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Setor de transportes rodoviários soma 4 meses de queda na demanda

Afetado por outras crises desde 2014, setor prevê mais alguns meses de recessão antes de começar a se recuperar

“Tá difícil fazer entrega. Tem cidade que a gente chega e não deixam a gente entrar. Em outras a gente vai, chega lá, o comércio tá fechado, por isso que a rota atrasa”. Esta frase foi dita por um entregador de produtos alimentícios, depois de ser questionado pelo proprietário de uma padaria, na cidade de Capitão Andrade (MG), sobre o motivo do atraso nas entregas, que chegaram três dias depois do prazo. A rotina descrita por ele tem sido a nova realidade para o setor, desde o começo da pandemia de Covid-19. 

Os impactos da pandemia, entretanto, vão muito além de atraso nas entregas. Os prejuízos se acumulam com outros, que já vinham de crises anteriores, ainda não recuperadas. De acordo com uma pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), “entre 2014 e 2016, o transporte acumulou queda de 11,3% em seu PIB, mas recuperou apenas 6,6% entre 2017 e 2019. Assim, em três anos de recuperação, foi possível repor pouco mais da metade das perdas. 

Ainda de acordo com a CNT, outra métrica da crise ainda não superada são os empregos. “O estoque de trabalhadores do setor, em dezembro de 2019, era de 2,36 milhões – 6,4% menor que o registrado ao final de 2014 (2,52 milhões). Ou seja, o setor encerrou o ano passado com 160,4 mil empregos a  menos que o registrado no período pré-crise”. 

Queda na demanda prejudica setor de transportes

Essa primeira pesquisa foi divulgada pela CNT em março, quando a pandemia começava a crescer no país. Dois meses depois, em maio, a Confederação trouxe o dado de que 20.852 trabalhadores de carteira assinada no ramo de transportes já haviam perdido o emprego desde o começo da crise do novo coronavírus

Agora no fim do mês de julho, uma nova rodada da Pesquisa de Impacto no Transporte – Covid-19, da CNT, demonstrou que quase 75% das empresas do setor tiveram queda de demanda em junho. É o quarto mês consecutivo com registro de queda. Ainda de acordo com a pesquisa, 52,0% das empresas de transporte solicitaram aos bancos algum tipo de financiamento, sendo que mais da metade delas (54,3%) teve a sua solicitação negada.

Com tudo isso, a única coisa que cresceu dentro das empresas foram as dificuldades para realizar o pagamento dos funcionários. Por isso, 42,7% das empresas já recorreram à redução proporcional de jornada e salários. Para outras 43,6%, a solução foram as demissões. 

Ao divulgar os dados da pesquisa mais recente, o presidente da CNT, Vander Costa, fez um apelo por apoio governamental. “Entendemos que, após quatro meses de pandemia, se as iniciativas governamentais durante a crise não refletirem, na prática, o socorro emergencial efetivo às empresas, muitas transportadoras irão encerrar suas atividades. E segmentos, como o urbano de passageiros, podem entrar em colapso, o que certamente comprometerá o funcionamento e o abastecimento das cidades brasileiras, além da retomada da atividade econômica”, destacou.

Em 2018, com a greve geral dos caminhoneiros, o setor de transportes de carga e logística conseguiu demonstrar o quanto é essencial para o funcionamento da economia. Se eles param, o Brasil também para. 

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