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Em pleno século XXI, queimadas continuam destruindo o planeta

FOTO: Agnaldo Souza/DRD

O mesmo ser humano que faz planos para ir a Marte continua destruindo o ambiente em que vive. Enfim a hipocrisia!

GOVERNADOR VALADARES – Você já ouviu falar de Elon Musk? Do Space X? Sim, aquele magnata da Tesla, dono do foguete que explodiu recentemente após o lançamento. A invenção, aliás, é de uma das empresas de Musk. A ideia é chegar a Marte e povoar o “planeta vermelho”. Parece uma utopia, mas a realidade é que estamos mais próximos de nos tornar marcianos do que entender que o Planeta Terra precisa de reparos e cuidados, como a nossa casa.

Assim como uma residência que, se não for reparada, se destrói, estamos aos poucos vendo a Terra ruir. Basta observar as mudanças climáticas para entender que as coisas não andam bem. O calor é extremo e as chuvas são tempestades destrutivas.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), “as mudanças podem ser naturais, como por meio de variações no ciclo solar. Mas, desde 1800, as atividades humanas têm sido o principal impulsionador das mudanças climáticas, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás”. Isso porque a queima de combustíveis fósseis gera emissões de gases de efeito estufa que agem como um grande cobertor em torno da Terra, retendo o calor do sol e aumentando as temperaturas.

Os gases de efeito estufa que estão causando mudanças climáticas incluem dióxido de carbono e metano. Isso vem do uso de gasolina para dirigir um carro ou carvão para aquecer um prédio, em outras partes do planeta, por exemplo.

O desmatamento de terras e florestas, causados, principalmente, por incêndios, também pode liberar dióxido de carbono. E esse é um dos problemas crônicos em todas as partes do País. Basta dar um rolê em volta de Valadares para notar que todo o entorno da cidade está queimado, em cinzas. O fato não ocorre apenas aqui. Há relatos de incêndios na Amazônia, no Pantanal e em várias outras partes do Brasil.

Minas Gerais registrou mais de 19 mil ocorrências de queimadas em 2022

Especialmente nos períodos de estiagem, de julho a outubro, é muito comum ver queimadas. Tanto que o Corpo de Bombeiros já fica preparado para o período em Minas. Só em 2022 foram mais de 19 mil ocorrências relacionadas a incêndios em vegetação em Minas Gerais.

O mais triste é que, de acordo com os Bombeiros, 99% dos casos foram provocados por ação humana, aliás, desumana. Isso porque o incêndio, além de destruir florestas, prejudica também o solo, os lençóis freáticos e a fauna, segundo o Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e coordenador do curso de Engenharia Civil e Ambiental da Univale, Hernani Santana.

“As queimadas destroem habitats, resultando na morte ou deslocamento de diversas espécies de animais e plantas. A perda de biodiversidade pode ter efeitos cascata, afetando toda a cadeia alimentar e o equilíbrio ecológico. A fumaça e as cinzas geradas pelas queimadas liberam poluentes, como monóxido de carbono e partículas finas, que são prejudiciais à saúde humana e animal e podem causar problemas respiratórios”, explica o especialista.

Além disso, segundo Santana, o solo e os rios também são afetados pelas queimadas. “A perda de vegetação deixa o solo mais vulnerável à erosão. Isso pode levar a um aumento do escoamento de sedimentos para os cursos de água, afetando a qualidade da água e prejudicando a vida aquática”, explica, ressaltando que afeta não apenas o meio ambiente, mas também a saúde e a economia. “O fogo pode alterar os ciclos de nutrientes e a dinâmica hídrica dos ecossistemas, afetando a regeneração de plantas e a disponibilidade de água. Esses impactos mostram como as queimadas são prejudiciais não apenas ao ambiente imediato, mas também a sistemas mais amplos, incluindo a saúde humana e a economia”.

Hernani Santana ressalta ainda que os impactos das queimadas, como emissão de gases de efeito estufa, alterações no albedo da Terra, além de efeitos nas nuvens, chuvas e qualidade do ar são globais. “Esses efeitos combinados mostram que os incêndios florestais não são apenas um desastre ambiental local, mas também têm implicações globais para o clima e o meio ambiente”, destaca.

