“Queremos trabalhar”: comerciantes fazem carreata pelas ruas de Valadares pedindo flexibilização na onda roxa

Pela segunda vez na semana, comerciantes, lojistas e vendedores ambulantes, donos de restaurantes, donos de bares e salões de beleza se manifestaram pelas ruas do centro de Governador Valadares pedindo o fim da onda roxa e a reabertura das lojas e serviços considerados não essenciais. Já são mais de 20 dias de restrições pesadas, devido às determinações do governo do estado. Conforme os manifestantes, o objetivo foi chamar a atenção das autoridades, de que o comércio não é o principal culpado pelo colapso na rede hospitalar e que o setor precisa voltar a operar para manter a sobrevivência econômica dos estabelecimentos da cidade.

Essa é a segunda vez na semana em que grupos de diferentes setores da economia protestam contra as medidas da onda roxa em Valadares. Na segunda-feira (5), comerciantes e camelôs do Mercado Municipal se manifestaram em frente à Prefeitura.

Nesta quarta-feira, a concentração dos manifestantes foi na praça do Imigrante, próximo ao GV Shopping. Dali eles seguiram de carro e moto pelas ruas do Centro, representando uma “marcha fúnebre”. Em algumas faixas penduradas nos carros estava escrito: “Valadares não pode quebrar” ou “Queremos trabalhar”.

Um dos organizadores da carreata é o empresário Paulo Lopes, que diz não concordar com as restrições da onda roxa para a economia. Veja:

Segundo o lojista Aroldo Carlos, os estabelecimentos estão com o caixa completamente restrito e acumulando dívidas com bancos, proprietários de imóveis, fornecedores, além das contas de energia, IPTU e outros impostos que chegam mensalmente. “Não somos contra a onda roxa, mas a gente quer que seja feita da maneira certa. A quantidade de mortos não diminuiu com o fechamento do comércio. Estão punindo alguns e deixando outros locais abertos. Eu perdi meu irmão para a covid-19, mas preciso continuar trabalhando para sustentar minha família”, disse.

Maria Emília é proprietária de um restaurante no centro de Valadares. Ela foi convidada para participar da carreata e não recusou o convite. “Estamos passando por um processo de falência múltipla de todas as empresas de Valadares. Não vai demorar muito tempo para as pessoas começarem a passar fome por aqui”, adverte.

Dona de restaurante, Maria Emília teme que a situação da economia piore nos próximos dias (Foto: Eduardo Lima)

A empresária teme que a situação piore caso a onda roxa se estenda por mais uma semana. Segundo ela, as autoridades precisam fazer uma revisão das restrições. “Se a gente continuar nesse ritmo, as coisas vão piorar cada vez mais. Os órgãos competentes e o governo do estado precisam fazer uma avaliação mais reflexiva sobre o funcionamento do comércio. A solução, ao meu ver, é retomar todas as atividades econômicas com os cuidados de distanciamento, redução de pessoas no mesmo espaço, uso de máscara e álcool em gel. Não adianta fechar bares e restaurantes se as pessoas se aglomeram em outros locais do mesmo jeito”, reclamou Maria.

A manifestação terminou por volta das 17 horas, na rua Marechal Floriano.

Covid-19 em Valadares

Os números da covid-19 em Governador Valadares continuam em alta. A cidade contabiliza 20.930 casos confirmados, sendo que 19.378 pessoas estão curadas. Já são 807 óbitos. Além disso, são investigados 520 casos suspeitos, incluindo 95 mortos e 141 internados. Não há vagas de UTI para o tratamento da doença disponíveis nas redes pública e privada.

O que pode funcionar na onda roxa

  • Setor de alimentos (excluídos bares e restaurantes, que só podem atender via delivery);
  • Serviços de saúde (atendimento, indústrias, veterinárias etc.);
  • Bancos;
  • Transporte público (deslocamento para atividades essenciais);
  • Energia, gás, petróleo, combustíveis e derivados;
  • Manutenção de equipamentos e veículos;
  • Construção civil;
  • Indústrias (apenas da cadeia de atividades essenciais);
  • Lavanderias;
  • Serviços de TI, dados, imprensa e comunicação;
  • Serviços de interesse público (água, esgoto, funerário, correios etc.)

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