Carne de boi mantém alta e assusta consumidor valadarense

Açougues também traçam estratégias para conseguir fazer um preço mais em conta para o consumidor final

Com a alta demanda de exportação da carne bovina para fora do país e o aumento dos insumos que ajudam na engorda do gado, o preço da carne de boi no Brasil tem aumentado e assustado consumidores e até açougueiros. Mesmo com a possibilidade de ter o 13º salário e o saque do FGTS emergencial, o consumidor final tem buscado outras alternativas. Já os açougues traçam estratégias, apostando na fidelização do cliente.

O Diário do Rio Doce fez uma pesquisa hoje (2) em alguns açougues do Mercado Municipal e em uma rede de supermercados no bairro Grã-Duquesa. Os preços de carnes de boi encontrados foram os seguintes: contrafilé (R$ 35,90 a R$ 47,99); picanha (a partir R$ 49,90); filé mignon (R$ 45,90 a R$ 49,99); alcatra (R$ 39,90 a R$ 45,90); chã de dentro (R$ 32,50 a R$ 34,99); maçã de peito (R$ 27,99 a R$ 29,00); acém (R$ 26,90 a R$ 27,90).

Edmilson Rodrigues tem escolhido as carnes mais em conta na hora das compras (foto: arquivo pessoal)

O autônomo Edmilson Rodrigues reside no bairro Grã-Duquesa e mora com a esposa, um filho, dois enteados e um sobrinho. De acordo com ele, a opção muitas vezes tem que ser por uma carne mais barata, já que a carne de boi tem ficado inacessível. “Ninguém anda satisfeito com o preço da carne de boi, está muito caro. A alternativa é comprar frango um dia, bife de fígado outro dia, ovo ou alguma promoção que surgir. Mesmo que seja dois ou três reais mais barato, tem que correr e comprar”, disse.

Marcos de Castro é armador e mora no Sir (Foto: Arquivo Pessoal)

Marcos de Castro trabalha como armador no ramo da construção civil e mora com esposa e dois filhos no bairro Sir. Ele relata como a família tem se virado neste tempo de preço alto na carne de boi. “As opções têm sido carne de porco, frango e até o ovo. As coisas estão difíceis, não só na carne, frutas, legumes, alimento em geral têm ficado um absurdo. Com a pandemia, as coisas estão ficando cada vez mais difíceis para quem não tem uma renda tão grande. Não está fácil. É se apegar em Deus para vencer um dia de cada vez.”

Francisco Caetano Valadares tem renda complementada há 17 anos com venda de churrasquinho (Foto: Fábio Velame)

Francisco Caetano Valadares mora no Santa Helena. Para complementar a renda, vende churrasquinho na avenida Minas Gerais, na região do Grã-Duquesa. Mesmo com 18 anos trabalhando com churrasquinho, ele admite que os tempos estão difíceis, por causa da alta do preço das carnes. “Realmente está difícil. Eu até trabalho no ramo do churrasquinho para ser um complemento de renda. Com o aumento da carne de boi que teve em vários momentos deste ano, tive que mudar o preço do meu produto. A carne de boi subiu cerca de 40 por cento, e trabalhar nesse ramo tá complicado. Eu tenho um padrão de carne que uso, tenho um fornecedor que sempre me arruma uma carne boa e macia, mas o aumento do preço tem dificultado, pois a nossa margem de lucro está bem pequena.”

Proprietários de açougues revelam queda nas vendas de carne de boi

Proprietário de um açougue no Mercado Municipal, Breno Ribeiro revela queda na procura pela carne de boi, devido ao alto preço, situação que afeta não só os açougues, mas também o consumidor final. “Diminuiu a procura, tendo em vista o cenário atual de pandemia, que afetou diretamente o comércio. O aumento do preço da carne de boi está ligado direto às exportações, pois os produtores têm preferência de vender a carne para o mercado externo, por causa do pagamento em dólar e margem de lucro maior. O preço tem subido consideravelmente e afetado o consumidor final e o comércio varejista. Às vezes a alta acontece até duas vezes na semana, e a cobrança dos clientes é toda em cima do proprietário, como se fôssemos os responsáveis por regulamentar os preços. Às vezes não conseguimos repassar a alta dessa variação no preço final, pois, se fôssemos colocar tudo, não conseguiríamos manter a nossa cartela de clientes e recuperar esse percentual perdido nesses momentos de dificuldades.”

Breno Ribeiro conta que não repassa todo o aumento no valor ao consumidor (Foto: Fábio Velame)

Eliana Lucas, também conhecida como Lili, é gerente de um açougue no Mercado Municipal. Ela ressalta que as vendas diminuíram desde o início da pandemia, mas que estão trabalhando para poder oferecer a melhor condição para o cliente. “Estamos diminuindo a margem de lucro para continuar vendendo, conseguir fidelizar os clientes e ganhar na quantidade. A variação de preço assusta o cliente. Tem vez que o início de semana tá um preço e na sexta-feira já muda. Temos que fazer um malabarismo para não aumentar tudo de uma vez. A variação tá acontecendo semanalmente, até porque também, se aumentam o preço da ração do boi, o produtor aumenta o valor da carne. Estamos estudando modificações para conseguir trazer a carne mais em conta, que é o frango, pois aqui mexemos só com carne de boi, porco, linguiça e asa.”

Eliane Lucas gerencia um açougue no Mercado Municipal (Foto: Fábio Velame)

Willian Gonçalves é proprietário de um açougue no Mercado Municipal. Ele disse ter tido queda de arrecadação, situação que o preocupa, já que tem despesas para manter o estabelecimento aberto. “O preço da carne de boi aumentou muito mais de 30 por cento. Os meus maiores clientes, que são os restaurantes, pegavam grandes quantidades por dia. Agora atendendo só por delivery, tiveram que diminuir. Tinha restaurante que pegava cerca de 15 quilos de bifes por dia, mas hoje não pegam mais do que 3 quilos. A venda do porco cresceu, já que o preço dela é mais em conta, até em relação à carne de segunda do boi. Estamos esperando virar o ano, pois não creio que vá baixar o preço da carne neste momento. Sempre no fim do ano o preço já aumenta, por causa do maior consumo das pessoas. A variação do preço da carne de boi tem sido de 15 em 15 dias. A queda da arrecadação me afeta, pois tem as despesas de manter açougue, pagamento de funcionários, dentre outras coisas”.

Willian Gonçalves não tem expectativa de ver o preço da carne de boi baixar por agora (Foto: Fábio Velame)

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