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Boate Kiss: minissérie relembra tragédia que abalou o País há uma década

FOTO: Divulgação

A série retrata os inúmeros erros que levaram ao incêndio e a revolta dos pais e familiares com a impunidade dos envolvidos

Lançada recentemente, a minissérie “Todo Dia a Mesma Noite”, da Netflix, que relembra a tragédia ocorrida na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), fomentou o debate sobre o risco de incêndios em casas noturnas. A tragédia, que vitimou 242 pessoas e deixou mais de 600 feridos, completou 10 anos no dia 27 de janeiro de 2023. A série é baseada no livro da escritora e jornalista mineira Daniela Arbex. A produção audiovisual chegou ao Top 10 Mundial da plataforma.

A série retrata os inúmeros erros que levaram ao incêndio e a revolta dos pais e familiares com a impunidade dos envolvidos. Dentre os fatores apontados por peritos, que constam no processo, estão a superlotação, a falta de brigadistas, o uso de material inflamável no estabelecimento – o local possuía apenas uma saída -, faltava luzes para sinalizar a rota de emergência e a alteração dos locais do extintor para compor a decoração da boate.

Lei Kiss

Em entrevista ao DIÁRIO DO RIO DOCE, o sargento Fernando José Goulart, chefe do setor de análise de projetos do Corpo de Bombeiros em Valadares, explicou que após a tragédia ocorreram mudanças, como a  Lei 13.425, de março de 2017, conhecida como Lei Kiss.

“A criação da Lei Kiss, em 2017, estabeleceu um parâmetro nacional. Antes, a legislação era muito estadual, então, estabeleceu uma padronização federal. É uma lei que realmente ajuda a prevenir, se corretamente aplicada. Uma dessas imposições é que determinadas edificações para ter o alvará precisam estar vistoriadas e liberadas pelo Corpo de Bombeiros. Se tiver mais de 100 pessoas que transitam pelo local só pode ter liberação pela prefeitura, se tiver alvará dos Bombeiros”, afirma.

Lei 14.130

De acordo com o sargento, em 2013, ano em que aconteceu a tragédia, a legislação em Minas Gerais com relação às casas noturnas já estava bem ativa devido à Lei 14.130, criada também após um incêndio em uma boate. “Em Minas Gerais, nossa lei de prevenção a incêndio e pânico foi estabelecida depois de uma tragédia em uma casa noturna em BH, em 2001. O incêndio teve sete vítimas fatais e quase 200 feridos”, conta.

O incêndio na boate Kiss começou quando o vocalista da banda que tocava no local usou fogo de artifício que não era indoor, ou seja, não era específico para ambientes fechados. Ainda de acordo com o sargento Goulart, na época da tragédia, já era proibido o uso desses materiais em casas noturnas. “O incêndio da boate Kiss foi devido a uma série de fatores errados. É uma situação que nos ensina justamente o que não fazer. Causou uma comoção nacional e na época as pessoas ficaram mais preocupadas e atentas, começaram a reparar se nos locais havia saída de emergência. Já a atuação do Corpo de Bombeiros continuou a mesma, com muito rigor e exigindo o que está na legislação”.

Tragédia precisa ficar na memória dos brasileiros

Além disso, o sargento explicou o que os cidadãos podem fazer para se precaver quando forem a casas de show. “Por lei é exigido que os alvarás de liberação estejam fixados na entrada da edificação, o que tranquiliza as pessoas. Também é bom saber onde é a saída do local e se as rotas de fuga estão sinalizadas. Caso comece um incêndio é importante estar atento a qual é a saída mais próxima, não ficar tentando apagar incêndio se não tem treinamento para isso e ligar imediatamente para o 193”, disse.

A minissérie sobre a boate Kiss tem o objetivo de relembrar a tragédia para que o caso não se repita e continue sempre na memória dos brasileiros. É impossível assistir e não sentir tristeza e revolta. As cenas dos pais ligando para os filhos desesperados; os familiares tendo que localizar as vítimas em uma fila de cadáveres; os jovens amontoados no banheiro porque acharam que era a saída e morreram sufocados; dentre muitas outras, nos fazem colocar no lugar daqueles que partiram e no sofrimento daqueles que sobrevivem a dor da perda. E, também, a dor da impunidade.

“Eu quero justiça e que minha filha descanse em paz. Eu não quero que ninguém sinta a dor que eu sinto agora; acordado e dormindo, desde o dia que minha filha se foi. E eu tenho certeza que vou sentir até o dia que eu morrer”, diz o personagem Pedro Leal, que representa o pai de uma das vítimas.

Comments 1

  1. Ainda tem empresas, condomínios, templos religiosos, salões de festas e muitos outros cometendo as mesmas negligências. Depois que acontece a tragédia dirão que foi por mero acaso. Exemplo a isso tem o mercado central de Governador Valadares e muitos outros em toda a região.

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