Infelizmente, a recuperação de uma área degradada, ou incendiada, não é tão simples. Segundo o especialista, vários fatores como tipo de ecossistema, intensidade do incêndio, condições climáticas, intervenções humanas e a resiliência da fauna local podem afetar a recuperação. “Em termos gerais, um ecossistema pode começar a mostrar sinais de recuperação em poucos anos, mas a recuperação completa pode levar décadas ou até séculos, dependendo dos fatores mencionados acima”, explica.

Confirma alguns impactos dos incêndios florestais:

EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA: Incêndios florestais liberam grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) e outros gases de efeito estufa na atmosfera. Isso contribui para o aquecimento global e as mudanças climáticas.

ALTERAÇÃO DO ALBEDO DA TERRA: A queima de vegetação pode mudar a cor e a textura da superfície da Terra, afetando seu albedo (a quantidade de luz solar refletida de volta ao espaço). Superfícies mais escuras absorvem mais calor, o que pode influenciar os padrões climáticos locais e globais.

EFEITOS NAS NUVENS E PRECIPITAÇÃO: A fumaça e as partículas liberadas pelos incêndios podem afetar a formação de nuvens e padrões de precipitação. Isso pode alterar os ciclos de chuva em uma região.

IMPACTO SOBRE A VEGETAÇÃO: Incêndios destrutivos podem alterar ecossistemas inteiros, reduzindo a cobertura vegetal que ajuda na absorção de CO2. Isso pode agravar o efeito estufa.

EFEITOS NA QUALIDADE DO AR: Incêndios florestais também afetam a qualidade do ar, o que, embora não seja um impacto climático direto, tem implicações significativas para a saúde humana e para os ecossistemas.

Problema não é falta de lei, mas de vergonha na cara

Em Minas, uma lei foi criada há 23 anos para coibir os incêndios florestais. Ela é de 12 de novembro de 1990. No último mês ela completou 23 anos e, apesar disso, pouca coisa mudou. A sociedade continua vendo queimadas e mais queimadas destruindo o ecossistema.

As denúncias são raras. A aplicabilidade da lei também é falha, tendo em vista que os flagrantes são raros. No entanto o problema é muito maior que a aplicação da lei. Não se trata apenas de punir. É necessária uma mudança cultural, educacional. O mesmo incêndio que destrói um pasto, uma floresta, começa, muitas vezes, com o descarte de um cigarro em uma rodovia. Basta um palito de fósforo, uma bituca de cigarro, a queima de um lixo para que a situação se torne incontrolável.

Mas há esperança. Se até os cachorros pararam de correr atrás dos pneus dos carros, é possível mudar hábitos e culturas. O Corpo de Bombeiros dá algumas orientações: “Ao realizar acampamentos, seja bastante cuidadoso na hora de acender fogueiras, velas e lampiões. Quando não for mais usar a fogueira, confira se as brasas estão apagadas e resfriadas. Se possível, enterre as sobras de material (carvão, brasas e cinza). Não jogue os restos da fogueira no rio e nunca se ausente do acampamento deixando para trás restos de brasa”.

Os bombeiros alertam também que as latas de metal, “os cacos e garrafas de vidro podem se aquecer ao sol e acabar dando origem às queimadas. Não solte balões. Eles podem cair acesos em florestas, residências e indústrias, causando grandes prejuízos patrimoniais e até mesmo colocando a integridade física e a vida das pessoas em risco”.

Quando, porém, for necessário realizar alguma queimada controlada, a orientação é que tanto os Bombeiros, como o Instituto Estadual de Florestas (IEF), Polícia Militar e Defesa Civil sejam acionados.

Outra forma de contribuir para a mudança de cultura é denunciar às autoridades, através do 181 ou 190, os responsáveis por destruir o futuro não só do Planeta, como da sobrevivência humana.

Comments 1

  1. Kátia Lopes Torres Seixas says:

    Muito boa abordagem e oportuna .Aqui tivemos
    a pouco tempo ,um incêndio que alcançou as torres da Cemig .O Vale Verde ,sofre todo ano com a insensatez de um incendiário.Gracas a Deus ,o corpo de bombeiros foi rápido e não teve maiores proporções .Mas ,me causa indignação saber que os bichos morrem queimados . Tristeza demais .

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