Conheça e ajude a ASCARF, associação que sobrevive da coleta de resíduos sólidos em Valadares

Todos os dias, por volta das 5 horas da manhã, Keila Alves, de 28 anos, acorda, deixa os filhos com parentes e vai para o galpão da  Associação de Catadores de Resíduos Sólidos Reciclando Hoje para um Futuro MelhorASCARF. Ela só retorna para casa à noite, às vezes de madrugada. É das ruas que a jovem tira o sustento da família. Ela também conta com a ajuda do esposo, Gilmarques, de 35 anos, que acorda um pouco mais cedo, antes de o caminhão da coleta seletiva passar para recolher o que é jogado no lixo.

A associação sobrevive de doações de algumas redes de supermercados de Valadares, entregues pela Prefeitura no galpão, quase que diariamente. Toda a renda dos materiais recicláveis é dividida entre os oito associados. Mas, desde a chegada da pandemia de covid-19, o volume de material coletado caiu drasticamente, afetando o futuro da associação.

Fundada em 18 de agosto de 2018, a ASCARF está localizada em um galpão na avenida Industrial, 296, no Distrito Industrial. O galpão foi cedido pela Prefeitura de Valadares. Os catadores vivem do que recolhem nas ruas ou de doações de garrafas pet, papelão, embalagens de produtos de limpeza, vidros, latinhas de cerveja ou refrigerante, panelas, fiação elétrica, entre outros. Quando conseguem coletar uma boa quantidade de materiais recicláveis, vendem para os “atravessadores” (Ferro Velho) e dividem o valor por igual entre os associados, que atualmente são oito. A renda varia entre R$ 150 e R$ 200 por mês. A atitude, além de ser fonte de renda dos associados, ajuda a diminuir o impacto ambiental decorrente do descarte desses materiais.

O galpão da ASCARF está localizado na avenida Industrial, 296, no Distrito Industrial

A coordenadora da ASCARF, Keila Alves, contou como é o trabalho dos associados diariamente: “Coletamos o lixo jogado na rua através de uma Kombi. Trazemos para o galpão e depois fazemos a triagem do que pode ou não ser comercializado. Depois de separado, o material é prensado, classificado e, por último, vendido para os atravessadores. Também contamos com doações de alguns supermercados. Nós eramos 55 catadores, mas, com a renda de R$ 100 a R$ 200, a maioria decidiu ir para o lixão e restaram só oito associados”, contou.

Após a coleta do material reciclável, os catadores retornam para o galpão para fazer a triagem do que pode ou não ser comercializado

Além das doações de materiais vindos de supermercados, a ASCARF conta com ajuda da Prefeitura. A Secretária Municipal de Educação (SMED), por exemplo, doa livros desatualizados e não mais utilizados pela rede municipal de ensino.

Nesta terça-feira (27), o SEMOV separou toda a sucata que estava sem serventia e ocupando espaço e doou para a Associação. Ao todo, foram oito mil quilos de ferro (mesas e cadeiras que foram inutilizadas pelas escolas do município). Esse montante foi revertido em aproximadamente R$ 4 mil para auxiliar nas despesas. “Graças às doações da Prefeitura, temos a oportunidade de arrecadar mais e dividir com os associados. É bom saber que tem gente ajudando”, agradeceu Keila.

Em junho deste ano, a Associação lançou, juntamente com a Univale, a Campanha “Panela Velha”, que tem por objetivo arrecadar panelas de alumínio ou de metal para serem vendidas para empresas de reciclagem. Os recursos serão utilizados na construção dos muros da sede da Associação, além de complementar a renda dos catadores.

Em Valadares são três pontos de coletas disponíveis para as arrecadações: Portaria do Campus I da Univale: rua Juiz de Paz José de Lemos, 695, bairro Vila Bretas; Portaria do Campus II da Univale: rua Israel Pinheiro, 2000, bairro Universitário; e sede da ASCARF (avenida Industrial, 296, Distrito Industrial). Ainda podem ser doados garrafas pet, papelão, papel branco e de produtos de limpeza, vidros, latinhas de cerveja e/ou refrigerante, panelas, fiação elétrica, vasilhames de água sanitária e amaciante, entre outros.

Catadoras também realizam outras atividades para manter o galpão da ASCARF

“Sobreviver com a renda tirada diariamente daqui é quase impossível. A gente sempre deixa de comprar uma coisa aqui e ali, e de vez em quando ganhamos uma cesta básica, que já ajuda muito.”

Keila Alves, coordenadora da ASCARF

Invisíveis

A reciclagem vem se tornado uma atitude indispensável para o meio ambiente. Mesmo assim, muitos catadores sofrem com o preconceito e a desvalorização de seu trabalho. “Sofremos com isso todos os dias. As pessoas olham pra gente com um olhar diferente, menosprezam nosso trabalho. Não entendem que estamos trabalhando para tirar nosso sustento e cuidando do meio ambiente ao mesmo tempo”, contou Keila.

Pandemia afeta renda de catadores

A associação dos catadores tem enfrentado dificuldades financeiras em razão da diminuição da quantidade de materiais recicláveis durante a pandemia de covid-19. Segundo Keila, o volume de material coletado caiu. Sem contar com o medo de contrair o vírus. “O descarte caiu bastante na pandemia, principalmente o de papel. Além da insegurança, vivemos com o medo de pegar a doença, mas não tem outra escolha. Se a gente parar de trabalhar, como vamos comprar alimento?”, questiona.

Como ajudar

Quem tiver interesse em ajudar a ASCARF deve procurar os pontos de coleta ou ligar para a Associação, que uma equipe vai até o local indicado buscar as doações. Empresas ou instituições geradoras de resíduos como papel, papelão e alumínio também podem ajudar. O telefone de contato é o (33) 98704-9426. A ASCARF fica na avenida Industrial, 296, Distrito Industrial, Valadares.

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