A matemática por trás dos resultados dos estudantes medalhistas da OBMEP

Você é daqueles que, só de pensar em números, até mesmo para conferir o troco da padaria, precisa da ajuda da calculadora do celular para resolver esse tipo de questão?! Fica tranquilo, pois nesta reportagem a gente fala sobre números, mas de um jeito diferente. Afinal, nem todo mundo tem aquela afinidade com a área de exatas. 

Questão da 1ª fase da OBMEP de 2021 – IMAGEM: Reprodução/ OBMEP

Se de um lado da equação tem aqueles que veem a matemática como uma grande incógnita, do outro lado dessa conta tem gente que encara esse tipo de problema (como, por exemplo, a questão acima da prova da OBMEP de 2021) de uma forma mais simples de resolver.

“As olimpíadas em geral, não só a OBMEP, elas fazem com que você tenha que ter um raciocínio lógico maior. Não é tanto o conteúdo, é mais você saber pegar esse mesmo conteúdo e usá-lo de um jeito diferente, raciocinar diferente para resolver a mesma questão”, conta Caio Cordeiro Fabri, estudante de 18 anos, medalha de bronze na edição 2021 da Olimpíada Brasileira de Matemática. 

Caio Cordeiro Fabri, medalha de bronze na edição de 2021 da OBMEP – FOTO: DRD/ TV Leste

O Caio começou os estudos de matemática aos 4 anos, em casa, com direito ao irmão mais velho como professor. Hoje, aos 18 anos, ele já é praticamente um veterano em participações da OBMEP. Ao todo, já soma 5 medalhas, só na Olimpíada de Matemática.

“As provas olímpicas são difíceis de se preparar para elas no quesito que, você estudando para o ENEM ou qualquer outro vestibular que você queira prestar, não é o mesmo estilo de prova. Então o jeito que eu achei mais eficiente de se preparar é estudando as provas antigas e de outras olimpíadas. Tem o banco de questões que a própria OBMEP oferece, que fornece questões de provas antigas para você treinar, e também vídeos no Youtube ajudam muito”, explica Caio Cordeiro.  

Olhando para o desempenho do Caio é fácil pensar que, sendo bom com números, a escolha por uma carreira profissional na área de exatas seja um caminho natural para quem se destaca nas olimpíadas de matemática. No caso do jovem estudante, por exemplo, a ciência da computação é uma possibilidade não muito distante. 

Mas quando o assunto é matemática, nem tudo é o que parece. Estão aí a probabilidade e a Melissa para provar que os números podem levar a caminhos diferentes. A felicidade de ver o esforço nos estudos sendo reconhecida é uma fração do  que representa o certificado de menção honrosa pelas participações na OBMEP. Uma lição para levar para a vida inteira.  

“Pra mim é mais uma conquista em meio a isso tudo. Só o fato de eu ter passado em duas universidades federais e ser homenageada na área da matemática, para mim é uma conquista. Eu gosto dessa área [medicina] que vai abranger muito mais que só a matemática. Eu tô bem ansiosa, bem feliz por mais uma conquista, e muita gratidão pelas escola públicas onde eu estudei e os professores que me deram todo o apoio”, disse Melissa Pimentel Silva.

Melissa Pimentel Silva, menção honrosa pela participação na edição de 2021 da OBMEP – FOTO: DRD/ TV Leste

Quem também tem afinidade com os números e é frequentadora recorrente no pódio da matemática é a outra futura médica, a Camille Vitória, que por três vezes teve a experiência de receber uma medalha olímpica. Com a participação na última edição da OBMEP, a agora universitária recebeu, além da medalha de bronze, muitas motivações para continuar os estudos, seja longe ou perto da matemática.   

“Eu sempre gostei muito de matemática; eu já tinha essa facilidade em lidar com números, resolver as questões. Desde o sexto ano eu fui envolvida na OBMEP, e nesse tempo eu conquistei menções honrosas, medalha de bronze, medalha de prata e agora mais uma de bronze. E eu estou muito muito feliz por ter conseguido isso”, disse Camille Vitória Soares Oliveira, de 18 anos. 

Camille Vitoria Soares Oliveira, medalha de bronze na edição de 2021 da OBMEP – FOTO: DRD/ TV Leste

Depois de conhecer um pouco a história do Caio, da Camille, da Melissa e saber do desempenho deles na Olimpíada Brasileira de Matemática, uma questão fica em aberto: o que esses jovens estudantes têm em comum para se dar tão bem com números, cálculos e lógica? Será que existe um fator que determina o X dessa questão? 

O medalhista de ouro Rafhael Freitas, de 19 anos, destaque nas provas olímpicas de matemática em 2021, e o irmão mais novo, Lucas, de 16 anos, premiado com menção honrosa, parece que sabem bem a resposta quando perguntados sobre os fatores para os números serem algo bem familiar.

“Como irmãos, a gente sempre se apoiou muito, a gente sempre gostou de matemática, de estudar e de se ajudar também. Matemática sempre foi uma facilidade pra gente”, disse Rafhael Freitas Cupertino olhando para Lucas, que concorda com o que acabou de ouvir do irmão com um simples sinal de positivo, balançando a cabeça.  

Rafhael Freitas Cupertino (à esquerda) e Lucas Freitas Cupertino (à direita) – FOTO: DRD/ TV Leste

No final, a conclusão a que é possível chegar sobre a matemática por trás das histórias dos numerosos jovens talentos da OBMEP se traduz em algo que vai muito além da lógica. Por trás de cada Caio, Camille, Melissa, Rafhael, Lucas e de tantos medalhistas olímpicos da matemática, além do interesse pelos estudos, sempre há alguém para somar, multiplicar e elevar o potencial dos estudantes. 

“A gente sabe a importância do apoio a esses nossos alunos que são talentos. Nós temos alunos talentosos, nós temos alunos bons, mas, se eles não tiverem o apoio do professor, apoio da escola, direcionamento dos pais, o apoio da família, são alunos que às vezes ficam até invisíveis na escola. Por isso a gente sabe da importância do acompanhamento desses alunos. Então nós temos aqui alunos talentosos e pessoas que estão ao lado deles, apoiando sempre. Temos alunos sendo premiados pelo talento sim, mas também pelos apoio que eles recebem”, disse a diretora pedagógica da Superintendência Regional de Ensino de Governador Valadares, Rúbia Schattner, durante a entrega das medalhas aos destaques da OBMEP

Alunos de escolas públicas e privadas de Governador Valadares e cidades da região são premiadas pelo desempenho na edição de 2021 da OBMEP – FOTO: DRD/ TV Leste

O futuro dos jovens atletas da OBMEP pode não ser exato, mas o caminho para alcançar novos pódios segue em aberto, aguardando aqueles que se dispõem a aproveitar as inúmeras possibilidades pela frente.   

“A OBMEP só tem um objetivo principal: escolher esses talentos na área de exatas para que a gente possa abrir oportunidades para eles. Então, muito mais que a premiação, são as oportunidades que eles terão, de abrir portas no futuro profissional e fazer uma graduação. Nós já temos, por exemplo, alunos que hoje estão fazendo graduações por causa das medalhas que ganharam. Sem contar os alunos que fazem doutorado, ou pós-doutorado, através das medalhas que receberam”, contou Carlos Torrente, coordenador regional da OBMEP.

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