Entre o início do ano passado e o meio deste ano, cada ida ao supermercado se tornou uma tortura para muitos brasileiros. A necessidade de manter os ambientes livres do coronavírus intensificou as medidas de higienização em casa ou no trabalho. Com isso, as vendas de produtos de limpeza cresceram consideravelmente. Porém, a alta procura também inflacionou os preços dos produtos de limpeza. Clínicas que precisam de uma demanda maior de produtos, por exemplo, estão enfrentando dificuldades.
A preocupação em evitar a proliferação do coronavírus levou os consumidores a comprarem, por exemplo, mais alvejantes e limpadores domésticos, cloro, pano de chão, dentre outros itens básicos de limpeza. E em Governador Valadares não tem sido diferente. Na loja de produtos de limpeza de Willerson Soares a clientela aumentou 60%. “Nunca trabalhei tanto na vida. Durante esse período as pessoas estão preocupadas com a limpeza dos ambientes por causa do vírus. Vendo produtos para algumas empresas também. No início da pandemia chegaram a faltar os produtos no mercado, e a gente teve que correr atrás de outras lojas para renovar o estoque. Os mais procurados são os utensílios de limpeza, como baldes, vassouras, pano de chão, cloro. Além disso, também houve o aumento expressivo de pessoas querendo mais praticidade na limpeza da casa e, por isso, compraram o rodo mop com balde.”
Mesmo com a melhora nos indicadores da pandemia, o empresário acredita que os hábitos de limpeza devem continuar entre os consumidores. “Esses hábitos de limpeza vieram pra ficar. Além de álcool gel, as pessoas vão usar mais produtos que deixam o ar mais cheiroso, vão limpar mais as mesas de trabalho. Acho que até mesmo depois que todo mundo se vacinar, vamos manter esses hábitos mais cuidadosos em casa.”
Com aumento da demanda, aumentaram os preços dos produtos
Se, por um lado, muitas empresas lucram com a alta procura por produtos de limpeza, outros segmentos estão tendo dificuldades com o aumento dos preços. Na clínica odontológica de Bruna Thébit, por exemplo, o gasto para manter o ambiente limpo e seguro cresceu mais de 50% na pandemia. Além disso, houve aumento nos valores de produtos essenciais para o trabalho. A dentista conta que um dos itens mais usados no consultório dela, as luvas, tiveram um aumento expressivo no valor. “Em janeiro de 2020 a gente comprava luvas por R$ 20 a caixa com 100 unidades, mas o preço foi subindo e chegamos a comprar até de R$90. Hoje em dia está custando R$60.”
De acordo com Bruna, no início da pandemia, alguns itens chegaram a faltar nas revendedoras.”Faltou e tivemos que esperar por um tempo. Agora que deu uma estabilizada no estoque”, disse.
Mudança de hábitos
A pandemia tornou os consumidores mais conscientes quanto à limpeza, especialmente de casa, o que acarretou um aumento significativo das vendas globais de produtos com foco em cuidados com o lar. Essa maior preocupação com a higiene de casa levou alvejantes e limpadores domésticos a experimentarem um aumento de 25% e 21%, respectivamente, tornando-se duas das seis únicas categorias que registraram crescimento de mais de 20% no mundo, segundo relatório Winning Omnichannel da Kantar.
No começo de 2020, a perspectiva da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (Abipla) era de crescimento anual de 3% a 3,5%, mas, só entre janeiro e julho, a entidade registrou aumento de 5,9% nas vendas de produtos desse segmento.
Logo no começo da pandemia se destacaram produtos específicos para limpeza e desinfecção de ambientes e objetos. Para se ter ideia, de acordo com a Nielsen, entre 16 e 22 de março os desinfetantes tiveram alta nas vendas de 80,3%, o álcool de limpeza apresentou alta de 96,6%, a água sanitária de 54,4%, detergentes líquidos de 52,2%, concentrados de limpeza de 43,2% e detergente em pó, de 40,3%.
