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Previsão de pico da Covid-19 em MG é incerta, afirma pesquisador

De acordo com projeções da Secretaria Estadual de Saúde, o pico da Covid-19 deveria ocorrer no Estado por volta do dia 15 de julho

A Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais apontou que o pico de contágio da Covid-19 no Estado deveria ocorrer por volta do dia 15 de julho. Para que isso se confirme, a partir desta quinta-feira (16), os números de novos casos e óbitos registrados em 24 horas deveriam começar a diminuir. Em tese, isso significaria que o Estado estaria saindo do pior momento da doença.

Entretanto, de acordo com o professor Rafael Ribeiro, que é pesquisador do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais e tem trabalhado com projeções de contágio da Covid-19 no Brasil, a previsão pode estar equivocada.

“Essa previsão [da Secretaria Estadual de Saúde] tem um alto grau de incerteza pelo seguinte sentido: a taxa de contágio em Minas Gerais está ascendente, ou seja, ela está crescendo, e fortemente, nas últimas semanas. Nós não estamos vendo aí com muita clareza nos dados uma desaceleração desse crescimento, ou mesmo uma queda”, afirma o pesquisador. Ele explica que para afirmar que chegamos, de fato, ao pico da doença, é preciso que as próximas semanas sejam de queda no número de casos novos e óbitos diários. “Vamos aguardar”, destaca Rafael.

Contágio em Minas Gerais começou mais tarde que em outros estados

pesquisador fala sobre covid em MG
Professor e pesquisador Rafael Ribeiro. Foto: arquivo da UFMG

Rafael Ribeiro também explica que as variações na curva de contágio dependem muito das medidas tomadas nos últimos 15 dias. Isso porque, de acordo com ele, os resultados da contaminação não são imediatamente perceptíveis. “Tudo depende muito das medidas de flexibilização adotadas pelos governos municipais e estaduais. Se nada mais mudar, o que nós vemos nos dados é isso. Agora, se você tem decretos que aumentam a flexibilização, ou que reduzem a flexibilização e aumentam o isolamento social, obviamente que o comportamento e a trajetória da curva pode mudar”, explica.

O pesquisador continua explicando: “O primeiro caso em Minas Gerais se deu no dia 8 de março, em Divinópolis, e foi depois de outros estados que começaram no final de fevereiro. Então Minas Gerais está um pouco mais atrasado na dinâmica da curva em relação a estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Amazonas e Ceará. A principal explicação pra isso é o fato de que a pandemia aqui começou depois desses outros estados, que já passaram por essa fase de crescimento”.  

Ganhos com restrições no início podem ser perdidos com flexibilização

De acordo com Rafael Ribeiro, existem diferentes fatores que podem explicar a contaminação tardia em Minas Gerais. Um deles é o menor fluxo de turistas e pessoas vindas do exterior. “Estados com São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas têm hubs de aeroportos (pontos de conexão), então eles receberam turistas que vieram da Europa com mais facilidade no início do ano. Como a gente tem um fluxo direto pra Europa e Estados Unidos muito menor, o contágio aqui começou mais tarde”.

Além disso, ele também destaca que as medidas restritivas no começo da pandemia foram decisivas para adiar a curva. “No início, o governo, principalmente da Prefeitura de BH, atuou de forma rápida nas medidas de contenção, o que ajudou bastante a atrasar a dinâmica da curva em Minas Gerais. Porém, com as medidas de flexibilização mais recentes, é provável que nós tenhamos perdido todos os ganhos que tivemos no início. Tanto que tivemos um altíssimo grau de ocupação de leitos de UTI no Estado”, destaca Rafael. 

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