As boas histórias dos produtores da agricultura familiar de Minas Gerais

A maior parte dos alimentos que chegam às casas dos brasileiros é produzida pela agricultura familiar. Como o próprio nome diz, tratam-se de pequenos produtores rurais que transformaram o trabalho no campo em um negócio de família, em que os pais contam com a ajuda dos filhos e parentes próximos para manter a produção de determinado alimento ou produto. 

De acordo com o IBGE, os agricultores familiares correspondem a 11% da produção de arroz, 42% do feijão preto, 70% da mandioca, 71% do pimentão e 45% do tomate. Na pecuária, produzem 64% do leite de vaca do país e concentram 31% do rebanho bovino nacional, 51% dos suínos e 46% das galinhas. Com tanto número assim, dá para perceber a importância desse setor para a alimentação da população.

Porém, indo mais além do que as estatísticas podem alcançar, por trás desse setor e de cada alimento produzido pela agricultura familiar há também histórias. Durante a AgriMinas, realizada em Governador Valadares entre os dias 8 e 10 de julho, produtores rurais do leste e nordeste de Minas trouxeram não só os produtos a serem apresentados e vendidos, mas também a experiência, a tradição e a cultura. 

A Feira Regional da Agricultura Familiar faz parte da ExpoAgro 2022, que acontece até domingo, dia 10 – Crédito: DRD/ TV Leste

Algumas pessoas fizeram uma longa viagem para chegar a Valadares, como é o caso do Luis Antônio do Lago, produtor de framboesa no sul do estado, em Campestres.   

“Nós fomos o terceiro produtor a plantar framboesa no Brasil. Tinha um produtor no Rio Grande do Sul e um em Campos dos Jordão (SP), aí a gente acreditou em produzir a framboesa em Minas […] Ainda tem muita gente que não conhece a framboesa, ainda pensa que framboesa é só importada, e nós estamos aqui mostrando que a nacional, a brasileira, também está ganhando espaço, e com qualidade”.     

Tem também a professora aposentada Rosângela de Andrade, que encontrou na produção de pimenta, em Frei Inocêncio, uma oportunidade de mudar de vida. 

“Eu fui professora a vida inteira, e de repente ‘caí’ em uma fazenda sem experiência nenhuma. Perdi o meu cargo no Estado e precisei procurar alguma coisa para repor o salário. Então me apaixonei por pimentas. Minha família toda consome muita pimenta, e já faz doze anos que eu sou feirante. Trabalho com pimentas. A gente planta, produz, confecciona os potes de vidros e participa desses movimentos fora de casa para ganhar experiências novas e mostrar o que a gente é capaz no campo”, disse Rosângela de Andrade.

Estande de Rosângela de Andrade, produtora de pimenta em Frei Inocêncio – Crédito: DRD/ TV Leste

Já Maria Aparecida é produtora de café, em Itaipé, e viu na agricultura familiar uma maneira de sustentar a família e expandir o negócio.

“A gente já produz café desde que começou na agricultura, nos anos 2000. Antes a gente vendia o café in natura, e de 2015 para cá a gente passou a fazer a limpeza dos grãos, depois a torragem e a moagem. Esse é o nosso trabalho, é o que a gente faz no dia a dia, o nosso ganha pão. A gente não tem carteira assinada, então o salário do mês é tirado nos produtos que a gente vende; e é uma satisfação enorme”, disse Maria Aparecida Batista Alves.

Maria Aparecida Batista Alves, produtora de café em Itaipé – Crédito: DRD/ TV Leste

O senhor Ermínio Ribeiro, de Itanhomi, não tem tantas pretensões de tornar o seu negócio de linguiça defumada algo grandioso. Para ele, trata-se apenas de plano pós- aposentadoria, um jeito de se manter ativo, tanto financeiramente quanto fisicamente.

“Não sou eu que produzo diretamente; eu passei o conhecimento para a minha esposa. Não é uma grande produção, porque a gente não é uma empresa, não funciona como tal, e foi uma coisa criada para melhorar um pouquinho a renda e para ocupar o tempo. É um trabalho gratificante, porque você vê a alegria da pessoa que consome o nosso produto”, contou Ermínio Ribeiro.

Erminio Ribeiro, produtor de linguiça defumada em Itanhomi – Crédito: DRD/ TV Leste

Na AgriMinas a cultura indígena também ganha espaço. O cacique Bayara, da tribo Geru-Tucunã Pataxó, de Açucena, apresenta objetos, adereços e utensílios de sua tradição em formato de arte. 

“Isso para a gente é uma valorização muito grande para estar divulgando o nosso artesanato. […] A gente nunca perdeu a nossa cultura, e esse trabalho é muito bacana, para poder mostrar isso. A AgriMinas é uma feira de agricultura familiar, em que todos os agricultores trazem o seu produto para vender e adquirir o seu kaiambá, que é o dinheiro. A feira agrega muito na criatividade do agricultor, mostrando os seus produtos”, diz cacique Bayara.

Cacique Bayara, da tribo Geru-Tucunã Pataxó, de Açucena – Crédito: DRD/ TV Leste

Histórias e tradições se misturam entre pessoas das mais diferentes regiões de Minas Gerais. Cada produto exposto, além do sabor e da qualidade, também carrega boas histórias.  

AgriMinas em Governador Valadares

A 1ª Feira Regional da Agricultura Familiar começou nesta sexta-feira (8), em Governador Valadares, e faz parte da programação da ExpoAgro 2022. Até domingo, dia 10, o galpão de shows da ExpoAgro vai receber 80 expositores da agricultura familiar de diferentes regiões de Minas Gerais.

“A AgriMinas é realizada em Belo Horizonte, onde já está na sua 13ª edição, e agora pela primeira vez, a partir das articulações com os parceiros locais, a gente está realizando a 1ª Feira Regional da Agricultura Familiar. Dentro da feira a gente está trazendo agricultores em sua maioria da região do Rio Doce, dessa região de Governador Valadares”, disse Marcos Vinícius Dias Nunes, diretor de política agrícola da Fetaemg, que promove a feira.

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