Valadares vive pior cenário de falta de medicamentos na rede pública de Saúde

O que deveria ser motivo de alívio para quem necessita se medicar, tem sido razão para se preocupar ainda mais. Afinal os valadarenses que contam com a rede pública de Saúde para adquirir medicamentos estão passando por uma fase bem complicada. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, Valadares está vivendo nada menos do que o pior cenário de desabastecimento de farmácias já registrado.

Farmácia que atende a pacientes do HM fica no SAD-GV, na rua São João, nº 350, Centro. | FOTO: DRD/TV Leste

Na manhã desta segunda-feira (18), Lílian Dias esteve no Serviço de Atenção Domiciliar (SAD – GV) na tentativa de conseguir uma amoxilina. Lílian relatou que está sentindo dores de ouvido há duas semanas. Então hoje ela foi à Policlínica para se consultar com um médico e, em seguida, passou na farmácia do HM para adquirir o medicamento. Mas, infelizmente, não obteve a resposta que esperava. “Não tem. Comprar é o jeito, né. Falaram que eu ia encontrar, mas não tem”, disse.

Lílian Dias foi ao SAD-GV, mas não encontrou o medicamento que precisava. | FOTO: DRD/TV Leste

Meses de espera por um medicamento

Quem também está vivendo um pesadelo no tratamento de diversas doenças é Dilma Gonçalves. A artesã precisou readaptar sua rotina de atividades após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Contudo além desse problema, outras complicações acometeram a saúde de Dilma. Segundo a artesã, atualmente ela também sofre de esclerodermia (enrijecimento da pele e de órgão internos) e lupus (afeta tecidos e órgãos).

No entanto Dilma Gonçalves expressou seu descontentamento ao deixar a unidade da Estratégia de Saúde Familiar (ESF) do bairro Jardim Pérola também nesta manhã.

“Eu pego na Secretaria de Saúde e, lá, tem três meses que está em falta. Lá na secretaria está em falta e, aqui, eu não pego porque não vem para o posto. Está complicado. Agora tenho que comprar ou aguardar conseguir. Só que não tenho condição de comprar. Na última vez que olhei, estava R$ 89 uma caixa, que dá para 30 dias. É esperar, não tem como”, se queixou.

Dilma Gonçalves está há 3 meses sem o medicamento que precisa. | FOTO: DRD/ TV Leste

Secretaria Municipal de Saúde esclarece situação

Diante dos relatos apresentados, a equipe do DRD esteve nesta manhã na Secretaria de Saúde de Valadares. Em entrevista, a secretária municipal de Saúde, Caroline Sangali, explicou os fatores que culminaram o atual problema. De acordo com Sangali, devido às dificuldades com a importação de produtos, houve redução da fabricação de medicamentos em todo o Brasil.

Dessa forma, houve baixa nos estoques e consequente aumento nos preços, que é “o ponto onde começa” a dificuldade do serviço municipal, segundo Caroline Sangali. Ela afirma que o setor público só pode adquirir os medicamentos em menor preço, para fornecê-los à população. Portanto se há um encarecimento muito expressivo dos remédios, o município é amplamente afetado, pois não dá conta de abastecer os hospitais e postos de saúde:

“A falta é uma falta nacional, devido à dificuldade de importação, os altos preços, é isso que está fazendo com que os medicamentos não cheguem aos nossos serviços. O serviço público é diferente de um serviço particular, que é só ir lá e comprar o medicamento. Não, o serviço público tem um processo licitatório, onde ele compra com menor preço. E isso está dificultando, porque os nossos fornecedores estão preferindo vender para quem paga mais. Então acaba que deserta [desabilita] o nosso pregão ou então eles mandam uma carta dizendo que não têm mais a intenção de entregar e que cancela a nossa pactuação do pregão já existente. A gente tentou, agora recentemente, uma compra emergencial, porém mesmo assim a gente não conseguiu encontrar o produto no mercado”.

Caroline Sangali (Secretária de Saúde de Valadares) | FOTO: DRD/ TV Leste

Desassistência

Além disso, a secretária municipal de Saúde destaca que entre os medicamentos mais escassos no momento estão o soro fisiológico, os anestésicos e os antibióticos. Para Caroline Sangali, o maior temor da Secretaria de Saúde de Valadares, neste cenário, é deixar a população desassistida. “As consequências principais são as desassistências. Por exemplo, as cirurgias sendo desmarcadas, de repente o paciente chegar para uma hemodiálise e não ter como fazer o tratamento porque está faltando soro fisiológico”, pontuou.

Por fim, Sangali falou sobre algumas das iniciativas da Secretaria de Saúde para amenizar o problema. Confira:

VÍDEO: DRD/TV Leste

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