Aumento no preço do gás de cozinha preocupa revendedores e consumidores de Valadares

Petrobrás anunciou reajuste de 5% no preço médio do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o qual entrou em vigor hoje. Aumento acumulado do ano já chega a 21,9%

Entrou em vigor, a partir desta quinta-feira (3), o aumento de 5% no preço médio do gás de cozinha. O reajuste foi anunciado ontem (2) pela Petrobras. Segundo a própria empresa estatal, de janeiro até o início deste mês, o aumento acumulado chegou a 21,9%, o que equivale a R$ 6,08 por botijão. Revendedores de gás e consumidores de Governador Valadares estão preocupados com os constantes aumentos.

Em uma pesquisa realizada nesta quinta-feira, em quatro revendedoras de gás na cidade, o preço para entrega na casa do cliente variou entre R$ 80 e R$ 87 a botijão de 13 kg. Em algumas dessas lojas é oferecido um preço diferenciado se o produto for retirado no local.

Nancy Michely faz bolos sob encomenda todos os dias – FOTO: Fábio Velame

Nancy Michely trabalha fazendo bolos todos os dias em casa há três anos. O consumo do gás na casa dela é de mês em mês e os constantes aumentos tiveram influência no preço do produto oferecido aos seus clientes no mês passado. “Eu fui tentando utilizar o forno elétrico para dar uma diminuída no consumo do gás, e ainda tento intercalar um e outro, mas está complicado. Nesse mês de novembro tive que fazer um reajuste para os clientes. Todo mês que comprei o gás teve uma diferença no valor e, juntando com outros materiais que uso, ficou impossível não repassar para o cliente. E no momento de crise que vivemos, com pandemia, pessoas desempregadas, ter que fazer um reajuste é bem complicado. A gente corre atrás de algumas promoções, compra um estoque maior de alguns produtos e tenta equilibrar com reajuste do gás e da luz, que também vai acontecer. Tento administrar de um jeito ou de outro.”

Keila Lopes diz que lucro da venda de bolos cai com os constantes aumentos – (Foto: Arquivo pessoal)

Keila Lopes também trabalha com vendas de bolo e lamenta mais um aumento, pois fica inviável não repassar o reajuste do produto que ela vende. “Tem mais ou menos dois anos que tenho trabalhado para mim, e normalmente aqui o gás dura em torno de um mês. É complicado esse aumento, porque acaba que nosso lucro vai todo embora. Se você repassa o valor para os clientes, muitos deles não entendem.”

Maria das Graças explica que tem que se virar para conseguir que a botija dure um mês – FOTO: Fábio Velame

Maria das Graças Vieira Pereira mora com o esposo no bairro Nossa Senhora das Graças. Apesar de serem só eles dois, ela recebe muita visita, situação que a deixa bem ocupada na beirada do fogão. “Aqui em casa somos duas pessoas no dia a dia, mas aqui vive constantemente cheio de pessoas para almoçar, tomar café e passar parte do dia. Como dono de casa, tenho que ficar esperta, pois, senão, o botijão não dura 30 dias. Eu tento evitar fazer muita coisa no forno, pois gasta mais e o custo de vida não está fácil. Por isso tenho que fazer um malabarismo para conseguir que a botija dure pelo menos trinta dias.”

Revendedora de gás administrada por Cássio de Araújo oferece preço menor se o produto for retirado no local – FOTO: Fábio Velame

Cássio de Araújo é sócio-proprietário de uma revendedora de gás no bairro Grã-Duquesa. Ele conta que está difícil segurar mais um aumento sem repassar o valor para o consumidor final. “Absorvemos alguns reajustes e repassamos outros, só que não conseguimos segurar nem mais um aumento. Se nós tivéssemos repassado todos os reajustes, hoje estaríamos vendendo o gás a R$ 105,00. Apesar da procura não ter diminuído, a concorrência aumentou.”

Yuri Dutra destaca que a margem de lucro por botija caiu muito – FOTO: Fábio Velame

O assistente administrativo de uma revendedora de gás no bairro de Lourdes, Yuri Dutra, ressalta que a margem de lucro sobre o botijão de gás caiu bastante, mas revela que o aumento do preço gás na empresa em que trabalha acontece de três em três anúncios de reajustes. “Desde quando a Petrobras começou a fazer a cotação de petróleo de cambial internacional, o preço do petróleo teve uma oscilação. Antigamente o gás era muito fixo o preço. Por mais que as pessoas digam que existe tabela, a própria política da ANP, órgão que fiscaliza isso, não permite tal situação. As empresas acabam capturando esses aumentos. Chegamos a ter uma redução de 44% de ganho, e hoje está em 17% e está instável de se operar. Tem também a necessidade do transporte, pois é muito raro o cliente vir até a loja retirar o produto, mesmo que tenha desconto. As empresas desse ramo absorvem esses aumentos e normalmente só repassam no valor do produto a partir do terceiro reajuste. Mesmo as empresas segurando os preços, é inevitável a ocorrência de reclamações dos clientes.”

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