os próximos feriados em Valadares em 2025

Confira os próximos feriados em Valadares em 2025

🔊 Clique e ouça a notícia GOVERNADOR VALADARES – Após o feriadão prolongado da Sexta-feira Santa (18) e do Dia de Tiradentes (21), muitos brasileiros puderam aproveitar quatro dias de