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Até quando o Mamudão continuará sendo a casa do Democrata?

Construído na década de 60, estádio está com estrutura deteriorada, pela falta de cuidados nos últimos anos

ESPECIAL – Localizado na rua Osvaldo Cruz, no bairro Esplanada, o Estádio José Mammoud Abbas, o  Mamudão, foi palco de momentos memoráveis. Não só dentro das quatro linhas, quando a bola rolava. O Mamudão já recebeu o Rei – não o do futebol, Pelé, mas o rei Roberto Carlos -, em 1973, para um show inesquecível, que se encerrou com uma partida da Pantera contra um time do Espirito Santo (ES).

Perto de completar seis décadas de fundação, o estádio precisa de reforma em suas instalações ou um novo local à altura do Democrata. Esse, aliás, é o maior sonho de seu torcedor, para, quem sabe, retornar aos seus dias de glória e revelar talentos.

Caldeirão do interior

O Mamudão começou a ser erguido no dia 19 de fevereiro de 1949, quando o então prefeito de Governador Valadares, Dilermando Rodrigues de Melo, assinou o decreto n° 50, doando o terreno para a construção do estádio. A história da construção do estádio foi perfeitamente detalhada no livro “Democrata, a Pantera Cor-de-Raça” , de Tim Filho, jornalista e um dos fundadores da torcida organizada de mesmo nome.

“Artigo 1º – Fica o prefeito municipal autorizado a fazer doação ao Esporte Clube Democrata, associação esportiva desta cidade, para instalação de sua praça de esportes, um terreno constituído pelos quarteirões 59 e 147 da planta primitiva da cidade, com área de 22 mil metros quadrados, parcialmente circundado por muro e conhecido pela denominação Cemitério Novo, abrangendo 47 lotes e mais 4 que resultaram do fechamento da rua 394”.

Este é o artigo I, do Decreto Nº 50, assinado pelo então prefeito de Valadares, Dilermando Rodrigues de Melo, em 19 de fevereiro de 1949.

A doação, na verdade, foi uma “troca”. O terreno, que na época seria um cemitério, foi trocado pelo terreno onde é hoje a Praça da Estação, que era o campo do clube. Nessa troca, a Prefeitura exigiu que o terreno fosse inalienável. Assim, não poderia ser vendido.

Nessa situação, muitos se confundem e acham que o estádio é um patrimônio tombado pelo município. Mas não, ele é inalienável.

As obras se iniciaram em 1962 e, com algumas dificuldades, foram concluídas em 1963. Inicialmente, o estádio tinha o nome de José de Magalhães Pinto (homenagem ao então governador de Minas Gerais), mas mudou de nome na década de 80 para José Mammoud Abbas, em homenagem ao presidente do Democrata responsável pela construção.

A primeira parte da construção foi das estruturas de concreto armado para as arquibancadas e setor de cadeiras da rua Osvaldo Cruz.

De acordo com os arquivos do DRD, o jogo de abertura no Mamudão aconteceu somente em 1964 — um amistoso contra o Botafogo (RJ), com vitória do time carioca pelo placar de 2 a 0.

Chegada da luz

Depois de um tempo jogando somente à tarde ou pela manhã, veio a inauguração dos refletores. De acordo com o livro “Democrata, a Pantera Cor-de-Raça”, a inauguração aconteceu no dia 16 de novembro de 1976, com dois jogos.

Na preliminar, o Tabajara, de Galileia, venceu o Democrata por 1 x 0. No jogo principal, debaixo de muita chuva, Cruzeiro, de Nelinho, Raul, Darci Menezes e companhia, contra o América do Rio. Empate em 0 x 0. Quem viu essa partida garante que foi um jogaço.

A iluminação do estádio resolveu um problema antigo do Democrata, que não podia mandar os jogos no seu campo caso a FMF os marcasse para o horário noturno.

Arquibancada metálica, termômetro do Mamudão

A arquibancada metálica se tornou um símbolo no Mamudão. Ali é o caldeirão, o termômetro dos jogos, onde a torcida empurra o time para as vitórias ou vaia quando passa vexame em campo. A bateria da Cor-de-Raça é um espetáculo à parte. Poucos clubes do interior têm o privilégio de ter uma torcida tão apaixonada e vibrante.

Construção da arquibancada metálica

Almyr Vargas foi o presidente responsável pela construção da arquibancada atrás do gol (sentido rua Afonso Pena), da arquibancada metálica, além das reformas das arquibancadas de cimento e cadeiras. Na inauguração, no ano de 1981, houve um triangular com a participação de Democrata, Vasco e Flamengo. Nesse jogo, estava no Mamudão o presidente da FIFA naquela época, João Havellange.

Roberto Dinamite e Zico, as duas maiores estrelas de Vasco e Flamengo, não vieram porque estavam servindo a Seleção Brasileira.

Maior público

O maior público pagante registrado no Mamudão foi na partida Democrata 2 x 1 Cruzeiro, válida pelo hexagonal final do Campeonato Mineiro de 1991. Oficialmente, foram 10.269 torcedores, com renda de 25 milhões, 434 mil cruzeiros (moeda da época).

Historiadores e torcedores mais antigos do Democrata garantem que já houve públicos bem superiores, com mais de 15 a 20 mil pessoas.

Glórias eternizadas na memória do torcedor

O torcedor do Democrata é fanático. Ainda que a cidade esteja dividida entre atleticanos e cruzeirenses, a Pantera tem um lugar especial no coração do valadarense. Os saudosistas elegem os anos 60 e início dos anos 90 as décadas de ouro do alvinegro. Destaque para a maior rivalidade de Valadares: Democrata x Clube Atlético Pastoril.

Hadson Santiago é um colecionador de momentos históricos do Democrata

O torcedor Hadson Santiago é um colecionador de momentos históricos do Democrata. “Desde que me entendo por gente, eu vou ao estádio. Era prazeroso estar no Mamudão. Não frequento mais como antigamente. O jogo mais emocionante que vi foi Cruzeiro e Democrata, em 1981 (1×1). Foi um jogaço, uma atmosfera diferente, Mamudão lotado. Os gols foram marcados por Nelinho, de falta, e Fausto Rosa, pela Pantera”, contou.

Democrata campeão da Taça Minas Gerais no ano de 1981

Hoje com as arquibancadas sujas, instalações elétricas expostas e estruturas de concreto comprometidas, refletores penhorados para pagar dívidas, o estádio já não é mais um local seguro para assistir a uma partida de futebol, conforme Hadson.

“O estádio hoje é arcaico, o vestiário é horroroso, as cabines de transmissão também; deve ser uma vergonha para os outros times da capital jogar aqui. O estádio precisa de uma reforma urgente. Muito se fala na construção de um novo estádio. Eu acho que uma boa reforma já é o suficiente”, comentou.

Futuro sobre a construção de uma nova arena

No dia 15 de dezembro de 2014 a Câmara Municipal aprovou e sancionou uma lei que tornou o atual estádio alienável, desde que um novo estádio seja construído para o clube com capacidade mínima de 15 mil pessoas, que seja situado a 10 quilômetros do centro da cidade e obedeça às exigências mínimas exigidas pela FIFA. Mas até hoje nada saiu do papel.

Para o atual diretor de futebol do Democrata, Edvaldo Soares, a construção de uma arena multiuso precisa do incentivo de parcerias. “O Democrata tem um patrimônio, mas as dificuldades e o atual momento são complicados para pensar nisso. O projeto para construir uma nova arena não morreu; precisamos de parceiros que abracem a ideia. Enquanto eu estiver por lá e Deus me permitir, vou lutar por isso até o final”, afirmou.

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