Dezenas de cães e gatos são encontrados mortos em cidade do interior do Estado

Nos últimos 30 dias, a morte de dezenas de cães e gatos na cidade de Caraí, no Vale do Jequitinhonha, chegou a proporções de tragédia e alvo de investigação policial.
FOTO: Prefeitura de Caraí

Polícia investiga quem seria a pessoa ou o grupo responsável pelas mortes dos animais

CARAÍ –  No domingo, dia 17 de dezembro, próximo ao ginásio da Escola Estadual de Caraí, uma pessoa encontrou um cachorro caído no chão. Ele estava tendo convulsão e espumava pela boca. Poucos minutos depois, o animal não resistiu e morreu no local.  

Nos últimos 30 dias, a morte de dezenas de cães e gatos na cidade de Caraí, no Vale do Jequitinhonha, chegou a proporções de tragédia e alvo de investigação policial. De acordo com a denúncia apresentada pela ONG Associação de Proteção Animal e Ambiental (Apaac) do município, ao menos 30 animais foram encontrados mortos com suspeita de envenenamento. O caso ainda chama mais atenção pela forma sistemática, e até criminosa, que envolve as circunstâncias das mortes.  

Aumento no número de morte de cães e gatos em Caraí

Há dois anos, Michely Pereira Souza está como presidente da ONG. Ela tem acompanhado de perto esses casos, e junto com outros protetores de animais da cidade estão em busca de um desfecho em relação à sequência de mortes de cães e gatos em Caraí. 

“Esse fato com maior intensidade tem acontecido há mais ou menos um mês. Ao todo, mais de 30 animais, entre cães e gatos, foram mortos. [Esses números] são dos casos que a gente está sabendo, porque pode ter acontecido também em outros cantos da cidade que não chegou até o conhecimento da gente. Pelo o que a gente tem visto, o veneno, acredito eu que seja algum pesticida, porque não se parece com chumbinho”, disse Michely Pereira Souza, presidente da Apaac.

Violência contra animais

Ainda de acordo com Michely, a forma como os animais foram encontrados mortos faz-se entender que se trata de um ataque, um ato de violência contra cães e gatos. Ela também relata que protetores de animais chegaram a encontrar veneno dentro das próprias casas. 

“Geralmente, os casos ocorrem no final de semana, à noite. Essas pessoas (ou essa pessoa) procuram um lugar onde não tem câmera, onde o Olho Vivo não consegue pegar. A situação aqui está muito triste, sofrida. Não tem quem ama animal que aguente passar pelo o que está acontecendo em Caraí. […] Em alguns casos foram jogados veneno em residências, ataque à residências de protetores. Teve um protetor que perdeu três animais. A prefeitura pela manhã recolhe esse animal e depois joga no lixo”, destacou Michely.  

Segundo a protetora de animais, em Caraí não há ações de políticas públicas efetivas de castração de cães e gatos e o Centro de Zoonoses atua apenas na vacinação de animais. “O castramóvel esteve aqui há uns dois anos. As castrações que acontecem são por conta da ONG, na qual a gente junta valores através de rifas e doações. Eu não acho muito alto, mas tem sim um número considerável de animais em situação de rua na cidade”. 

Em busca de um desfecho

Quando os casos começaram a ganhar proporções maiores, os protetores da ONG procuraram a Polícia Militar e a Prefeitura Municipal a fim de buscar alguma intervenção e responsabilizar quem estivesse por trás das mortes.  

Protetores de animais de Caraí alertam para os casos de mortes de cães e gatos na cidade – FOTO: Arquivo Pessoal/ Michely Pereira

“Eu tenho medo que essa pessoa volte a atacar, porque acho que a gente está tratando realmente de uma pessoa perigosa, um psicopata mesmo, assim. Uma pessoa cruel, assim, que está havendo sofrimento, assim, dos animais, que é uma coisa terrível. É assim, leva menos de dez minutos, mesmo entrando com um antitóxico, com o que a gente tem que entrar nesses casos de envenenamento, o animal não consegue sobreviver. Então é um sofrimento muito grande. E esses animais, os principais que foram atacados foram animais comunitários, animais que são castrados, animais que eram vacinados, animais que eram acolhidos pela ONG, sabe? Mesmo estando na rua, mas animal comunitário”, enfatizou Michely Pereira.

Prefeitura de Caraí se manifesta

A Prefeitura Municipal comunicou, na segunda-feira (18), que estava ciente da situação e que junto com a Polícia Militar tem atuado na resolução desse caso. Pelas redes sociais, o prefeito da cidade, Rodrigo Ferreira Chaves (Republicanos), repudiou o ato de violência contra os animais. No vídeo, em poucas palavras, o prefeito reforçou o empenho na resolução do caso.

“Esse assunto tem incomodado a gente. O poder público em geral tem se incomodado com essa questão dos animais que vêm sendo envenenados aqui na nossa cidade. Tomaremos medidas específicas em relação a esse fato. E vale lembrar que é um crime que tem pena de reclusão de dois a cinco anos. Então a Polícia Militar, Prefeitura Municipal, com o apoio da ONG, que são pessoas guerreiras que lutam pelos direitos desses animais indefesos, nós não vamos deixar simplesmente isso acontecer. Vamos justamente buscar medidas para resolver esse problema em Caraí”, disse no vídeo divulgado nas redes sociais o Tenente da Polícia Militar Paulo Viana. 

Prefeitura se reuniu com Polícia Militar e representantes da ONG para tratar sobre as mortes de cães e gatos na cidade – FOTO: Prefeitura de Caraí

Investigação 

Os registros das dezenas de mortes de animais em Caraí também foram parar na delegacia. A Polícia Civil de Novo Cruzeiro informou que está investigando os casos denunciados e que repudia qualquer tipo de violência contra animais domésticos. Além disso, reforça a importância da participação da população com informações e denúncias.  

“Sobre os recentes eventos envolvendo envenenamento de animais domésticos na cidade de Caraí, a Polícia Civil, por meio da delegacia de Novo Cruzeiro, informa que tão logo tomou conhecimento desses fatos instaurou procedimento investigatório e iniciou diligências necessárias para identificar e responsabilizar os possíveis autores desses crimes”, disse o delegado Richard Gutemberg. 

O município de Caraí, no Vale do Jequitinhonha, fica a aproximadamente 100 km de Teófilo Otoni, na região Nordeste do Estado. Segundo o IBGE, a população local é um pouco menos de 20 mil habitantes (19.548 pessoas). 

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