Nesta terça-feira, dia 13 de julho, é comemorado o Dia Mundial do Rock. Mesmo sendo conhecida por “Dia Mundial”, a data é comemorada somente no Brasil, graças a uma campanha promovida por rádios paulistas em 1990, a qual acabou consagrando o dia 13 como o Dia Mundial do Rock. A celebração foi amplamente aceita pelos ouvintes e, em poucos anos, passou a ser popular em todo o país. Em Governador Valadares, apesar de a pandemia ter impactado vários eventos agendados para esta data, apaixonados por rock’n roll não deixaram o 13 de julho passar em branco, seja ouvindo alguns discos preferidos, para os saudosistas, ou homenageando a banda favorita.
Origem do Dia Mundial do Rock
Em 13 de julho de 1985 aconteceu um grande evento chamado Live Aid, um show simultâneo em Londres, na Inglaterra e na Filadélfia, nos Estados Unidos. O objetivo principal era conscientizar a população mundial sobre a drástica pobreza e a fome na Etiópia.
O evento contou com a presença de renomados artistas e grupos de rock da época, como The Who, Led Zeppelin, Dire Straits, Queen, Joan Baez, David Bowie, Elton John, BB King, Sting, Scorpions, U2, Paul McCartney, Phil Collins (que tocou na Inglaterra e nos EUA), Eric Clapton, Black Sabbath, entre outros. O show foi transmitido ao vivo para diversos países. A produção contou com uma das maiores transmissões em larga escala por satélite e televisão de todos os tempos, resultando em mais de 1,5 bilhão de espectadores.
Valadarenses celebram o Dia do Rock e relembram momentos inesquecíveis
Governador Valadares já foi por um tempo conhecida como a “Cidade Mineira do Rock”. Assim afirma que esteve presente em shows de bandas nacionais, nas décadas de 80 e 90. Na cidade já ocorreram festivais de sucesso, entre eles, o Rock In Rio Doce, uma espécie de Rock In Rio, porém, no Parque de Exposições. “Já tivemos por aqui: Paralamas, Titãs, Barão Vermelho, Lobão, Los Hermannos, Raimundos, Planet Hemp, RPM, Rita Lee e muitos outros bons nomes nascidos aqui em Valadares. Além disso, já tivemos também a época do Fest Rock, que era maravilhoso, a Festa Fantasia, na Açucareira, que todo ano era com uma banda de rock nacional. Ou seja, a cidade já respirou rock por muito tempo”, contou o produtor audiovisual Daniel Hastenreiter, que além de baterista é pesquisador da cultura pop.
Daniel é também apaixonado por discos de vinil. Aliás, a paixão vem do berço, pois o pai era apaixonado por vinil. “Ouvir um vinil é um misto de sensações. Apreendi com meu pai e até hoje ouço vinil. É memória afetiva mesmo”, contou Daniel. Um dos discos preferidos do baterista é clássico do rock progressivo: The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd.
O músico valadarense Christyan Lima ressalta que o rock vai muito além de ser um estilo musical. Influenciou gerações, moda, atitudes e linguagens. “Tive o privilégio de acompanhar o ‘boom’ do Rock Nacional na década de 80, o surgimento de várias bandas; talvez o maior movimento foi da Música Popular Brasileira. O país saía de uma ditadura e a maneira que os jovens encontraram para extravasar sentimentos reprimidos foi a música. Além disso, o rock imprimiu um comportamento sobre política, sexo, drogas, liberdade e cotidiano. Foi a forma encontrada para dialogar com o público”, afirma.
A praticidade de hoje em dia ouvir um disco completo dos Beatles ou do Bob Dylan está na palma da mão, graças às plataformas de streaming de música. É possível pausar, ouvir e repetir um álbum inteiro ou o lançamento de uma música, ou descobrir novas bandas a qualquer hora do dia. Algo que era praticamente impossível em outros tempos.
“Tivemos acesso às bandas internacionais graças à MTV. A emissora foi fundamental para o elo dessa ligação, tendo crescido entre os anos 90 e 2000. Como toda evolução musical, o rock migrou para outros canais, juntamente com a tecnologia. Não frequenta mais as mídias de grande massa como a TV, mas está presente em canais alternativos, mantendo fiel seu público, que também cresce junto com as novas gerações. Mesmo com toda essa tecnologia, o rock nunca morre”, disse Christyan.
“Vovôs do Rock” ainda fazem sucesso em Valadares
Após viralizarem com o vídeo cantando California dreamin’, hit do grupo The Mamas & The Papas, lançado em 1965, os irmãos valadarenses Lúcio Ribeiro, de 73 anos, e Sebastião Marcos Ribeiro, de 69 anos, passaram a ser chamados e conhecidos como os “Vovôs do Rock”. A dupla dispensa comentários quando se trata de repertório de qualidade.
Para quem não sabe, nos anos 1960/1970, os Vovôs do Rock animaram muitas festas em Governador Valadares e outras cidades do Leste de Minas. Lúcio Ribeiro começou primeiro, em meados de 1965, na banda de música instrumental The Normans, que tinha ainda na formação Eduardo Cabral e Zé Maria. Anos depois, junto com seu irmão Tião Marcos e alguns amigos, formou a banda The Clevers Boys, que tocou por muitos anos em bailes e festas de Valadares.
O sucesso com a banda The Clevers Boys proporcionou a Lúcio Ribeiro e Tião Marcos uma turnê com o Rei do Rock de Minas, Eduardo Araújo, junto com outros músicos valadarenses, em 1972. “Foi uma experiência inesquecível para nós. Eu me lembro que fizemos uma apresentação na extinta TV Tupi; junto estava Caubi Peixoto. Depois foram outras apresentações. Era um tempo maravilhoso”, lembra Lúcio Ribeiro.