Usuários reclamam de superlotação no transporte público em Valadares

Com a volta do comércio, ônibus ficam mais cheios. Situação vai contra as medidas de distanciamento social e normas de segurança para o transporte público

No último sábado, boa parte do comércio em Governador Valadares voltou a abrir as portas, depois de quase um mês de paralisação. O Decreto Municipal 11.143, de 17/4/2020, que flexibilizou o funcionamento de vários setores, causou mudanças na rotina da cidade. O número de pessoas circulando nas ruas voltou a crescer. Com isso, como já era possível prever, aumentou também a demanda pelo transporte público, o que acabou causando lotação nos ônibus urbanos.

O Diário do Rio Doce recebeu denúncias de que os veículos estariam lotados, contrariando as normas de segurança de prevenção à Covid-19. Além disso, também foram feitas reclamações sobre indisponibilidade de álcool gel e falta de higienização nos veículos.

Na página da Mobi no Facebook, os usuários também têm feito diversas reclamações.

Demanda pelo transporte público preocupa usuários

A estudante de Publicidade e Propaganda Yasmin Zinato, de 21 anos, contou que usar esse tipo de transporte em tempos de pandemia já é perigoso, e o fato de esses ônibus estarem lotados traz uma preocupação a mais.

“Nós que dependemos do transporte público ficamos preocupados, e o pior é que não tem como escapar disso. O que está causando mais indignação é a aglomeração nos transportes em época de pandemia, sem falar nos pontos de ônibus, que ficam lotados por causa do pequeno número de ônibus que estão circulando”, contou.

YASMIN ZINATO
CYNTHIA SOUZA

Assim como Yasmin, a comerciante Cynthia de Souza, de 23 anos, que também passa pelo transtorno de usar ônibus lotado, conta que conseguiu driblar a situação.

“Assim que decretado, a loja onde trabalho fechou as portas. Depois que voltou a funcionar, eu precisei usar o transporte público novamente, mas, como estava lotado, fiquei com medo, por causa da aglomeração, que deve ser evitada. Então, optei por pagar um mototáxi pra me levar todos os dias. Mas a realidade é que nem todos têm condição de fazer isso”, pontuou.

A estudante de Direito Greyce Gomes, de 21 anos, tem que usar o transporte coletivo todos os dias e falou sobre a preocupação não só com os passageiros, mas também com os motoristas.

“Se a Mobi se mostrasse mais preocupada, seria algo melhor e incentivaria as pessoas. Nos ônibus, nem os motoristas usam os equipamentos de proteção, como luvas e máscaras. Acho que o certo seria todos eles usarem esses equipamentos, e devia ser disponibilizado álcool em gel para as pessoas usarem ao entrar no ônibus.” .

GREYCE GOMES

Frota reduzida e adequações para o novo cenário

Procurada pelo DRD, a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos (SMOSU) de Governador Valadares informou que os ônibus do transporte coletivo urbano continuam circulando na cidade com sua capacidade reduzida.

De acordo com a nota enviada pela Prefeitura, “só para se ter uma ideia, antes de a pandemia do coronavírus (Covid-19) afetar o funcionamento do transporte coletivo na cidade, transportava-se uma média de 50 mil de passageiros/dia. Agora, a demanda é em torno de 19 mil passageiros/dia”.

Ainda de acordo com a Prefeitura, à medida que a demanda pelo serviço for aumentando, mais ônibus serão disponibilizados. Conforme a nota enviada ao DRD, a partir de amanhã (24), mais sete veículos estarão liberados para circular, com o objetivo de reforçar o atendimento aos usuários.

Mobi volta a enfatizar necessidade de apoio da Prefeitura

Há cerca de 10 dias, a Mobi Transporte Urbano, empresa responsável pelo transporte coletivo urbano em Valadares, já havia relatado uma possível crise no serviço, por causa da baixa arrecadação. A Mobi foi novamente procurada pelo DRD, para prestar informações sobre a situação.

De acordo com a empresa, já há algum tempo a Prefeitura tem sido alertada sobre o iminente colapso do sistema de transporte coletivo urbano. “O faturamento caiu 70 por cento e mais ônibus são solicitados para atender a lotação”, afirmou o diretor da Mobi, Felipe Carvalho.

Como solução, a empresa aponta a necessidade de reorganizar o funcionamento do comércio, para evitar o grande número de pessoas circulando.

“Medidas urgentes precisam ser tomadas, como a abertura e fechamento do comércio, indústria e serviços em horários diferentes, e restrições ao uso da gratuidade nos horários de pico”, afirmou Felipe Carvalho.

Ele também destacou que essas “são medidas emergenciais, que diversos municípios estão fazendo para manter a operação”.

(Por Camila Fernandes e Agnaldo Souza)

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