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Suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens

FOTO: Freepik

O tema precisa deixar de ser considerado tabu e passar a ser discutido como prioridade nas políticas públicas para a saúde

O suicídio aumentou 81% entre os adolescentes no Brasil, saltando de 3,5 suicídios por 100 mil adolescentes para 6,4. Os dados são da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde, e indicam que o aumento do risco de morte por suicídio se deu em todas as regiões do país.

Os valadarenses Cristina Grobério e Sandro Tiradentes perderam sua filha, de apenas 15 anos, no dia 12 de abril de 2023. A vida deles é dividida entre antes e depois da morte de Yasmin. Dessa forma, a família conversou com o DRD para alertar os pais a ficarem atentos aos comportamentos dos filhos e entenderem quais são as principais formas de prevenção ao suicídio.

“Antes da depressão, Yasmin era alegre, animada, brincalhona e engraçada. Já estava um pouco estressada, então tivemos dificuldade em notar que isso aumentou muito. Achávamos que era algo normal da adolescência. Mas ela era uma menina muito doce, amável, respeitosa, uma menina muito boa. Quando ficava nervosa era explosão de nervosismo, mas sempre voltava ao controle e pedia desculpa, e a gente via isso como uma questão comportamental e não [como uma] doença que já estava se instalando”, afirma a mãe da adolescente.

Segundo Cristina, sua filha começou a apresentar sintomas depressivos com 13 anos. “Percebíamos irritabilidade, apatia, falta de vontade de fazer as coisas, cansaço excessivo, dores físicas constantes no corpo; era um corpo sem energia”. Yasmin ficou em tratamento psicológico e psiquiátrico dos 13 aos 14 anos até receber alta e a família acreditar que essa fase terrível tinha finalmente passado.

“Dos 14 aos 15 anos ela estava em uma fase muito boa, não esperávamos que a depressão ia voltar, nem Yasmin esperava, e aí que mora o perigo. Trinta dias após a morte dela lemos os relatos dela e ela escreveu que a depressão voltou com tudo, o que nos surpreendeu muito. Não esperávamos que iria voltar e com tanta força. Na volta dos sintomas até a data da morte dela dá 25 dias”, conta.

De acordo com os relatos de Yasmin, ela não contava para a família o quanto estava depressiva novamente para não preocupá-los. Em uma das frases ela disse: “Minha mãe está tão feliz hoje, como posso contar para ela que não estou feliz?”, perguntou a garota em seu diário.

A psicóloga Elizabeth Dias explica que é muito normal esse comportamento nos adolescentes e crianças. “Os adolescentes têm dificuldade em verbalizar quando estão em sofrimento mental e para criança é ainda maior. Então a criança demonstra que está sofrendo emocionalmente com mudanças no comportamento como agressividade e sono desregulado, que podem ser um dos sinais. Afirmo a grande importância do contato entre pais e educadores. A escola precisa sinalizar para os pais comportamentos diferentes que levantam suspeitas de transtornos. Se os pais têm dúvidas e estão percebendo mudanças no comportamento procurem um psicólogo para avaliar a necessidade de encaminhar ou não a um psiquiatra. O profissional também vai orientar os pais em questões específicas sobre como ajudar e dar orientações mais práticas”, afirma.

O assunto precisa ser mais debatido

Sandro e Cristina têm, acima de tudo, se apegado à espiritualidade. Por meio de palestras em encontros na igreja, o casal tem buscado alertar pais e adolescentes sobre a gravidade da depressão. “Já tínhamos um apego espiritual muito forte e é isso que estamos passando para as pessoas. Conecte-se você também com sua espiritualidade para caso um desastre aconteça na sua vida, você esteja amparado pela espiritualidade. Estamos nos apegando às coisas que a gente gosta, nossa família e amigos, mas estão sendo dias intensos e muito difíceis”, conta Cristina.

“De acordo com o Centro de Valorização da Vida (CVV), 97% das pessoas que chegam à tentativa de suicídio têm transtorno mental. Para prevenir é indispensável que a pessoa faça tratamentos adequados. A prevenção tem relação direta com a família. A pessoa [precisa] entender que se trata de uma doença e precisa de tratamento psiquiátrico e psicológico”, declara a psicóloga Elizabeth.

Já para os pais de Yasmin, é imprescindível que o assunto seja mais abordado. “É preciso uma divulgação melhor do que é a depressão em si, a bipolaridade, borderline, doenças que podem levar ao suicídio. Têm que ser mais debatidos. Acreditamos que coletivamente evitaria. Estamos com uma geração adoecida. Os pais precisam entender que as coisas mudaram do tempo que a gente era criança para agora. Então pais fiquem atentos, olhem profundamente para os seus filhos. E claro, quando ver que uma pessoa corre risco de tirar a própria vida, tire de perto dela as possibilidades que tornem fácil ela cometer o ato. Valorize cada fala, peça ao seu filho para compartilhar o que está sentindo e procure ajuda profissional, essa é minha dica principal”, acrescenta Cristina.

Para entrar em contato com o CVV, basta discar 188. As conversas possuem total sigilo.

SINAIS DE ALERTA

Os sinais de alerta descritos abaixo não devem ser considerados isoladamente. Não há uma “receita” para detectar seguramente quando uma pessoa está vivenciando uma crise suicida, nem se tem algum tipo de tendência suicida. Entretanto um indivíduo em sofrimento pode dar certos sinais, que devem chamar a atenção de seus familiares e amigos próximos, sobretudo, se muitos desses sinais se manifestam ao mesmo tempo.

  • O aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas:
    essas manifestações não devem ser interpretadas como ameaças nem como chantagens emocionais, mas sim como avisos de alerta para um risco real.
  • Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança:
    as pessoas sob risco de suicídio costumam falar sobre morte e suicídio mais do que o comum, confessam se sentir sem esperanças, culpadas, com falta de autoestima e têm visão negativa de sua vida e futuro. Essas ideias podem estar expressas de forma escrita, verbal ou por meio de desenhos.
  • Expressão de ideias ou de intenções suicidas:
    fiquem atentos para os comentários abaixo. Pode parecer óbvio, mas muitas vezes são ignorados:
    • “Vou desaparecer.”
    • “Vou deixar vocês em paz.”
    • “Eu queria poder dormir e nunca mais acordar.”
    • “É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar.”
  • Isolamento:
    as pessoas com pensamentos suicidas podem se isolar, não atendendo a telefonemas, interagindo menos nas redes sociais, ficando em casa ou fechadas em seus quartos, reduzindo ou cancelando todas as atividades sociais, principalmente, aquelas que costumavam e gostavam de fazer.
  • Outros fatores:
    exposição ao agrotóxico, perda de emprego, crises políticas e econômicas, discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, agressões psicológicas e/ou físicas, sofrimento no trabalho, diminuição ou ausência de autocuidado, conflitos familiares, perda de um ente querido, doenças crônicas, dolorosas e/ou incapacitantes, entre outros, podem ser fatores que vulnerabilizam, ainda que não possam ser considerados como determinantes para o suicídio. Sendo assim, devem ser levados em consideração se o indivíduo apresenta outros sinais de alerta para o suicídio.

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