Alerta vermelho no setor empresarial de Valadares

Vereador Paulinho Costa quer abrir discussão na Câmara sobre a crise do setor empresarial de Valadares e busque soluções para o problema. FOTO: Arquivo/DRD

O número de lojas e empresas que fecharam as portas em Governador Valadares no ano de 2018 é assustador. E em 2019, para o desespero dos valadarenses, esse número pode aumentar. Com o agravamento da crise financeira e alta tributação cobrada pelo Estado, o índice de fechamento de lojas e indústrias levou Valadares a um dos patamares mais negativos dos últimos anos.

Quem circula pelas ruas no centro da cidade, por exemplo, vai se deparar com faixas e cartazes de “aluga-se” ou “vende-se”. A maior parte delas se encontra na rua Israel Pinheiro, onde o comércio é mais ativo. A Casa Gomes, uma renomada empresa no ramo de bicicletas, que atuou no mercado durante 60 anos, não conseguiu se manter diante da crise financeira e fechou as portas no ano passado. Outra que também não conseguiu se manter foi a Casa do Pescador. De acordo com boatos que circulam na cidade, as próximas da lista podem ser a AeC, Contact Center Consultoria e a Indústria de Baterias Tudor, que já reduziram o quadro de funcionários.

Discussão na Câmara Municipal

A situação das Baterias Tudor e da AeC foi pauta da primeira reunião ordinária deste mês de março na Câmara Municipal, quando o vereador Paulinho Costa (PDT) apresentou um requerimento de formação de uma comissão especial para ir a Belo Horizonte conversar com o governador Romeu Zema (Novo) e tentar reverter a situação das empresas na cidade.

Com três décadas de atuação em Valadares, a Indústria de Baterias Tudor, segundo Paulinho Costa, reduziu o quadro de pessoal de 430 funcionários para algo entre 60 a 70 pessoas. “A empresa está desativando sua produção de baterias. Investiu milhões em fornos e agora eles vão ser desativados por falta de matéria-prima. A decisão não é daqui. As Baterias Tudor são ligadas à matriz de São Paulo, mas não podemos apenas assistir às pessoas perderem seus empregos, o pão de cada dia. Além de não gerarmos empregos, ainda estamos perdendo os que temos”, afirmou o vereador.

Por telefone, a equipe de reportagem do jornal DIÁRIO DO RIO DOCE entrou em contato com diretor administrativo das Baterias Tudor em Valadares, Ricardo Miranda, que negou qualquer possibilidade de a indústria fechar as portas. Ricardo disse ainda que prefere dar mais detalhes sobre a situação da empresa em uma próxima oportunidade. “Estamos funcionando normalmente. Foi feita apenas uma transferência na produção de baterias para a matriz, em São Paulo. Tudo que está sendo espalhado é mentira”, disse.

Sobre a A&C, empresa prestadora de serviços de telemarketing, Paulinho Costa lembrou que, quando ela foi instalada na cidade, gerava 2,5 mil empregos, posteriormente reduzidos para mil, e hoje, segundo Costa, tem apenas 150 funcionários. “A&C está pra fechar em Valadares também. Hoje conta com 150 funcionários e ninguém toma providência. Cadê os deputados eleitos? Precisam trabalhar para gerar os empregos que nós tanto precisamos, para dar sustentação para as empresas que aqui estão instaladas. Quantas pessoas estão aí perdendo o emprego?”, questiona. O jornal DIÁRIO DO RIO DOCE não teve retorno da  A&C sobre o assunto.

Associação Comercial diz que pretende tomar providências

O fechamento de empresas no município também preocupa a Associação Comercial e Empresarial de Governador Valadares (ACEGV). A informação já chegou ao presidente da ACEGV, Jackson Lemos, que afirmou estar tomando providências. “Tudo que remete ao comércio e serviços é de interesse da Associação Comercial. O caso das Baterias Tudor já chegou até aqui. Houve de fato uma mudança na produção de baterias, mas ela não deixou de operar na cidade. É importante não espalhar boatos maldosos sobre isso. Sobre a AeC, é a mesma situação. Nós conversamos com eles. O que está acontecendo é apenas um contrato que chegou ao fim, e a empresa está passando por remanejamento de funcionários. Mas em breve vai voltar a contratar novamente”, assegura. Segundo Lemos, uma das alternativas para salvar o ramo empresarial é a inclusão do município na Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

“Na verdade, estamos passando por um problema econômico em todo o país. A gente vê com muita tristeza o fechamento da Casa Gomes, por exemplo, que atuava na cidade há muitos anos. A Associação Comercial tem buscado projetos para que Valadares melhore na questão de desenvolvimento. Um deles é a inclusão do município na região da Sudene. Já houve um grande avanço, com a aprovação do projeto na Câmara dos Deputados. O passo seguinte é ser aprovada no Senado Federal. Estamos trabalho para que tudo isso aconteça ainda em 2019. Quero destacar alguns feitos que podem ajudar a nossa economia. A Sala do Empreendedor é uma conquista nesse tempo; outra foi a criação da Cooperativa de Energia Renovável de Minas Gerais (Coopermig). Tudo isso vai ajudar no desenvolvimento da cidade”, garante.

A direção da AeC, em Governador Valadares e em São Paulo, foi contatada pela reportagem do DIÁRIO DO RIO DOCE, mas não foi possível falar com nenhum dos seus representantes. O espaço continua aberto para que eles possam se manifestar a respeito.

por Eduardo Lima | eduardolima@drd.com.br

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